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Disney anunciou que proibirá cigarros de todos os tipos nos parques a partir de maio (Foto: Divulgação)
Disney anunciou que proibirá cigarros de todos os tipos nos parques a partir de maio (Foto: Divulgação)| Foto: AFP

Fumantes não poderão mais acender e fumar cigarros, nem mesmo os eletrônicos, dentro dos parques da Disney nos Estados Unidos. A medida, anunciada pelo site oficial no fim de março, passará a valer a partir do dia 1º de maio de 2019. Até então, existiam áreas específicas para os fumantes dentro dos parques, que serão desmontadas.

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Todos os parques temáticos da Disneyland, Walt Disney World, parques aquáticos, Complexo da ESPN Wide World of Sports e Downtown Disney District, localizado na Califórnia, entrarão nas novas regras. O parque da Disney na França, no entanto, continua com as áreas para fumantes. Nos Estados Unidos, os visitantes que forem fumantes terão de se deslocar para fora dos parques, onde estarão designadas novas áreas, próximas à entrada.

A medida foi comemorada pelos visitantes, conforme é possível ver pelos comentários na postagem realizada no site oficial:

“Obrigada pela regra de não fumar dentro do parque. O cheiro das áreas dos fumantes era horrível. Absolutamente não condizente com o parque temático”, comentou Margaret.

“Eu voltei de uma viagem ao Disney World no começo do mês e eu preciso dizer: eu sai com mais cheiro de fumaça de cigarro do que nunca na vida. Eu estou MUITO feliz que os cigarros foram banidos! Era muito ruim na Torre do Terror (meu passeio favorito), Big Thunder Mountain, a nova entrada para o Galaxy Edge, e Test Track. Estou planejando uma nova viagem à Disneylândia (se eu encontrar um quarto!) e estou MUITO feliz que não vou precisar respirar fumaça. Muito, muito, muito obrigada!!!”, disse Alyssa.

E criticada por outros:

“Eu adoraria dizer obrigada à Disney por banir nós, fumantes. Agora eu posso salvar dinheiro, visto que da última vez nós gastamos 10 mil dólares no último ano, e eu já fui à Disney 19 vezes. Agora é a hora de férias melhores”, disse Tammi.

“Olha quem estará cancelando sua viagem já que os fumantes não são mais bem-vindos”, disse Patches.

Cigarro é sempre nocivo

Quem fuma já sabe: há dezenas de doenças que estão comprovadamente relacionadas ao uso do cigarro. Câncer de pulmão é a mais conhecida e lembrada (o risco entre fumantes aumenta em 30 vezes), mas os fumantes também têm um risco maior de terem câncer de cabeça e pescoço, da bexiga, além do desenvolvimento de doenças respiratórias e cardiovasculares, com o comprometimento de veias e artérias, aumentando as chances de infartos e AVC’s.

Outro grande problema está no fato de que tais doenças não se restringem apenas a quem escolhe fumar, mas também atingem os fumantes passivos — crianças, em especial.

Cigarros: risco 30 vezes maior para câncer de pulmão, além de danos à saúde dos fumantes passivos (Foto: Bigstock)
Cigarros: risco 30 vezes maior para câncer de pulmão, além de danos à saúde dos fumantes passivos (Foto: Bigstock)

“O tabagista, quando fuma, contamina o ambiente com o cigarro. Por isso há os danos do fumante de segunda mão e de terceira mão. Na Disney, além da irritação das vias aéreas pela fumaça, os brinquedos podem ficar contaminados. Uma vez em contato com a criança, se ela levar à boca, as substâncias vão para a circulação sanguínea”, explica Jonathas Reichert, médico pneumologista da Comissão Científica de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e da Associação Médica Brasileira.

Reichert explica que, embora pareça exagero da parte dos médicos, o contato dos fumantes passivos com as substância dos cigarro e os efeitos colaterais dependem da sensibilidade de cada pessoa — podendo, sim, levar a danos permanentes e graves à saúde.

“Existe um caso de uma menina que nasceu com alterações importantes por causa do fumo da mãe. Quando a neta nasceu, ela também tinha alterações decorrentes do fumo da avó. Foi possível provar que o cigarro era capaz de acelerar ou piorar doenças pré-existentes, ou estimular o aparecimento de novas doenças, mesmo na terceira geração”, reforça Reichert. 

Embora os turistas sejam os primeiros a serem lembrados com a medida de proibir os cigarros dentro dos parques, os funcionários também são beneficiados, conforme lembra o especialista. “Os funcionários estão ali todos os dias, e acabam tendo doenças como enfisema pulmonar, a piora de uma alergia, sinusite, crises de asma também podem ser desencadeadas”, explica.

Limite de acesso é fundamental

Excluir espaços onde é permitido o fumo pode parecer exagero, mas a medida se mostrou importante para a redução no número de tabagistas, conforme explica Mariana Laloni, médica oncologista clínica do Centro Paulista de Oncologia (CPO) e coordenadora médica do departamento de Oncologia do hospital 9 de Julho, em São Paulo.

“São medidas como essa [da Disney] que ajudam a educar a população em relação ao risco do tabagismo. O Brasil está na frente de várias nações desenvolvidas quando ele progressivamente foi restringindo os espaços onde era permitido fumar. Por isso que a discussão da redução do imposto no cigarro não funciona. A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica já se posicionou contra. No momento em que o cigarro ficar mais barato, facilita o acesso”, reforça a médica.

O cigarro eletrônico, apesar da falta de estudos de longo prazo que ainda não puderam ser desenvolvidos, não tem boa fama entre os especialistas. “Hoje já sabemos que esses cigarros eletrônicos, apesar de ter um número menor de componentes químicos, aumentam o risco em desenvolver câncer também”, diz Laloni.

A especialista destaca ainda a importância de repensar as campanhas para adolescentes e jovens não entrarem na moda do cigarro. “As campanhas que antes tiveram um impacto, como as fotografias nas embalagens, hoje não têm o mesmo poder, porque as crianças nasceram vendo essas fotos. É preciso repensá-las, porque o risco continua: câncer de pulmão é a segunda causa de morte por câncer em homens e mulheres no país”, explica a oncologista clínica.

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