Saúde e Bem-Estar

Flávia Schiochet

Chulé e suor: dá para evitar o cheiro desagradável com medidas simples

Flávia Schiochet
25/07/2018 07:00
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(Foto: Bigstock)

Transpirar é normal: no calor, o corpo produz suor para refrescar e regular sua temperatura. Mas quando esse suor vem acompanhado de um odor desagradável, como chulé e cecê, é um aviso de que há algo errado nos pés e axilas.
O mau cheiro nesses casos é o sintoma de uma condição chamada bromidrose, em que algumas bactérias presentes na região produzem o mau cheiro a partir do suor. “Suor naturalmente é inodoro, mas quando entra em contato com essas bactérias, elas produzem um cheiro desagradável. E o ambiente úmido, escuro e quente, como axilas e os pés, é o ideal para sua proliferação”, explica a dermatologista Luciana Faucz.
Para diminuir o cheiro de chulé e cecê é preciso mudar esse ambiente. O principal é controlar o suor. “Para as axilas, é recomendado procurar o antitranspirante e desodorante. O antitranspirante reduz o suor e com isso, reduz a chances do odor, enquanto o desodorante ajuda a neutralizar o mau cheiro”, indica Tatiana Gabbi, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
“Nos pés, a presença de queratina úmida deixa um cheiro característico, descrito como ninho de rato. Se a pessoa suar muito nos pés já fica com cheiro e fica ainda mais complicado se há bactérias que se alimentem desse suor”, diz Tatiana.
Dicas para diminuir o chulé
  • Evite usar o mesmo sapato dias seguidos e deixe o par usado em local arejado e iluminado antes de guardá-lo
  • Sempre que possível, deixar os pés arejados, usando chinelo em casa, por exemplo
  • Para pés que transpiram demais, o melhor é usar meias de algodão, que absorvem o suor
  • O uso de sabonetes bactericidas nos pés ajuda a eliminar as colônias de bactérias mais recentes, sem eliminar a biota saudável da pele
  • Secar bem os pés após o banho, inclusive entre os dedos. “Para alguns pacientes, falamos para secar o pé usando o secador de cabelo no modo ar frio para garantir que fique seco”, indica Luciana.
  • Antes de calçar os sapatos, usar um antitranspirante em spray nos pés, que formam um “tampão” no ducto da glândula e evita o suor
Dicas para diminuir o cecê
  • O uso de sabonetes bactericidas nas axilas ajuda a eliminar as colônias de bactérias mais recentes, sem eliminar a biota saudável da pele
  • Se o paciente tem bromidrose, a presença de pelos nas axilas pode dificultar a higiene durante o banho e a aplicação de desodorantes e antitranspirantes. Recomenda-se manter o pelo o mais curto possível ou depilar
  • Manter a área seca e limpa e aplicar desodorante e antitranspirante
  • Prefira usar tecidos de fibras naturais, que absorvam o suor e permitam que a pele respire. Tecidos sintéticos abafam a região e facilitam a proliferação de bactérias
Soluções drásticas
Tanto na bromidrose axilar quanto na plantar, se os produtos de higiene não funcionarem, há duas opções. A temporária é a aplicação da toxina botulínica (o botox) nos canais das glândulas, que interrompe o fluxo do suor. A solução dura de seis a oito meses.
Em casos mais graves, é possível para remover as glândulas que produzem o suor, a mesma cirurgia feita para quem tem hiperidrose (suor excessivo). “Hiperidrose e bromidrose não são situações associadas, mas se ocorrem juntas, a hiperidrose pode piorar o quadro de bromidrose por produzir mais suor para o ambiente com as bactérias”, explica Luciana. Se o paciente apresenta os dois, a recomendação é tratar a hiperidrose. “Porém pode aumentar o suor em outras partes do corpo”, explica Luciana.
Chulé e cecê na adolescência
A bromidrose pode começar com a puberdade, quando os hormônios e a atividade de glândulas se torna mais intensa e o adolescente começa a ter pelos. “É um período em que aumenta a secreção e a produção de sebo se modifica.
Essas secreções e sebo atraem bactérias que as consomem e o subproduto desse processo tem odor desagradável”, explica Tatiana. A tendência é que o volume de produção de secreções e sebo diminua na vida adulta, mas não cesse. “Quando essa produção diminui, as bactérias somem porque o ambiente não é mais interessante para elas”, afirma Tatiana.
São dois os tipos de glândulas presentes no corpo humano. As écrinas produzem um suor composto de sal e água e estão em atividade por todo o corpo em todas as fases da vida.
As outras são as apócrinas, que se concentram em áreas como axila e virilha e entram em atividade a partir da puberdade. As apócrinas estão ligadas aos folículos pilosos (que produzem os pelos) e produzem um suor com ácidos graxos e proteínas, que são metabolizados pelas bactérias. É este o tipo de suor que pode causar mau cheiro.
Mudar de desodorante pode “criar” o cheiro de cecê?
Mudar o desodorante não faz “surgir” o mau cheiro. As bactérias presentes nas axilas estão acostumadas com as características do ambiente. Quando se muda o desodorante, muda-se também o ambiente em que as bactérias estão e como vão se proliferar ou diminuir. “O desodorante muda o ambiente axilar e a flora da axila. Não há como dizer se ao mudar o desodorante é necessário um tempo de adaptação, porque é muito particular. Tem que testar mesmo”, explica Luciana.
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