Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

O que fazer (e não fazer) quando surge aquela dor lombar

Amanda Milléo
28/08/2019 13:00
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Geralmente essa dor muscular não precisa de tratamento algum, além de uma medicação analgésica, repouso e calor local, e passa sozinha, entre uma semana e 10 dias. Foto: Bigstock.

Reclamar de dor na região lombar da coluna, aquela entre o fim da costela e a parte inferior das nádegas, é uma das principais queixas que os médicos de pronto-atendimento escutam dos pacientes.
A reclamação é maior nas segundas, terças e quartas-feiras, após um fim de semana de exageros na coluna, como exercícios físicos sem o devido preparo ou aquela faxina completa na casa.
Geralmente essa dor muscular não precisa de tratamento algum, além de uma medicação analgésica, repouso e calor local, e passa sozinha, entre uma semana e 10 dias, dependendo do esforço feito.

80% dos adultos

terão algum episódio de dor lombar na vida, e entre 30% a 50% dos adultos têm algum episódio de dor lombar em um período de um ano.

Dores que geram preocupação dos médicos ortopedistas e reumatologistas costumam ter outras origens. Uma lombalgia crônica dura em média três meses e não passa apenas com analgésico ou relaxante.
Embora a intensidade da dor possa ser semelhante a um problema muscular, somam-se a ela outros sintomas, como febre, emagrecimento, dormência ou fenômenos de paralisia e irradiação da dor para uma ou às duas pernas.
Isso pode indicar osteoartroses, desgastes dos discos intravertebrais, hérnias de disco, fraturas por osteoporose, e até mesmo câncer.
Para o diagnóstico preciso, além de um exame físico e histórico do paciente, o médico pode solicitar exames de imagem, como tomografias, ressonâncias e Raio-X, e exames de sangue para descartar processos inflamatórios ou reumáticos.
No caso das dores com origem muscular, que se resolvem sozinhas em poucos dias, os exames de imagem não mostrarão nenhuma alteração, portanto são desnecessários para o diagnóstico da dor e devem ser evitados.

10% dos adultos

acima de 20 anos de idade têm uma dor crônica, persistente por três meses ou mais, com comprometimento das atividades em casa, de lazer e no trabalho.

Infecção urinária
Às vezes, a dor na região lombar não tem relação alguma com a coluna ou com as vértebras. Podem ser outras doenças que irradiam a dor para esta região, como infecção urinária, cólica de rim, cálculo renal, neuropatias como herpes zoster e causas vasculares como aneurisma da aorta abdominal.
Problemas nos rins, por exemplo, também causam dor na região inguinal, enquanto uma infecção urinária com dor nas costas vem acompanhada, em alguns casos, de ardência na hora de fazer xixi.
Dor na gravidez
A partir do sexto mês de gestação, o volume abdominal aumenta consideravelmente e muda o eixo da coluna e o equilíbrio gravitacional das mulheres. Com isso, podem vir as dores na lombar.
A dor tende a desaparecer com o nascimento do bebê, e o uso de analgésicos liberados pelo médico são suficientes, normalmente, para sanar o desconforto. Além disso, compressas mornas e exercícios durante a gestação também podem ajudar na dor. Se a mulher fizer exercícios antes da gravidez, é possível inclusive prevenir as dores lombares.

Lombalgias sem preocupação

Sinais de que a dor nas costas passará sozinha e não precisa de uma visita ao pronto atendimento:
– Melhora com repouso e piora no movimento
– Pelas manhãs, tem uma rigidez que dura até meia hora
– A dor é “latejante” ou “dolorosa”
– Não tem febre
– A dor não irradia para as pernas ou outras partes do corpo
– Não há ardência ao urinar e nem dores intermitentes
– Reflita sobre os últimos dias: começou um exercício novo, talvez de alta intensidade, que exigiu demais dos seus músculos? Esqueceu-se de se alongar adequadamente antes e depois da atividade? Resolveu aproveitar o fim de semana para limpar toda a casa? Senta-se frequentemente em uma postura inadequada?

Remédio perigoso

Os medicamentos anti-inflamatórios, embora muito usados no caso de dores lombares, têm um potencial de toxicidade muito grande, especialmente entre as pessoas acima dos 60 anos. Deve ser usado apenas sob orientação médica.

Estresse e ansiedade
O maior desafio de quem sente dor na lombar é ter paciência para o tratamento. Embora a dor possa passar rapidamente, em questão de semanas, durante esse período exige cuidados com a postura e fisioterapia. Se a pessoa, além de impaciente, é estressada e ansiosa, a sensação da dor pode se intensificar.
Fontes: Silvio Antônio, presidente da comissão de coluna vertebral da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Paulo da Fonseca, diretor científico da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor, Gilberto Anauate, coordenador da equipe de ortopedia e traumatologia do hospital Santa Paula, SP, Marcelo Cury, ortopedista e Rodrigo Meucci, professor de epidemiologia da faculdade de medicina da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
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