Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Doença de Hashimoto não afeta ganho ou perda de peso; conheça os sintomas

Amanda Milléo
14/02/2018 17:42
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(Foto: reprodução Instagram da modelo)

As alterações de peso da modelo Gigi Hadid, de 22 anos, geraram tantas especulações, desde o uso de medicamentos a drogas, que a profissional decidiu se manifestar no último domingo (11). Pelo seu perfil pessoal na rede social digital Twitter, a modelo confirmou o diagnóstico da doença de Hashimoto, uma condição autoimune que pode desenvolver sintomas de hiper ou de hipotireoidismo, sendo essa última a mais comum.
Por se tratar de uma doença autoimune, a também chamada tireoidite de Hashimoto se desenvolve a partir da produção de anticorpos que atacam a própria tireoide. Esse descompasso tem origem genética e, em geral, pessoas com a tireoidite tem casos na família com a mesma doença. Com a glândula descompensada, o organismo sofre alteração na produção hormonal, que afetam o metabolismo do paciente.
Dos sinais mais comuns, a pessoa pode desenvolver um aumento de tamanho da tireoide, chamado de bócio, ou mesmo a atrofia da glândula. Quando a condição leva ao desenvolvimento do hipotireoidismo (ou a lentidão na função da tireoide), então podem ser vistos outros sintomas como cansaço, sonolência, diminuição da memória, alteração do humor e até mesmo diminuição da frequência de ciclos menstruais ou ausência da menstruação (condição conhecida também por amenorreia).

Cura

O tratamento da tireoidite é variado. Se não houver o desenvolvimento de hipo ou hipertireoidismo, não é necessária qualquer intervenção, apenas o acompanhamento médico e a avaliação da função da tireoide, a partir do exame de TSH, com mais frequência.
“O tratamento usualmente deve ser feito quando a pessoa desenvolve uma disfunção, que leva ao hipotireoidismo, em geral. Então é indicada a reposição hormonal. Mas se a pessoa tem apenas o diagnóstico, não há motivo para tratar, a não ser que tenha aumento no volume da glândula, que também é tratada com reposição”, explica Hans Graf, médico endocrinologista, chefe da unidade de tireoide do serviço de endocrinologia do Hospital das Clínicas, da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR).
A reposição é feita com substâncias análogas aos hormônios, porém sintéticas. Em geral, o tratamento dura a vida toda, visto que a tireoide não funciona mais de forma adequada.

Hashimoto não afeta ganho ou perda de peso

Com relação à influência no emagrecimento, porém, a tireoidite de Hashimoto (e o desenvolvimento do hipotireoidismo) não tem culpa, segundo os especialistas ouvidos pelo Viver Bem.
“É folclórico dizer que o hipotireodismo leva ao ganho de peso. O que acontece é que, quando a pessoa desenvolve hipertireoidismo, onde há o excesso na produção hormonal, normalmente a paciente perde peso às custas da perda de massa magra, massa gorda, osso, e assim por diante. Não é o caso no hipotireoidismo. A pessoa pode ter um pequeno ganho de peso pelo acúmulo de líquidos”, explica Graf.
Segundo Gisah Amaral de Carvalho, médica endocrinologista, professora associada de Endocrinologia e Metabologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e chefe da unidade de tireoide do Hospital das Clínicas (HC/UFPR),  o aumento de peso corporal que uma pessoa com hipotireoidismo descompensado pode ter é de, em geral, 10% – alteração considerada discreta.
“Uma vez feita a reposição hormonal, o peso volta ao normal. Então, essa história de que tenho problema na tireoide e por isso estou gordo, isso não acontece. A normalização do metabolismo pelo tratamento ajuda no processo de emagrecimento”, reforça a médica.

Mulheres x homens

Diagnóstico em mulheres é até nove vezes mais comum que entre os homens, e a idade de prevalência da doença nelas se dá a partir dos 40 anos. Alguns momentos, como pós-parto e menopausa, são considerados gatilhos para o desenvolvimento da doença autoimune, que também tem fatores genéticos e hereditários. Entre os homens, a partir dos 60 anos. No entanto, a doença pode se manifestar a qualquer idade.
Os exames mais indicados ao diagnóstico são a dosagem de anticorpos antitireoidianos (que atacam as células da tireoide) e, com base nos sintomas, a ecografia de tireoide, que destaca as alterações típicas na textura da glândula.
Excesso no consumo de iodo também pode influenciar no aparecimento da tireoidite de Hashimoto. “Hoje tem o modismo de usar o medicamento Lugol [iodeto de potássio + iodo, usado para deficiências de iodo], que tem altíssima concentração de iodo, com a desculpa de que faz bem à tireoide. E não é o caso. Ele não é benéfico à tireoide, mas a agride”, reforça Gisah Amaral de Carvalho, médica endocrinologista.
For those of you so determined to come up w why my body has changed over the years, you may not know that when I started @ 17 I was not yet diagnosed w/Hashimoto’s disease; those of u who called me “too big for the industry” were seeing inflammation & water retention due to that.
— Gigi Hadid (@GiGiHadid) 11 de fevereiro de 2018

(Para vocês que estão tão determinados a descobrir porque meu corpo mudou nos últimos anos, vocês podem não saber que quando eu comecei, com 17 anos, eu ainda não era diagnosticada com a doença de Hashimoto; para vocês que me chamaram de “muito grande para a indústria”, vocês estavam vendo inflamação e retenção líquida devido a isso) – Gigi Hadid, tradução livre, na primeira postagem de uma série que trata da doença de Hashimoto.
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