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Pesquisadores responsáveis pelo novo tratamento da hemofilia A anunciaram este mês, no Congresso Brasileiro de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular de 2017 o mais recente medicamento contra a doença. Trata-se da molécula emicizumabe, um anticorpo monoclonal capaz de reduzir sangramentos espontâneos em 68,6% a 79% dos hemofílicos do tipo A. O novo tratamento é o único nos últimos 40 anos para a doença.

A hemofilia é um distúrbio do sangue que afeta a coagulação sanguínea. O hemofílico não possui proteínas responsáveis pela coagulação, principalmente o fator VIII e IX, no caso da hemofilia tipo A e B, respectivamente. Em caso de batidas ou acidentes o hemofílico tem um risco maior de complicações que uma pessoa comum, sangrando mais do que deveria.

Ainda em avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a molécula emicizumabe foi selecionada dentre 30 mil outras pela afiliada do laboratório Roche no Japão e os resultados têm se mostrado surpreendentes pela melhora na qualidade de vida dos pacientes. “Ao contrário do tratamento que temos hoje, de reposição do fator VIII [fator que permite a coagulação e falta nos hemofílicos A] diariamente através das veias, o novo tratamento possibilitará a aplicação do medicamento semanalmente e de forma subcutânea”, explica Cintia Scala, líder médica da área de hemofilia da Roche Farma Brasil.

Depois de aprovado, o anticorpo será indicado a hemofílicos que não se adaptaram ou desenvolveram alergias [inibidores] ao tratamento tradicional para a hemofilia A, seguidos dos demais pacientes, especialmente as crianças.

Linfomas em destaque

Também entusiasmados durante o encontro médico estavam os especialistas em linfomas de Hodgkin e não-Hodgkin e de Mielomas Múltiplos. Os medicamentos anticorpos monoclonais ganharam o mesmo destaque nos painéis de debate dos linfomas, especialmente os de Hodgkin, como novos tratamentos do câncer.

“Já tínhamos o anticorpo monoclonal no tratamento dos linfomas de não-Hodgkin e agora estamos tendo a oportunidade de usá-los para os de Hodgkin. Trata-se de um anticorpo que se liga na célula tumoral, no qual é internalizado e lá dentro libera a quimioterapia. É uma estratégia muito inteligente de atacar o câncer”, explica Guilherme Fleury Perini, médico hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.

O linfoma de Hodgkin se desenvolve pela multiplicação descontrolada das células de defesa, os linfócitos B, atingindo principalmente os gânglios do sistema linfático. Atualmente, os tratamentos de primeira linha envolvem o uso de quimio e radioterapia, nos casos iniciais da doença, e apenas quimioterapia nos casos mais avançados.

Fazem parte da lista de novidades contra os linfomas os bloqueadores de PD-1, também chamados de inibidores de checkpoint. “Todos os dias o nosso organismo destrói células que se dividem de forma errada. No caso dos tumores de linfomas, eles expressam uma proteína chamada de PD-1 que impede que as células de defesa destruam as células tumorais. Os bloqueadores bloqueiam essa ação do PD-1, deixando as células de defesa livres para destruir as tumorais”, reforça Perini.

Mielomas: diagnóstico precoce e atenção aos sintomas

No caso dos mielomas, tipo de câncer do sangue que transforma as células de defesa em células tumorais, os novos tratamentos são celebrados de forma efusiva, visto que há pouco mais de 10 anos não haviam muitas opções além da quimioterapia – com resultados fracos.

“Tivemos a chegada de drogas alvo, de imunomoduladores, que usados de forma combinada levaram a uma revolução no tratamento da doença. Isso porque, além de o paciente tolerar mais o tratamento, que antes era só com quimioterapia, a resposta é mais profunda e dura mais”, diz Angelo Maiolino, médico onco-hematologista, professor associado do curso de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Grupo Brasileiro de Mieloma Múltiplo – GBRAM.

Da sobrevida do paciente com mieloma múltiplo, o prognóstico que era de um ano e meio a três anos, passou a um período superior a 10 anos, de acordo com Maiolino. “Isso com boa qualidade de vida, inclusive”, reforça o médico.

Para o diagnóstico precoce da doença, o especialista reforça a atenção aos sintomas e o rastreio a partir dos 50 anos a partir de um exame de sangue ou de urina, chamado de eletroforese proteína.

“A pessoa com mieloma pode ter anemia, problemas renais, lesões ósseas que são destrutivas e dolorosas. O paciente fica ainda muito susceptível a infecções”, reforça o médico.

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