Saúde e Bem-Estar

Priscila Bueno, especial para a Gazeta do Povo

Fique de olho nas dores abdominais: diverticulite é a síndrome da vida moderna

Priscila Bueno, especial para a Gazeta do Povo
16/11/2017 06:00
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Um dos principais sinais da diverticulite é o sintoma de dor no lado direito do abdome (Foto: Bigstock)

A diverticulite, que causa dores abdominais e, em casos mais graves, pode levar à necessidade de cirurgia, é uma doença que tem ficado mais comum ao longo dos anos. O motivo? A vida mais corrida que levamos.
A incidência tem aumentado rapidamente, de 5% da população ocidental, em 1950, para 50% em 1980 e 60% na década de 1990, segundo dados do artigo Latest diagnosis and management of diverticulitis publicado pelo British Journal of Medical Practitioners.
Hábitos alimentares nada saudáveis e a correria que impede de evacuar quando o corpo pede são alguns dos principais motivos desse aumento no número da doença: os divertículos são alterações benignas do intestino, como pequenas bolsas.
Elas começam a se manifestar a partir dos 40 anos e com mais frequência depois dos 60, sendo uma característica do envelhecimento do órgão. Das pessoas que têm divertículos, 20% terão diverticulite e destas, um quinto terá a chamada diverticulite complicada.
A causa da diverticulite é incerta. Mas, a partir do momento que se tem, é possível prevenir um novo episódio. A prevenção envolve aquela dupla bem conhecida de quem sofre com o intestino preso: fibras e muito líquido.
Sintomas e tratamento
O principal sintoma da diverticulite é uma dor abdominal súbita do lado esquerdo – na chamada fossa ilíaca. Pode haver febre também. A dor não precisa ser necessariamente forte. Nessas horas é importante procurar um pronto atendimento.
A tomografia computadorizada é considerada o melhor exame para fechar o diagnóstico, uma vez que, além de confirmar a doença, ela a classifica em não complicada e complicada.
Tipos
Não complicada
No caso da diverticulite não complicada, o tratamento é repouso e antibiótico, sem necessidade de internamento. Também é indicada uma alimentação mais leve para evitar a constipação.
Complicada
Se a diverticulite for complicada, o tratamento é menos conservador. Nas situações mais simples, quando há uma perfuração, mas ela é localizada, o paciente fica internado, em observação, e o antibiótico é intravenoso. Também é possível adotar procedimentos minimamente invasivos, como punção ou cirurgia laparoscópica (através de pequenos furos).
Complicada e agravada
No caso de uma diverticulite complicada e agravada, a cirurgia tradicional – laparotomia – é feita. Em alguns casos a parte inflamada do intestino é retirada e a pessoa fica com uma bolsa externa temporária, a colostomia. A partir daí, mudanças de hábitos alimentares para evitar a constipação e ouvir o seu corpo quando houver a necessidade de evacuar são as orientações imprescindíveis.
“Um mito do passado é que não se pode comer semente do tomate ou o milho da pipoca. Isso não existe.” – Eron Fábio Miranda, chefe do serviço de Coloproctologia do Hospital Universitário Cajuru e médico do Hospital Marcelino Champagnat.
Doença “famosa”
Quem tem mais de 40 anos deve lembrar dessa doença, a diverticulite. Foi ela que acometeu o então presidente Tancredo Neves, o levando à morte antes da posse. Em 2008 ela também debilitou o cubano Fidel Castro. E quem gosta de futebol deve se lembrar que o técnico Muricy Ramalho também sofreu com a condição recentemente.
Fontes: Eron Fábio Miranda, chefe do serviço de Coloproctologia do Hospital Universitário Cajuru e médico do Hospital Marcelino Champagnat e professor de cirurgia da escola de Medicina da PUCPR.
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