Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Dormir com lentes de contato aumenta risco de doenças incuráveis

Amanda Milléo
09/11/2019 08:00
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Lentes de contato exigem cuidados com a limpeza todos os dias. Foto: Bigstock.

Dormir com as lentes de contato aumenta em 15% o risco de úlceras nos olhos e ceratites infecciosas, doenças de difícil tratamento e cura.
Portanto, a prática é altamente desestimulada pelos médicos oftalmologistas, especialmente em quem usa as lentes de contato comuns.

Existe, no entanto, um tipo específico de lente que, em casos especiais, deve ser usada à noite. São lentes feitas de um material de alta permeabilidade, que permite a oxigenação do olho, e que ajuda na moldagem da córnea — possibilitando uma melhora na miopia e de doenças oculares.

“A lente usa uma técnica especial, chamada de ortoceratologia, que permite isso. Mas os pacientes usam a lente à noite e passam o dia todo sem ela. É só para o período noturno”, explica a médica oftalmologista Elisabeth Brandão Guimarães.
De forma geral, a orientação dos especialistas é sempre a mesma: retire as lentes de contato com as mãos limpas, guarde-as bem — nunca em soro fisiológico, mas sim em uma solução desinfetante — e durma sem elas.

“Quando dormimos, naturalmente há uma baixa de oxigenação do olho, porque ele está fechado. A lente é um plástico que está ali em um ambiente quente e úmido, próprio para a proliferação de micro-organismos”, alerta a médica.

Doenças mais comuns
O uso excessivo das lentes pode causar a hipóxia na córnea, quando o oxigênio não chega de forma suficiente até ela.
Da mesma forma, o uso errado pode desencadear processos alérgicos, como a conjuntivite tóxica, que surge como reação a produtos de limpeza usados na lente.
As lentes são como um plástico hidratado. O material absorve depósitos que vêm da lágrima, do meio ambiente, das mãos da pessoa, das células em descamação no olho, resíduos de maquiagem, creme — tudo que entre em contato com a lágrima, entra em contato com a lente.

Ceratites infecciosas são os piores diagnósticos, conforme explica a médica oftalmologista. “São bactérias agressivas, como as pseudomonas aeroginosa e staphylococcus, e a acanthamoeba, a famosa amoeba, também pode causar um problema ao olho”, reforça Elisabeth.

O tratamento, dependendo do caso, pode levar de dias a meses, e são, normalmente, caros. Mais fácil é fazer a limpeza adequada das lentes e usá-las durante o período que o fabricante indicar.
“Existem as lentes descartáveis ou de troca planejada e, dependendo do fabricante, podem ser usadas de 15 dias a um mês. Mas, é preciso lembrar, são 15 dias — não 15 usos. Se o paciente usou o primeiro dia e deixou de usar durante duas vezes, não vai ganhar dias a mais com a lente. São 15 dias“, reforça a médica.
Alertas: você está guardando a lente de forma errada
Confira os erros mais comuns, de acordo com a médica oftalmologista Elisabeth Guimarães:
= Nunca colocar as lentes em soro fisiológico. “O soro não desinfeta, não mata as bactérias. As soluções, sim”, alerta a oftalmologista.
= Troque o estojo das lentes a cada três meses.
= Nunca guarde as lentes de contato no banheiro. “É o lugar mais contaminado da casa. Se você tem o hábito de deixar a lente na pia, ao lado do vaso sanitário.. pensa se alguém dá a descarga sem abaixar a tampa? Tudo que sobe, desce”, relembra a médica.
= Jamais lave as lentes rígidas na água de torneira. Como a água pode estar contaminada com a acanthamoeba, vale deixar a limpeza para as soluções desinfetantes.
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