Saúde e Bem-Estar

Redação

Dez marcas de escovas progressivas são reprovadas pela Proteste por excesso de formol

Redação
08/06/2018 18:45
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(Foto: Bigstock)

A Proteste, entidade civil sem fins lucrativos de defesa do consumidor, reprovou 12 marcas de escovas progressivas usadas no Brasil, na última quinta-feira (07) — 10 delas por excesso de formol. De acordo com um publicado da entidade, nenhum dos produtos atendia a todos os critérios determinados pela Anvisa e os mais graves, que apresentavam níveis de formaldeído acima do permitido, deveriam sair de circulação do mercado.
Os produtos de alisamento dos fios de cabelo foram encaminhados a testes para verificar a quantidade e a presença do formaldeído ou formol (substância considerada cancerígena pela OMS e que, em grandes quantidades, pode levar à queda dos fios de cabelo). Para essa análise foi feita uma análise por espectrofotometria UV-VIS – quando usa-se a luz para medir a concentração de substâncias em soluções através da interação da luz com a matéria.
A análise verificou também se o pH era adequado para o contato com o cabelo e a pele (com a utilização do pHmetro, aparelho usado na medição de pH) e se os rótulos estavam regulares ou não na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Formol em excesso

Dez das 12 marcas de escovas progressivas testadas apresentaram concentrações de formaldeído acima dos 0,2% permitidos pela Anvisa, conforme a Resolução 162-01, que regula o uso da substância em cosméticos.
“O formol possui uso permitido em cosméticos nas funções de conservante (limite máximo permitido de uso 0,2% – Resolução 162/01) e como agente endurecedor de unhas (limite máximo de uso permitido 5% – Resolução 215/05). O uso do formol com a finalidade de alisar os cabelos não é permitido pela legislação sanitária”, anuncia a Anvisa em comunicado no site.
Das marcas e produtos com concentrações acima do permitido, estão:
  • Zap All Time (32 vezes acima do permitido);
  • G Hair Alemã (29 vezes acima do permitido);
  • Madamelis (27 vezes acima do permitido);
  • Maria Escandalosa (24 vezes acima do permitido);
  • Etnik Strait Therapy (22 vezes acima do permitido);
  • Maria Glamurosa (21 vezes acima do permitido);
  • Forever Liss (17 vezes acima do permitido);
  • Gloss (17 vezes acima do permitido);
  • Portier Exclusive (16 vezes acima do permitido);
  • G Hair Marroquina (14 vezes acima do permitido);

Testes encontraram erros em rótulos

Das 12 marcas, oito não anunciaram nos rótulos a presença da substância formaldeído no produto, são elas: Forever Liss, Gloss, Maria Escandalosa, Maria Glamurosa, Portier Exclusive, Portier Unique, Probelle e Zap.
No caso da Probelle e Portier Unique, a Proteste reforça que elas não contêm formol além da dosagem permitida pela Anvisa, no entanto não indicam a presença da substância no rótulo. As demais, além de não trazerem as informações no rótulo, também trazem uma quantidade maior que a permitida.
Dos 12 produtos testados, somente essas duas (Probelle e Portier Unique) apresentaram pH abaixo do recomendado (pH 1.8, quando o mínimo recomendado é de 2,5), o que pode não somente danificar os fios como irritar o couro cabeludo e a pele”.
Três marcas tinham irregularidades com a Anvisa, sendo elas a G Hair Marroquina, Gloss e Maria Escandalosa.

O que dizem as marcas?

Em seu site, a marca G Hair (responsável pela G Hair Marroquina e a G Hair Alemã) colocou um comunicado para todos os visitantes:
“Os registros 25351.899624/2016-27 e 25351.899548/2016-19 estão ativos e atuais perante a ANVISA, inclusive em consulta pública. Qualquer consumidor pode confirmar esta regularidade em simples acesso ao site da Vigilância. Preocupa-nos a origem desta iniciativa ao fazer uma afirmação que fere os direitos da empresa detentora das marcas. Neste mesmo âmbito de fluência técnica, gostaríamos de nos inteirar das condições em que os ensaios de quantificação foram executados, pois nossos ativos constam dos registros formalizados e estão dentro do permitido na legislação.
Recentemente, a empresa G.Hair foi alvo de denúncias danosas e equivocadas a respeito da lisura de seus registros sanitários e segurança de suas composições. Esclarecemos a nossos clientes e parceiros que a G.Hair está publicamente a disposição de todos e já iniciou o processo de medidas cabíveis. Aproveitamos para agradecer os inúmeros contatos de apoio e indignação daqueles que conhecem o trabalho e a solidez do nome G.Hair.
Pedimos desculpas pelo transtorno!”
Em contato com a empresa Zap, o setor de comunicação enviou um comunicado da marca, onde explica que o produto citado pela Proteste, o All Time Zap foi alvo de falsificação:
“produto All Time, por ser líder no mercado e estar posicionado entre as 12 marcas mais vendidas, (…) é notadamente alvo do crime de PIRATARIA / FALSIFICAÇÃO”, diz o comunicado. A empresa reforça que tem a certificação e liberação da Anvisa para a comercialização do produto e que a embalagem do mesmo já havia sido alterada de forma a garantir maior integridade do mesmo.
Na manhã desta segunda (11), a marca Fox Professional (responsável pela escova progressiva Gloss) enviou um comunicado à imprensa, onde diz:
“Através de e-mail enviado para a associação responsável pelo teste, Proteste, dia 07 de junho de 2018 às 14:34 h, solicitamos nota fiscal de onde este produto foi adquirido, e até o exato momento não fomos respondidos. Portanto, um teste feito sem embasamento algum e com características aparentes que este produto não tem procedência.
A Fox Professional se prontifica em esclarecer quaisquer dúvidas relacionadas a esta reportagem, e alerta que sofremos grande impacto referente a falsificações.
Prezamos primeiramente pela saúde e segurança de nossos clientes, todos nossos produtos estão devidamente notificados e registrados pela ANVISA, isentando qualquer tipo de irregularidade.”
Nessa terça (12), a marca Maria Escandalosa Cosméticos também enviou um comunicado à imprensa, sob o posicionamento da marca em relação ao estudo:
“(…) Todos nossos produtos tem a CERTIFICAÇÃO da ANVISA para serem comercializados, inclusive os produtos SHAMPOO ANTI-RESÍDUO ESCANDALOSO E MÁSCARA CAPILAR ESCANDALOSA e que dispomos de todos os cuidados necessários para levarmos ao mercado produtos com qualidade e dentro das normas vigentes.
Importante ressaltar, que à tempos estamos sofrendo com o grande volume de falsificações da Marca e que devido a isso culminou na triste associação da Maria Escandalosa à esta reportagem. De modo a tranquilizar-vos, vamos intensificar ainda mais nossa batalha contra esses falsificadores que denigrem nossa imagem perante o consumidor.
A embalagem apresentada nesta reportagem é a versão que encontra-se com maior índice de falsificação, no momento estamos desenvolvendo uma nova versão afim de deixar claro e não confundir nossos clientes para como também evitar ao máximo os falsificadores.”

Sem resposta

Tentamos contato via telefone de atendimento do consumidor ou páginas do facebook das marcas:  Forever Liss,  Madameliss , Widi CarePortier Probelle mas não obtivemos retorno. 
A Maria Glamurosa foi contatada via telefone divulgado pela fabricante no site.  Em sua  página no Facebook, a marca solicita contato via e-mail, no qual foi enviada a solicitação de posicionamento (ainda sem retorno).

Riscos do uso do formol

De acordo com informações da própria Anvisa, em contato com a pele, o formaldeído é considerado tóxico, pois causa irritação, com surgimento de vermelhidão, dor e queimaduras. Caso entre em contato com os olhos, apresentam sintomas semelhantes ao contato com a pele, além de levar à lacrimação e visão embaçada. Em altas concentrações, é capaz de causar danos irreversíveis à visão.
Caso o formaldeído seja inalado – risco principal dos profissionais de salão de beleza que fazem uso do produto – pode levar ao câncer do aparelho respiratório. O formaldeído é considerado pela OMS uma substância cancerígena. Fique atento caso tenha sintomas como dores de garganta, irritação do nariz, tosse, diminuição da frequência respiratória, irritação e sensibilização do trato respiratório.
A substância, em altas concentrações, pode causar a queda dos fios de cabelo ou até mesmo levar a pessoa à morte. O risco é proporcional a concentração e frequência de uso.
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