Saúde e Bem-Estar

Maria Fernanda Takahashi, especial para a Gazeta do Povo

Dor no joelho: quando é hora de procurar o médico?

Maria Fernanda Takahashi, especial para a Gazeta do Povo
04/05/2019 08:00
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Sedentarismo, envelhecimento, sobrepeso e a prática de exercício físico em excesso ou de forma incorreta podem levar a problemas na articulação. Foto: Bigstock.

A maior parte das pessoas já sentiu, vez ou outra, dor ou incômodo no joelho, especialmente durante a prática de atividades físicas. O normal é não sentir dor alguma, mas, caso sinta, isso não significa necessariamente que seja algo grave ou preocupante.

“A dor é um sinal que o organismo dá de que algo está errado. É um aviso que deve sempre ser valorizado. A primeira coisa a pensar é sobre o que pode ter provocado esse incômodo”, diz Lúcio Ernlund, ortopedista do Instituto de Joelho e Ombro.

A dor pode ter diversas causas, como as artroses, as condropatias (quando atinge a cartilagem), as tendinopatias (nos tendões), as lesões no menisco, os estiramentos e as rupturas ligamentares, que são consideradas as principais.
Além das diferentes causas, as lesões nos joelhos apresentam múltiplos sintomas, que podem ser isolados ou simultâneos, variando de acordo com o problema. Dentre as manifestações de lesões estão pontadas, desconforto ao se movimentar, edemas, inchaço, aumento da temperatura na região, latejamento e a alta sensibilidade.

Sentir incômodos leves, principalmente após a prática de atividades físicas de alto impacto, não é algo alarmante. “A dor, para não ser considerada normal, não pode persistir por 24 horas ou estar acompanhada de incapacidade funcional e sinais como inchaço ou aumento de temperatura”, diz Gabriel Ramos, especialista em fisioterapia esportiva.

A dor, para não ser considerada normal, não pode persistir por 24 horas ou estar acompanhada de incapacidade funcional. Foto: Bigstock
O mesmo vale para os estalos, que podem assustar ao se tornarem frequentes, mas que são livres de preocupação se não estiverem acompanhados de dor, desconforto ou incapacidade. “O som sentido é devido a uma transferência de pressão intra-articular, algo corriqueiro”, informa Ramos.

Causas das dores

Sedentarismo, envelhecimento, sobrepeso e a prática de exercício físico em excesso ou de forma incorreta podem levar a problemas na articulação. A dor pode ter origem multifatorial: alterações, como fraqueza dos músculos do quadril e quadríceps, mobilidade reduzida do tornozelo, hipermobilidade do quadril ou alteração da pisada são fatores de risco que, quando associados, geram sobrecargas no joelho.
O envelhecimento é a causa mais frequente da dor nos joelhos. Com o passar dos anos, a cartilagem articular – tecido que reveste os ossos e que é responsável pelo amortecimento do impacto –, sofre desgaste, aumentando o atrito ósseo e, consequentemente, gerando dor.
O incômodo pode surgir pela simples movimentação, já que todo o peso do corpo cai sobre os joelhos naturalmente desgastados, com sintomas como cansaço, inflamação, inchaço e perda progressiva da movimentação. Como a cartilagem não se regenera, a lesão pode ser incapacitante.

“Pessoas sedentárias estão ainda mais predispostas a essa situação, geralmente com músculos fracos e uma absorção de impacto ineficiente. Uma simples caminhada ou subir e descer escadas pode demandar muito dos joelhos”, diz Gabriel Ramos.

Comum entre atletas

Problema com bastante incidência entre esportistas, a ruptura do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) é “famosa” no ambiente futebolístico e, na maior parte dos casos, envolve cirurgias e um longo processo de recuperação. Os ligamentos cruzados são fibras que mantêm a estabilidade do joelho, responsáveis pela movimentação para frente e para trás. As lesões na região costumam ser traumáticas.
Alto estalo, muita dor e sensação de deslocamento do joelho são sintomas de ruptura do LCA, além de edemas, bloqueios na articulação e desconforto ao se deslocar.
“Tem dois sinais com forte indício de ruptura: um estalo no joelho na entorse e a instabilidade ao apoiar o pé no chão. Mas a confirmação só é feita após exames clínicos”, explica Gabriel Ramos, que atua como fisioterapeuta na clínica Four Fisio e no Club Athletico Paranaense.

Busque ajuda

A procura por um médico especialista deve ser feita quando surgirem sintomas como movimentação reduzida, dores em repouso ou durante as tarefas diárias, inchaço com aumento de temperatura ou após trauma. “Dores que não se resolvam de forma rápida ou espontânea devem ser investigadas”, comenta Ernlund.
Casos cirúrgicos somente são cogitados em situações em que algum componente do joelho se quebre ou rompa, o que não é visto em todos os casos de dores. “O tratamento não cirúrgico, na maioria dos casos, é indicado como primeira opção. Ele engloba medicamentos, fisioterapia com fortalecimentos específicos e perda de peso, se necessário”, complementa Ramos.
O fisioterapeuta ainda explica que o fortalecimento é imprescindível para a recuperação de lesões, principalmente quando direcionado. “É a principal forma de tratamento e prevenção, já que músculos fortalecidos proporcionam um joelho mais estável e com maior capacidade de suportar as demandas diárias e prática esportiva”, diz.

Fique alerta

Quando sentir mais de um desses sintomas na região do joelho, busque ajuda:
-Dor persistente por mais de 24 horas
-Pontadas
-Desconforto ao se movimentar
-Edemas
-Inchaço
Aumento da temperatura na região
-Latejamento
-Alta sensibilidade
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