Saúde e Bem-Estar

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo

Infarto pode ocorrer sem dor intensa no peito em mulheres, idosos e diabéticos

Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo
21/08/2019 13:00
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O infarto silencioso pode se manifestar por um mal estar de baixa ou média intensidade que atinge, sobretudo, queixo, mandíbulas, estômago e costas. Foto: Bigstock.

A dor intensa no peito costuma ser o sintoma mais frequentemente associado ao enfarto, mas o que muitas pessoas não sabem é que um ataque cardíaco pode acontecer sem a manifestação deste desconforto.
Mulheres, idosos e diabéticos fazem parte do grupo com maior propensão a sofrer um enfarto dito silencioso – as mulheres, por razões ainda não totalmente esclarecidas pela medicina.
Em idosos (geralmente acima dos 65 anos) e diabéticos, o evento pode ocorrer por alterações na sensibilidade dos nervos, que comprometem a transmissão da dor, um importante mecanismo de defesa do organismo.

No Brasil, o número de mulheres vítimas fatais de um enfarto (mais letal do que o câncer de mama e colo de útero e atrás apenas das doenças cerebrovasculares) é 50% maior que o de homens. Isso porque, sem o sintoma clássico da dor no peito, a busca por assistência no pronto-socorro é adiada. Logo, saber identificar um ataque cardíaco a partir de outros sinais é fundamental.

De um modo geral, o infarto silencioso pode se manifestar por um mal estar de baixa ou média intensidade que atinge, sobretudo, queixo, mandíbulas, estômago e costas.
Muito diferente de um típico enfarto masculino, que classicamente se apresenta como uma dor opressiva no centro do tórax, que se irradia para o braço esquerdo e é acompanhada de sudorese fria e intensa.
Outros sinais do enfarto feminino podem ser ainda tontura, falta de ar ou dificuldades para respirar, fraqueza, palpitações e náuseas. A descrição de algumas mulheres vítimas da enfermidade é a de uma sensação que simula problemas gástricos, como a má digestão, ainda que potencializada.
É de extrema importância que uma pessoa que passou por um mal estar muitas vezes de difícil definição, com duração entre 10 e 20 minutos, busque ajuda imediata.

Estima-se que 20% do total de infartos sejam do tipo silencioso e que metade das mortes aconteça antes mesmo de o paciente dar entrada no hospital. Frequentemente, por negligenciar os sintomas (que podem passar com repouso) ou atribuí-los a outras causas, como dores de coluna, problemas emocionais e até mesmo excesso de gases.

O atraso de poucas horas no diagnóstico do problema, bem como o início tardio do tratamento, são os fatores que mais contribuem para o grande número de mortes por enfartos entre mulheres.
O ideal é que o atendimento aconteça já na primeira hora, pois quanto mais o tempo passa, mais extenso e irreversível é o dano.

Fatores de risco

Independentemente do tipo de enfarto, o risco é aumentado em pessoas que vivem em condições de estresse, obesos, hipertensos, fumantes e indivíduos com história da doença na família.
Entre as mulheres, acredita-se que o uso contínuo de anticoncepcional aumente as chances de desenvolver problemas cardíacos.
Prevenção
Exercitar-se diariamente, ter uma alimentação rica e balanceada e abandonar o tabagismo são atitudes que fazem a diferença na saúde do músculo cardíaco.
Aos indivíduos que fazem parte dos grupos de risco, a recomendação é a realização anual de exames do coração, indicados pelo médico cardiologista.

De olho no coração

Veja alguns sinais de que algo não vai bem com o coração:
Inchaço pelo corpo: pode ser um alerta de insuficiência cardíaca, quando o coração não tem força suficiente para bombear o sangue, causando retenção de líquidos.
Falta de ar: dificuldades respiratórias, seja parado ou em movimento, demandam avaliação médica. O desconforto pode ser ainda sintoma de infarto.
Lábios arroxeados: comum em portadores de Síndrome de Down, pode ser um alerta para anormalidades na estrutura cardíaca. O problema pode surgir antes mesmo do nascimento, em razão do uso de drogas e medicamentos pela mãe durante gestação, diabete ou rubéola.
Tosse noturna: o coração pode estar com dificuldades para trabalhar. O ato de tossir é estimulado pela congestão pulmonar, que acontece quando deitamos e existe um aumento do retorno de sangue para o coração.
Cansaço aos pequenos esforços: quando o coração está fraco ou dilatado, o sangue não é bombeado para o corpo da forma necessária, levando ao cansaço. Angina, insuficiência cardíaca e até arritmia podem estar por trás deste sintoma.
Dor no peito: de leve a intensa, a dor no peito pode ser um sinal de infarto, que ocorre quando uma parte do músculo cardíaco deixa de receber sangue pelas artérias, o que pode ser fatal.
Impotência sexual: manter ou ter dificuldade de ereção pode acontecer quando não há uma boa circulação de sangue pelo corpo. Mais precisamente, quando existe um fluxo sanguíneo inadequado para as artérias do pênis, causando a disfunção.

“De um modo geral, o enfarto silencioso pode se manifestar através de um mal estar de baixa ou média intensidade que atinge, sobretudo, queixo, mandíbulas, estômago e costas”, diz Sanderson Cauduro, cardiologista.

É possível enfartar e não saber?
À exceção de uma eventual dificuldade em se reconhecer os sintomas de um enfarto, é possível, embora raro, passar por um ataque cardíaco sem saber.
Em um eletrocardiograma de rotina o médico pode perceber a cicatriz e a vítima, então, se lembrar de ter sofrido algum mal estar e atribuir os sintomas a outros males. Já era um infarto, mas resolvido de forma espontânea.
Fontes: Sanderson Cauduro e  Dalton Precoma, cardiologistas e Marcelo Sobral, cirurgião cardíaco.
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