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Incluir mais fontes de proteínas é fundamental na recuperação de peso e da saúde do idoso (Foto: Bigstock)
Incluir mais fontes de proteínas é fundamental na recuperação de peso e da saúde do idoso (Foto: Bigstock)| Foto:

Coloque-se no lugar do seu avô, pai ou qualquer outro familiar internado no hospital. A rotina de exames, que exigem longos períodos em jejum, o desconforto da doença ou condição que o levou até ali e a falta de um ambiente familiar fazem com que a pessoa sinta cada vez menos fome, levando à desnutrição. Cerca de 48% dos adultos saem da internação desnutridos – condição que atinge 69% dos idosos, de acordo com informações do estudo BRAINS (Investigação brasileira do estado nutricional de pacientes hospitalizados), pesquisa inédita da Nestlé Health Science.

Para recuperar o peso e a saúde pós-hospitalar, um idoso pode demorar até seis meses, visto que além da gordura corporal, a pessoa mais velha perde mais facilmente músculo e massa magra. “O apetite dos idosos volta aos poucos, e tem o agravante que idoso não come tanta carne, perdendo parte importante da sua fonte de proteínas”, alerta Mônica Meale, nutricionista, especialista em terapia nutricional, gerente de negócios de Medical Nutrition da divisão de Health Sciences e responsável pelo estudo conduzido pela Nestlé.

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O Viver Bem conversou com a Mônica Meale e separou algumas dicas para melhorar a alimentação do idoso depois da internação, a fim de recuperar o peso e o apetite do familiar. Confira!

Qual é a principal preocupação que a família deve ter com as refeições do idoso, depois de sair do hospital?

É importante que o familiar peça orientação, ainda no hospital, para as necessidades daquele paciente. Mas, um dos nutrientes mais importantes para o idoso é a proteína, que é pouco ingerida na terceira idade. Às vezes o idoso não mastiga muito bem e não aceita a carne tão bem quanto antes, mas é possível adicionar um suplemento no suco, na sopa, no leite, para manter o aporte proteico. As proteínas vão ajudar o idoso a evitar a fraqueza muscular, especialmente se misturar a uma atividade física.

Que tipo de atividade física pode ser mais indicado ao idoso que saiu do hospital?

Quando o paciente está muito desnutrido, a proteína que ele ingerir a mais não vai virar gordura, porque vai primeiro aos órgãos. Porém, para ganhar músculo mais rapidamente, é mais fácil associar a um exercício físico. Um colega nutrólogo teve a ideia de colocar um pedalinho na cama do paciente que não podia levantar, para acelerar a formação de massa magra. O idoso mais debilitado não precisa ir para uma academia, basta que ele ande mais pela casa, faça exercícios de abertura de perna, pois o peso do próprio corpo ajuda na recuperação dos músculos. Encostar a mão na parede e empurrar é um exercício de baixa intensidade para nós, mas que traz resultados positivos ao idoso.

Pessoas idosas tendem a ser mais apegadas aos costumes, inclusive na alimentação. Como incentivar o idoso a comer alimentos diferentes, com o aporte que ele precisa?

Às vezes é difícil, dependendo do cardápio que o idoso gosta. Minha mãe, por exemplo, não toma leite. Não adianta forçar para ela tomar leite. Então, eu uso suplementos sem sabor de proteína para ela, que podem ser postos na sopa, no suco, na água de coco. Com a orientação de nutricionistas, dá para adaptar o cardápio que o idoso goste, com o aporte de vitaminas e proteínas necessário.

O que mais influencia, dentro do hospital, para a desnutrição do idoso?

Pode ser que o paciente tenha uma doença mais catabólica, como um câncer que, dependendo do tempo e do tipo, faz a pessoa perder bastante peso e rápido, antes de ser diagnosticado e antes que comece o tratamento. Quando esse paciente é internado, ele entra mais debilitado e quanto maior o tempo que ele passa internado, mais ele se desnutre. Outra causa comum de desnutrição é próprio tratamento. Há quimioterápicos que são agressivos, e levam a uma desnutrição.

E os exames feitos no hospital? Eles podem contribuir com a desnutrição?

Existem exames que exigem que o paciente esteja em jejum por seis, 12 horas, como uma endoscopia ou colonoscopia. Além do jejum, é preciso ingerir alguns medicamentos que levam a uma diarreia, contribuindo com a desnutrição. Exame de sangue, quando volta alterado, precisa ser repetido, aumentando o tempo em jejum do paciente. O exame, sozinho, não provoca a desnutrição, mas vários e seguidos – como é comum em um ambiente hospitalar – pode prejudicar.

E o ambiente hospitalar?

O ambiente influencia também. Há hospitais que trabalham com a tentativa de humanização, melhorando as opções do cardápio, tornando mais gourmet, mas é natural que os pacientes não tenham o melhor apetite. O quarto do hospital não é a casa do idoso, a comida não é a mesma e até a rotina de retirada das bandejas, de troca das refeições, pode contribuir com esse apetite. Ninguém sente fome na hora do almoço se a bandeja com o café da manhã ainda estiver ali. Além disso, no hospital o paciente não recupera o peso, não pode esperar esse objetivo de recuperação ali. Por isso é tão importante que a família receba as orientações nutricionais na alta do paciente.

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