Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Novo medicamento leva esperança de cura para diabéticos

Amanda Milléo
26/04/2018 12:00
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O Spike, criado para o manejo dos níveis de açúcar no sangue em diabéticos do tipo 1, que precisam usar insulina diariamente, deixou de funcionar no dia 4 de abril. A situação tem atrapalhado a vida de famílias com crianças diabéticas e causado comoção em grupos de pacientes no Facebook. Foto: Bigstock

Pesquisadores espanhóis descobriram um novo fármaco capaz de modificar a função das células pancreáticas e, enfim, trazer a cura da diabetes tipo 1. Nos diabéticos, as células beta, cuja função é produzir o hormônio insulina, diminuem consideravelmente ou chegam até a faltar por completo. A ausência da insulina faz com que os níveis de açúcar no sangue aumentem, trazendo o sinal mais conhecido da diabetes.
O estudo, divulgado no fim de abril pela revista científica Nature Communications, mostrou que é possível, a partir do uso de uma substância nova chamada de BL001, fazer com que as células alfa (também presentes no pâncreas) se transformem em beta.
Esse processo, chamado de transdiferenciação celular, era conhecido, mas não havia um composto sintetizado capaz de fazer dar certo, conforme explica Rosângela Réa, médica endocrinologista do hospital Pequeno Príncipe e do serviço de endocrinologista do Hospital das Clínicas, da Universidade Federal do Paraná (SEMPR/UFPR).
Além de transformar uma célula na outra, e garantir a produção da insulina, o mesmo fármaco também consegue proteger as células beta restantes, antes que sejam destruídas pelo sistema imunológico, já que a diabetes se trata de uma doença autoimune. 

Otimismo entre a classe médica

Em meio a tantas promessas envolvendo a doença, o novo estudo é visto com bons olhos pelos médicos endocrinologistas, que esperam ansiosos pela comprovação da eficácia em humanos. Por enquanto, a substância foi testada em ratos e em tecidos pancreáticos doados por parentes de diabéticos falecidos, e pode levar anos até um medicamento efetivo chegar ao público.
“É algo totalmente novo, e não é bobagem. É uma grande novidade, mas que ainda tem alguns passos a serem investigados antes que se chegue ao público. Entre a ideia e ela poder ser usada, é preciso verificar a toxicidade desse composto, se ele não criará muitas células beta, até mais do que o necessário, entre outros detalhes”, explica a médica especialista.
Pela falta de estudos específicos com a substância em humanos, os especialistas ainda não sabem também se o paciente precisará fazer uso do medicamento continuamente, ou se apenas uma dose será necessária – e nem qual será o meio de administração, por injeção ou comprimidos.

Diabetes tipo 1 surgem entre crianças e adolescentes

A esperança de uma cura traz uma boa notícia especialmente às crianças e adolescentes – público em que a diabetes tipo 1 é mais comumente diagnosticada. Doença autoimune, a patologia surge quando as células de defesa do próprio organismo não reconhecem as células beta, do pâncreas, como “amigas” e as atacam.
Como as células beta são as únicas capazes de produzir a insulina, o hormônio deixa de ser produzido, ou em escala bem reduzida, afetando a absorção do açúcar na corrente sanguínea, ou a glicemia.
Isso leva ao aumento nas taxas de glicemia, desencadeando outros problemas importantes de saúde, levando inclusive – em casos de diabéticos com a doença descompensada – a uma cegueira precoce, pela retinopatia diabética.
Hoje, o tratamento mais usado para a diabetes tipo 1 é a aplicação da insulina, em forma de injeção, diariamente, além de medicamentos quando necessário.
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