Saúde e Bem-Estar

Adriano Justino

Enxaqueca tem no vinho tinto o gatilho principal

Adriano Justino
11/01/2019 17:00
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Vinho é um dos gatilhos de enxaqueca. Foto: Bigstock.

Um em cada três episódios de enxaqueca se deve ao uso de bebidas alcóolicas. Desses, a maioria tem como causa o vinho, principalmente o vinho tinto. Os resultados desse estudo, feito com 2 mil pessoas, foi publicado on-line em dezembro no European Journal of Neurology.
Chamada também de migrânea, segundo dados dos participantes ela teria iniciado três horas após a ingestão da bebida alcoólica. Para 90% das pessoas, em até 10 horas ela apareceu.
Para Paulo Faro, neurologista e chefe do setor de cefaleia e do orofacial do INC é incomum que a enxaqueca tenha um fator gatilho apenas. Segundo ele, é uma unanimidade que alimentos e bebidas sejam apontados pelas pessoas como gatilhos e desencadeantes. “Bebidas alcoólicas, refrigerantes, queijos, conservantes e frutas cítricas encabeçam a lista. Porém, esses fatores variam de pessoa para pessoa, há quem beba uma garrafa e não desenvolva a enxaqueca, e outro que beba uma taça e sinta”, diz ele.
A explicação para a influência do vinho tinto no surgimento da enxaqueca, identificado como o que mais provavelmente provoca a migrânea para 77,8% segundo a pesquisa, estaria no tanino e nos flavonoides fenóis da bebida, substâncias com potencial ação vasoativa, que estimularia o surgimento das dores. “Enxaqueca não é apenas uma dor de cabeça, a dor é apenas um sintoma. A enxaqueca se caracteriza por diagnóstico clínico como uma dor unilateral, latejante, de moderada a forte intensidade, que acompanha enjoo, vômito, incômodo com luz, com barulho, cheiro e que tem duração de 4 a 72 horas”, diz Faro.
Se a ideia é beber um vinho tinto, o neurologista indica alternar com uma bebida não alcoólica. “Além de não beber outra coisa, uma condição que agrava é que quando a pessoa bebe, vale aquele ditado ‘quem bebe não come’ e o jejum prolongado potencializa a chance de surgir a enxaqueca”, diz ele.

Suspender tudo? Não!

Se você é um dos que acredita que a enxaqueca surge após o consumo de algo, a melhor recomendação é não radicalizar e deixar de consumir vários itens de forma preventiva. “O ideal é registrar um diário de cefaleia, marcando quando você teve o episódio durante um mês e relacionando o que você comeu antes de surgir a dor. Assim você terá o gatilho mais provável e assim poderá se abster dele”, diz o neurologista, assinalando que há na internet aplicativos gratuitos de diários de cefaleia, que se resumem, geralmente, a espaços para assinalar o período do dia em que a dor ocorreu, a lista de sintomas (dor de um lado, de outro, em pressão, latejante) e o provável (ou prováveis) fator gatilho. “A pessoa pode, no dia-a-dia, tomar uma taça de vinho após o almoço e não tem crise. Porém, no outro dia, além da taça ela come queijo ou tem refeição carregada de frituras, ou mesmo não dormiu bem na noite anterior. Isso deve ser anotado, pois podem ser fatores que, juntos, culminam na crise”, diz.

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