Saúde e Bem-Estar

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo

“Depressão pós-prato” existe, principalmente após exageros

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo
11/06/2019 12:00
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Para evitar esse tipo de desconforto, é necessário se preparar bem para as refeições, evitar grandes volumes e quantidades exageradas de gordura. Foto: Bigstock.

Quase todas as pessoas já passaram por isso: aquela tristeza após terminar uma refeição, sonolência, apatia e vontade de não fazer mais nada – a não ser se deitar em um confortável sofá.

Essa sensação é normal e está associada ao aumento do fluxo sanguíneo no sistema digestivo. “O corpo privilegia a digestão, a absorção e o metabolismo dos alimentos”, explica o nutrólogo do Hospital Pilar, Gustavo Soares.

“É uma sensação fisiológica que traz um custo energético para o organismo – se aumenta o fluxo sanguíneo no intestino, significa que outras partes do corpo serão afetadas com a diminuição deste fluxo, inclusive o cérebro. Por isso é difícil ter um excelente desempenho intelectual após uma grande refeição”, completa o nutrólogo.

Alguns alimentos podem favorecer essa sensação mais deprê, como é o caso do aminoácido triptofano, contido nas proteínas da carne e do leite, “ele é precursor da serotonina e melatonina, dois neurotransmissores e hormônios cerebrais que estão relacionados ao humor e ao sono”, explica o nutrólogo.
Marinadas: mais sabor, menos sal. Foto: Pixabay
Marinadas: mais sabor, menos sal. Foto: Pixabay
Ainda, uma farta refeição induz um processo digestivo mais longo, uma vez que o estômago levará mais tempo para se esvaziar, aumentando a sonolência. A nutricionista do Hospital Santa Cruz, Jennifer Partika, comenta também sobre alimentos com alta concentração de glicose e lipídios, que devem ser evitados para controlar o cansaço após as refeições, “isso não quer dizer que você não pode comer carboidratos e gordura, mas quanto mais colorida e natural for a sua alimentação, mais disposição você terá. Uma dieta balanceada é a chave para melhorar o humor e a disposição durante o dia”, explica.

Como evitar a “depressão pós-prato”

Uma relação saudável com os alimentos é a chave do sucesso – “para evitar esse tipo de desconforto, é necessário se preparar bem para as refeições, evitar grandes volumes e quantidades exageradas de gordura, comer, mastigar e engolir com calma e, ainda, não consumir muitos líquidos durante a refeição”, aconselha o nutrólogo Gustavo. “A digestão fica mais tranquila e prazerosa e, após a refeição, você estará mais disposto para outras atividades”, completa.
Tomar o famoso cafezinho após o almoço também pode ajudar – além de ser estimulante, ativa a produção da enzima pepsina pelo estômago, “a pepsina colabora para a digestão das proteínas”, esclarece Gustavo.

“No entanto, cuidado na quantidade para não prejudicar a absorção de nutrientes fundamentais, como o ferro”, alerta a nutricionista. Ingerir alimentos que ajudam no processo da digestão, como abacaxi, mamão e gengibre, é outra dica de Jennifer.

Para ficar atento

Essa depressão após o almoço, associada à sonolência, é normal. Mas é preciso ficar atento aos casos de tristeza ao terminar a refeição, especialmente se essa tristeza tiver relação com a culpa por ter comido em excesso ou ingerido algum alimento mais gorduroso ou doce.
“Essa tristeza pode estar relacionada ao desequilíbrio emocional de pessoas que comem compulsivamente e terminam uma refeição tristes por conta de uma alimentação errada, indicando maus hábitos de comportamento alimentar”, alerta o nutrólogo. Nestes casos, o recomendado é procurar a ajuda de especialistas.
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