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Curitiba deixa de ser a capital brasileira dos fumantes após dois anos

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22/07/2019 20:41
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Em números absolutos, a queda de um ano para outro seria de mais de 60 mil fumantes em Curitiba. Foto: Bigstock.

Passados dois anos consecutivos (2016 e 2017) em que ficou com a pecha de ser a capital brasileira com o maior número porcentual de tabagistas, Curitiba agora vai para a terceira posição desse ranking nada saudável.

Os dados são do Vigitel 2018, pesquisa anual realizada pelo Ministério da Saúde, que mostra que, agora, Porto Alegre tem 14,4% da população fumante, seguida de São Paulo, com  12,5% de fumantes e da capital paranaense, com 11,4% de fumantes. As informações são da Secretaria Municipal de Comunicação Social da Prefeitura de Curitiba.

Em números absolutos, a queda de um ano para outro seria de mais de 60 mil fumantes no município, já que em 2017, de acordo com o estudo, 15,6% da população curitibana era fumante. O levantamento é feito desde 2006.
Os avanços são frutos do trabalho  realizado pelas unidades de saúde com o Programa de Controle do Tabagismo, diz a secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak. Segundo ela, foi investido na intensificação de abordagens e oferta de tratamento e grupos nas unidades de saúde, por meio do Programa de Controle do Tabagismo.

Doenças do cigarro

Quando uma pessoa fuma um cigarro, está flertando com cerca de 50 doenças diferentes, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Considerando-se somente o câncer, são 12 tipos diferentes causados pelo tabagismo e, embora o de pulmão seja o mais comum, outros órgãos e sistemas do corpo podem ser afetados, inclusive a bexiga.

Embora não seja muito divulgado, o câncer na bexiga é um dos dez tipos de câncer mais frequentes na população, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cancerologia. “Muitas substâncias tóxicas são absorvidas pela corrente sanguínea e também eliminadas por ela. Como a urina é armazenada na bexiga, essas substâncias podem causar alterações crônicas no órgão, inclusive o câncer.” A explicação é do oncologista e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) André Sasse. Ele afirma que a incidência de câncer de bexiga é cinco vezes maior em pacientes que fumam.
Um dos principais sintomas pode ser, também, o responsável pela taxa de mais de 90% de cura: sangramento na urina. Sasse avalia que expelir sangue ao urinar assusta muitos pacientes, o que possibilita um diagnóstico precoce. Quadros de dor acompanhando o sangramento são menos frequentes, mas também podem ocorrer.

Esse tipo de câncer é mais frequente em homens que em mulheres. Segundo o Inca, das 3.642 pessoas que morreram pela doença em 2013 em todo o Brasil, 2.542 eram homens. “Geralmente são homens que fumam desde a infância. A doença aparece por volta dos 60, 70 anos de idade. Isso quer dizer que essas pessoas tiveram uma exposição intensa e por muito tempo ao cigarro”, diz o oncologista.

O especialista ainda destaca que, em muitos casos, o paciente já parou de fumar quando desenvolve o câncer na bexiga. “O cigarro é prejudicial desde o começo. Mesmo pessoas que conseguiram interromper o tabagismo ainda carregam lesões no corpo que serão carregadas pelo resto da vida.”
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