Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Médicos falam sobre a doença que pode ter acometido Michel Temer

Amanda Milléo
25/10/2017 18:12
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Marcelo Camargo/Agência Brasil

A doença que levou a obstrução do canal urinário de Michel Temer é comum entre homens idosos. Embora o Governo não tenha, até o momento, confirmado o que levou à urgência médica de Temer, de acordo com os especialistas ouvidos pelo Viver Bem, o problema urológico estaria relacionado à próstata do presidente, conhecido por hiperplasia benigna prostática.
O crescimento benigno da próstata é algo comum e esperado entre homens mais velhos. A partir dos 50 anos de idade, 40% dos homens terão a próstata aumentada. Esse número chega a 80% da população masculina depois dos 70 anos. Isso não significa, porém, que todos com hiperplasia benigna prostática sofrerão com uma obstrução do canal urinário – como foi o caso do presidente, que recentemente completou 77 anos.
Ao aumentar de tamanho, a próstata pressiona o canal da uretra, impedindo ou dificultando a saída da urina. Com isso, gera dor e incômodo. Neste momento, o tratamento medicamentoso pode não trazer o alívio esperado e, para tanto, é indicada a sondagem vesical de alívio por vídeo, conforme aconteceu ao presidente. A técnica consiste em inserir uma sonda através do canal da uretra até a bexiga, de forma a restabelecer o fluxo urinário e esvaziar a bexiga.
“São dois tipos de queixas mais comuns no caso da hiperplasia, os sintomas de esvaziamento, como dificuldade para urinar, jato de urina mais fraco, lento e demorado que o normal, e os sintomas de armazenamento, quando o paciente passa a ir várias vezes ao banheiro, especialmente à noite”, explica André Matos, médico urologista e coordenador do departamento de urologia oncológica do hospital São Vicente, em Curitiba.
Quando descoberta precocemente, a hiperplasia pode ser tratada através de medicamentos que atuam na musculatura próxima à próstata, aliviando e reduzindo a pressão sobre a uretra. “Mas, quando chega nesse quadro, como o caso do Temer, é mais difícil que o medicamento resolva. Outro tratamento é a cirurgia, onde é feita uma raspagem da próstata, sem necessariamente precisar de cortes. Hoje há técnicas que usam a via endoscópica, pelo canal da uretra mesmo”, reforça Fernando Meyer, médico urologista do hospital Marcelino Champagnat.
Diagnóstico precoce evita obstrução da uretra
Como a condição é, nas palavras do médico urologista Alfredo Canalini, “extremamente prevalente no nosso universo [da urologia]”, na grande maioria das vezes o paciente, nos primeiros sinais de dificuldade para urinar, procura um médico. “As medicações que temos hoje, se iniciadas precocemente, conseguem evitar que o processo chegue a esse ponto. Mas, em alguns homens, a obstrução é atingida rapidamente e já abrem com um quadro de urgência médica, com entupimento total da uretra, gerando a impossibilidade de urinar”, explica o especialista, que é também secretário geral da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Doença é comum em homens mais velhos
A hiperplasia benigna prostática não se trata, nem é causa ou consequência, de um câncer na próstata. Trata-se de uma condição comum aos homens com o envelhecimento, mas que pode estar associada a um câncer de próstata, devido aos sintomas parecidos – dificuldade para urinar, jatos de urina irregulares e aumento no tamanho do órgão.
“Podem ser as duas condições associadas. Os médicos que estão cuidando do atendimento do presidente agora farão uma investigação que confirme a hiperplasia. Os exames que a identificam a condição são os mesmos indicados para a prevenção do câncer de próstata: o exame do toque, o exame de PSA e ultrassom abdominal”, diz Meyer, médico urologista.
Outras condições que podem ser causa da hospitalização de Temer, mas com baixa probabilidade segundo os especialistas, são estenose da uretra, o próprio tumor da próstata ou mesmo uma infecção urinária.
“As outras causas são ou muito raras ou nem entram no diagnóstico, porque não é o perfil do presidente. Ele não tem outra doença importante que poderia levar a esse tipo de problema. Então, no caso dele, é uma questão da próstata mesmo”, reforça Alfredo Canalini, médico urologista da SBU.
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