Saúde e Bem-Estar

Larissa Roso, da Agência RBS

Veja se seu tipo de pele queima, bronzeia ou é sensível

Larissa Roso, da Agência RBS
15/01/2019 07:00
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Pele negras são mais resistentes ao sol, mas sofrem mais com melasmas. Foto: Bigstock

Quem se esquece da proteção solar acaba padecendo de seus dolorosos efeitos – imediatos e a longo prazo –, mas aqueles que costumam se cuidar precisam aprender as maneiras corretas. Em plena temporada de praia, piscina e exposição prolongada ao sol, é necessário reforçar a atenção com a pele. O verão é a estação mais exigente, mas muitas das práticas devem se manter o ano inteiro.
A pigmentação constitutiva da pele é herdada geneticamente e não sofre interferência da radiação, mantendo-se de forma constante. Já a cor facultativa, reversível, pode ser induzida – quando alguém toma banho de sol e se bronzeia, por exemplo. Dermatologistas costumam se basear na escala concebida pelo médico americano Thomas B. Fitzpatrick (1919–2003) para definir os principais fototipos. (veja abaixo)
De acordo com características como a capacidade de bronzeamento, a sensibilidade e a vermelhidão quando exposta, a pele foi classificada em grupos numerados de um a seis, partindo da mais branca e evoluindo até a negra. Segundo Ana Paula Manzoni, coordenadora do Núcleo de Cosmiatria e Laser da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, o fator de proteção solar (FPS) mínimo deve ser o 30.
Os produtos foram avaliados anonimamente pela entidade de proteção ao direito do consumidor. Foto: Bigstock.
Os produtos foram avaliados anonimamente pela entidade de proteção ao direito do consumidor. Foto: Bigstock.
“Disseminou-se a ideia de que FPS acima de 30 não aumenta a proteção solar. Não é bem assim. Pessoas que não tenham problemas de queimaduras, doenças de pele, manchas e lesões pré-câncer podem usar o protetor fator 30, repassando-o em até quatro horas. Se suarem muito ou tomarem banho (de mar ou piscina), o intervalo é menor. Dentro d’água, estima-se que a ação dos protetores resista cerca de 40 minutos.”

Mais pintas, mais perigo

O bronzeado é uma reação da pele na tentativa de se proteger do dano solar. Negros não estão completamente imunes a queimaduras, mas já dispõem de uma proteção natural representada pela maior presença de melanina, pigmento que torna a pele escura. Eles necessitam, também, de protetor – em geral, pode ser o de FPS 30, com frequência de aplicação igual às dos outros tipos de pele.
Indivíduos com tendência a queimaduras, câncer de pele, que tenham ou estejam tratando doenças cutâneas (erupções decorrentes da exposição ao sol, lúpus, lesões pré-câncer) precisam se resguardar mais, alerta a especialista. Sinais são um fator de risco: quanto mais pintas pelo corpo, maior deve ser a precaução.
Lesões benignas (manchinhas ou sinais) podem se transformar, ainda que grande parte dos melanomas (tipo mais grave de câncer de pele) já apareça como melanoma, em vez de evoluir a partir de um sinal pré-existente. Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Rio Grande do Sul (SBD-RS), Taciana Dal’Forno Dini informa que há estudos científicos que relatam que até 50% dos casos de melanoma podem se originar a partir de sinais. Entre os tumores de pele, o mais comum é o carcinoma basocelular, seguido do carcinoma epidermoide. Em geral, o câncer de pele é o tumor maligno mais frequente na população.

“Pessoas mais claras, de olhos claros e cabelo claro, geralmente têm mais sinais e precisam fazer uma revisão anual com um dermatologista. Quem tem história familiar de câncer de pele também”, recomenda Taciana. Ana Paula complementa: “A pessoa muito cheia de pintas tem que usar FPS mais alto, de 30 para cima.”

Cada indivíduo começa a somar os danos do sol desde o nascimento, ressalta Ana Paula. Ao longo da vida, a pele vai tendo contato com o sol. E não se está falando apenas do sol que se toma na praia ou no clube durante o veraneio, mas do sol do ano inteiro, que incide sobre nós diariamente e inclusive de forma indireta. Quando essa exposição atinge certo nível, e associada a fatores genéticos, algumas patologias podem começar a se manifestar, como manchas, lesões pré-câncer e câncer. Quanto mais você pegar sol, mais rapidamente atingirá o limite que seu corpo é capaz de suportar.
Para muita gente é difícil acreditar, então se torna preciso repetir sempre: deve-se aplicar protetor solar o ano inteiro, mesmo em dias de céu nublado, chuvosos ou frios. Ana Paula destaca que, atualmente, especialistas consideram maléfica inclusive a luz de computadores e telefones celulares, pelo excesso de tempo que passamos diante desses aparelhos. Até a iluminação proveniente de lâmpadas domésticas pode contribuir para a soma do dano cumulativo de cada um.

Não esqueça os acessórios

Não existe 100% de proteção, mas acessórios ajudam a diminuir o impacto nocivo da radiação. Preste atenção nas informações descritas nas etiquetas na hora da compra. Em relação a guarda-sóis e chapéus, quanto mais fechada for a trama da confecção, melhor. Bonés de tecido sintético são os mais indicados.
Para as roupas, prefira cores escuras – uma camiseta branca de algodão filtra apenas cerca de 20% dos raios ultravioleta. Há camisetas cujos tecidos já oferecem proteção, dispensando o protetor solar. Óculos escuros precisam ser de boa qualidade para não provocar danos à saúde ocular.E vale reforçar que se deve combinar mais de um elemento: sentar-se debaixo do guarda-sol sem protetor, à beira-mar, é um convite ao “torrão” porque a areia da praia reflete muito a radiação, atingindo em cheio quem acredita estar livre de riscos ali embaixo.

Como cada cor envelhece

Devido à maior concentração de melanina, a pele negra fica naturalmente mais protegida contra a radiação solar e envelhece menos do que a pele branca. Como as fibras colágenas e elásticas são mais preservadas, surgem menos rugas. “Quanto mais escura a pele, menor o envelhecimento. Quanto mais clarinha, mais precoces são as rugas”, diz a dermatologista Taciana Dal’Forno Dini, presidente da SBD-RS, ressalvando que fatores genéticos também podem interferir nesses processos.
Mas os negros também têm suas fragilidades, como destaca a dermatologista Katleen Conceição, especialista em pele negra e membro da Skin of Color Society (Sociedade da Pele de Cor, em tradução livre), com sede nos Estados Unidos. Também pela quantidade elevada de melanina, a pele escura mancha com mais facilidade.
Picadas de mosquitos, acne, foliculite e procedimentos de limpeza podem deixar marcas mais salientes. “O filtro solar deve ser utilizado todos os dias, sendo reaplicado de três em três horas. Chapéus, viseiras e roupas com filtro solar são importantes para a prevenção de câncer, do envelhecimento e também de melasma, que são manchas acastanhadas na face, principalmente”, observa Katleen.
As peles claras também estão sujeitas a melasma, que está entre as manchas mais comuns. Trata-se de uma alteração de pigmentação – os melanócitos de quem sofre com melasma produzem mais melanina, pigmentando a pele –, mais frequente em mulheres. Os locais mais suscetíveis são as regiões acima dos lábios e abaixo dos olhos, o nariz e a testa.
São marcas geralmente simétricas (iguais dos dois lados), com bordas geográficas (parecem mapas). Após a menopausa, é comum surgir o melasma extrafacial, que acomete o pescoço, o colo e os braços. “Não existe estar bronzeado e estar sem melasma. O melasma pigmenta com a luz visível, não só com o sol. Se estamos acordados, estamos pigmentando o melasma se estivermos desprotegidos”, explana Taciana.

Não se pode ficar sem filtro em nenhum momento do dia. Se estou na sala vendo TV com a janela aberta, estou pegando sol. Quando a pessoa está com luz batendo no rosto, tem que estar com filtro solar. Uma das primeiras tarefas, ao acordar, deve ser passar o filtro específico para o rosto, o ano inteiro.

A médica acrescenta que a luz visível não é barrada por filtro solar comum, mas, sim, por filtro físico ou mineral, aqueles bem brancos ou com cor. Aplicação de cremes com ácidos, peelings (superficiais) e microagulhamento são medidas para tratamento do melasma. No verão, pacientes costumam se submeter a uma terapia de manutenção, com cremes clareadores mais suaves. Antioxidantes por via oral podem ser benéficos. O uso de chapéu de abas largas e óculos escuros grandes é recomendado. Deve-se evitar que o sol incida diretamente no rosto.

Fototipos de pele

A escala Fitzpatrick, criada na década de 1970 pelo médico americano Thomas B. Fitzpatrick (1919–2003), classifica de um a seis os fototipos de pele, especificando suas principais características:
– Pele branca: sempre queima, nunca bronzeia, muito sensível ao sol.
– Pele branca: sempre queima, bronzeia muito pouco, sensível ao sol.
– Pele morena clara: queima moderadamente, bronzeia moderadamente, sensibilidade normal ao sol.
– Pele morena moderada: queima pouco, sempre bronzeia, sensibilidade normal ao sol.
– Pele morena escura: queima raramente, sempre bronzeia, pouco sensível ao sol.
– Pele negra: nunca queima, totalmente pigmentada, mais resistente ao sol.

Proteja-se

Acessórios como o chapéu ajudam a proteger do sol. Foto: Bigstock
Acessórios como o chapéu ajudam a proteger do sol. Foto: Bigstock
– O fator de proteção solar (FPS) mínimo a ser utilizado é o 30. Repasse o produto em intervalos de até quatro horas. Se você suar muito ou tomar banho de mar ou piscina, o intervalo para reaplicação é menor. Dentro d’água, estima-se que a ação dos protetores seja de no máximo 40 minutos.
– Além do rosto, regiões que passam mais tempo descobertas, como o colo e as mãos, precisam de atenção ininterrupta, o ano inteiro. Não esqueça do protetor solar.
– Se você optar por uma camiseta de boa qualidade com fator de proteção contra os raios ultravioleta, não é necessário aplicar protetor nas áreas cobertas pelo tecido.
– Para quem dirige muito, há luvas que encobrem mãos e braços. São uma boa alternativa para os que não gostam de cremes e loções.
– Aplique protetor solar em crianças, com fórmula específica infantil, apenas a partir dos seis meses. Até essa idade, deve-se preferir a proteção física, com roupas, chapéu e guarda-sol, observando sempre os horários mais adequados (antes das 10h e após as 16h) e evitando exageros.
– Não se esqueça do couro cabeludo. Existem alguns protetores em spray que são recomendados também para o couro cabeludo. Loções podem ser uma opção. O cabelo é um fator de proteção natural para a cabeça – pessoas com pouco ou nenhum cabelo, portanto, precisam redobrar os cuidados.
– Se a criança fica tirando o chapéu ou o boné, prefira passar o protetor solar em spray no couro cabeludo.
Fonte: Ana Paula Manzoni, dermatologista e coordenadora do Núcleo de Cosmiatria e Laser da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
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