Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Por que emagrecer depois dos 40 anos fica mais difícil?

Amanda Milléo
19/02/2018 07:00
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Fazer um bom "estoque" de massa magra antes dos 40 anos é uma boa estratégia para manter o peso. Foto: Bigstock.

Chegando aos 40 anos de idade, homens e mulheres precisam se atentar a uma mudança importante no organismo: o metabolismo não é mais o mesmo.
E isso afeta processos como a perda de peso, a manutenção da massa muscular e óssea, além do envelhecimento dos órgãos. Impedir esse avanço não é possível, visto que faz parte da transição natural da vida, mas começar exercícios físicos e mudar a alimentação pode trazer uma diferença positiva.
O metabolismo representa um cálculo matemático que prevê a quantidade de calorias que o corpo precisa, em um dia, para continuar nutrido. Um organismo com metabolismo acelerado exige uma quantidade maior de calorias, enquanto que o metabolismo mais lento precisará de menos. A queda da taxa metabólica a partir dos 40 anos faz com que o metabolismo apresente lentidão, mas a introdução de exercícios físicos pode ajudar no aceleramento, desde que sejam as atividades certas.
“Só fazer exercícios aeróbicos pode não alcançar o objetivo. As atividades de resistência ou hipertrofia também são necessárias. O interessante é aumentar a porcentagem de exercícios resistidos com o passar da idade. Vale desde subir escada, subir morro, puxar ferro ou fazer em casa mesmo, movimentos com elástico”, explica Marcio Krakauer, médico diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, regional São Paulo (SBEM-SP).
Outra medida importante é incluir os exercícios físicos bem antes de chegar na casa dos 40. “O aporte de músculos que você acumula durante a vida é fundamental, porque depois dessa idade ocorre a perda. Se você tiver um banco grande de massa magra, vai ser mais tranquilo” salienta o médico.
No caso da alimentação, o consumo de alimentos termogênicos (como canela, chá verde, gengibre, entre outros) – que ajudam a acelerar o metabolismo – nem sempre é indicada. “Todos os termogênicos que foram testados aumentam o metabolismo no momento do exercício, com o aumento importante da frequência cardíaca, e refletem em um gasto de massa muscular. Eles não promovem a perda de gordura, mas reduzem o peso pela perda da massa muscular”, diz Silmara Leite, médica endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, regional Paraná (SBEM-PR).

Sem medicamentos

A indicação, para casos necessários, é a suplementação – e não a medicação. “Os nutrientes fundamentais, como proteínas de alto valor biológico, ou proteínas de fonte animal mesmo, são nutrientes que nem sempre a alimentação saudável consegue suprir, pensando em pessoas com deficiência de absorção, por exemplo”, explica Krakauer, médico da SBEM-SP.
Antes de qualquer prescrição, portanto, é fundamental descobrir o histórico do paciente e, em alguns casos, há indicação de exames. “O exame de dosagem de albumina vê a questão proteica e a densitometria, de corpo todo, avalia a quantidade de massa muscular magra do paciente. São exames que valem para verificar a evolução da perda de massa muscular e servem para comparar depois”, diz o médico.

Doenças e remédios também afetam o metabolismo

Outros processos, além da idade, modificam a taxa metabólica. Hipotireoidismo é uma dessas condições, além do uso de medicamentos, como corticoides, que também podem mudar, para pior, a taxa da perda.
“Mulheres tendem a sentir mais esses efeitos, porque a diminuição hormonal é mais acentuada. Ela percebe que a composição corporal não é mais a mesma e tem mais dificuldade para perder peso que antes. Além do vigor da pele, que é sentido. Nos homens, essa diminuição também acontece, mas mais tarde, porque a redução da testosterona entre eles é mais sutil”, explica Julia Gouvea, médica especialista em medicina preventiva, fisiologia hormonal, do esporte e emagrecimento, em São Paulo.
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