Saúde e Bem-Estar

Carolina WB

“Minha cliente precisava de um médico e deu tempo de alertá-la”, diz depiladora

Carolina WB
29/09/2017 08:00
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O projeto quer capacitar as depiladoras para que, por meio de sua intimidade com as clientes, possam orientá-las sobre DSTs e violência doméstica. Foto: BigStock

Julia Jagnycz já trabalhava com depilação há 25 anos quando decidiu participar do projeto “Depiladora Amiga”, desenvolvido pela Universidade Positivo, em Curitiba. Ela confessa que achou que não aprenderia nada que já não soubesse por “experiência pessoal”. Mesmo assim, decidiu fazer o curso que a ajudaria a alertar suas clientes sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST) e violência doméstica.
“Eu nunca prestava atenção se a pessoa tinha um problema na pele, algo que poderia se tornar grave ou não. Depois do curso, aprendi a detectar  o problema e tive que alertar uma cliente que seria bom ir ao médico, que não custava dar uma olhada e ouvir a opinião de um profissional”, comenta.
Ela conta que a cliente em questão veio agradecer pela orientação posteriormente. De acordo com o médico consultado, o problema detectado por Julia era, de fato, uma doença que, se não tratada corretamente, poderia evoluir para algo mais sério.
Capacitar depiladoras para esse tipo de orientação é o objetivo do projeto criado há dois anos. Segundo Andressa Gulin, médica idealizadora e coordenadora do “Depiladora Amiga”, um estudo ainda não publicado mostra que, nas regiões de Curitiba onde o projeto acontece, há uma tendência significativa de aumento no número de exames preventivos.
“Como a brasileira costuma fazer uma depilação com exposição da área genital com uma frequência maior do que a que ela vai ao médico, pensamos que as depiladoras poderiam visualizar lesões que deveriam ser encaminhadas para investigação dos serviços de saúde”, explica a médica.
Violência doméstica
Ela opina que as depiladoras também têm uma maior facilidade para abordar assuntos de caráter pessoal, como a violência doméstica. Por isso o curso também capacita as profissionais para que elas saibam abordar mulheres que parecem estar sofrendo esse tipo de abuso.
Levar as informações de saúde e segurança pessoal para um ambiente que as mulheres já conhecem é uma forma de facilitar a prevenção de problemas que podem ser graves. E tem funcionado.
Em 2017 o curso chega à sua quarta edição e, além da capacitação para identificação de doenças e sinais de violência, vai abordar a orientação de adolescentes e gestantes. “Depiladoras provavelmente são as primeiras adultas com quem as adolescentes têm contato quando estão iniciando sua vida sexual. Então, talvez elas sejam as primeiras que podem orientar um pouco melhor essas meninas sobre a importância de procurar um profissional para debater o assunto”, avalia Andressa. O mesmo princípio funciona para assuntos relativos à gravidez, daí a ideia de trazer o tema para o projeto.
O Depiladora Amiga tem o apoio da Secretaria de Saúde de Curitiba. Para Raquel Cubas, assessora da secretaria, trata-se de “um projeto inovador que pode ter grande capilaridade. O momento da depilação é de muita intimidade, então é ideal para que seja mais uma estratégia para buscar o público feminino”. Ela afirma que, se bem orientada, atenta e sensibilizada, a depiladora pode, sim, identificar alterações e orientar as mulheres para que busquem os serviços de saúde.
Serviço
As depiladoras interessadas em participar do projeto devem se inscrever no site do Depiladora Amiga. O
Data: 02/10/2017
Local: Praça General Osório, 125 – Centro
As vagas são limitadas e o único investimento é um pacote de absorventes que será doado a uma instituição que ajuda mulheres em situação de risco.