Saúde e Bem-Estar

Marina Mori

Exercícios de alto impacto aumentam chance de incontinência urinária em mulheres

Marina Mori
07/08/2017 08:00
Thumbnail

Foto: Bigstock

A prática regular de atividades físicas tem, como consequência, uma série de benefícios à saúde. Em alguns casos, no entanto, o excesso de exercícios pode gerar uma condição um tanto incômoda nas mulheres: a incontinência urinária. O problema surge principalmente nas praticantes de esportes de alto impacto, como o Crossfit e a corrida. De acordo com estudo feito pela Unifesp, as modalidades aumentam em nove vezes o risco de que o xixi escape durante os treinos.
O problema ocorre principalmente por dois fatores, segundo Paulo de Almeida Rocha, urologista do Hospital Vita: o primeiro é por causa do tamanho da uretra feminina, que é muito curta – tem cerca de 3cm, ao passo que a masculina chega a mais de 20cm; o segundo é devido à fragilidade do assoalho pélvico (conjunto de músculos, fáscias e ligamentos que sustentam a bexiga e os órgãos genitais) das mulheres.
Durante os exercícios físicos de alto impacto, que geralmente envolvem saltos e contração muscular, os órgãos internos causam muita pressão na bexiga, diz o especialista.
Não tem a ver com idade
Ao contrário do que se pensa, a incontinência urinária não é um problema associado apenas às mulheres mais velhas. “A partir de 25 anos, mesmo sem ter filhos, pode ocorrer. Muitas mulheres têm barriga tanquinho, são fortes e resistentes, mas seu assoalho pélvico é fraco“, afirma a fisioterapeuta especializada em uroginecologia, Claudia Antunes Guimarães.
Segundo ela, a perda de urina pode ocorrer não apenas durante a atividade física, mas também após a exaustão do treino, quando estão cansadas.
Enquanto o problema afeta de 30% a 50% das mulheres mais velhas, a condição está presente em cerca de 20% a 30% das jovens adultas, segundo o estudo “A prevalência de incontinência urinária em mulheres praticantes de jump”, de Priscilla Pereira de Almeida e Lívia Raquel Gomes Machado.
Toda mulher em alguma fase da vida corre o risco de ter incontinência urinária, é uma questão fisiológica. Porém, quando isso começa a ameaçar sua qualidade de vida, é preciso tratar como uma doença”, explica Rocha.
Três tipos
Existem três tipos de incontinência urinária: a verdadeira, quando o indivíduo perde urina sem perceber (é preciso cirurgia para corrigir a disfunção), a incontinência por bexiga hiperativa, quando há vontade urgente de urinar (tratada com medicamentos) e a mista, que une os dois tipos anteriores.
Quem tem mais chances de ter incontinência urinária?
Além das praticantes de exercícios de alto impacto, mulheres que já engravidaram e passaram por uma episiotomia (quando o períneo é cortado para facilitar o parto normal), fumantes, obesas e sedentárias também fazem parte do grupo com maior predisposição a apresentar a condição, segundo Rocha.
Tratamento
O problema tem cura e pode ser resolvido através de exercícios que fortalecem a musculatura pélvica, como o pilates, o Low Pressure Fitness (LPF) e a técnica de Kegel, muito utilizada para tratar incontinência urinária (que consiste em movimentos similares aos de prender/soltar o xixi).
A fisioterapia uroginecológica também é uma alternativa de tratamento. “Utilizamos diversos equipamentos que estimulam a contração perineal e tonificam a região”, explica Claudia. A recomendação da terapia é de 10 sessões.
Exercite-se
Veja como fortalecer a musculatura pélvica:
1. Identifique o períneo: é a musculatura que contrai quando você prende o xixi ao urinar;
2. Sente-se em uma cadeira dura;
3. Incline-se para frente, apoian­do os antebraços nos joelhos;
4. Afaste as coxas e pés;
5. Faça 5 séries de 10 contrações perineais bem fortes de 5 segundos e relaxe 5 segundos;
6. Faça 5 séries de 10 contrações de 1 segundo e relaxe 1 segundo;
7. Faça uma série de 10 contrações leves de 15 segundos e relaxe 15 segundos.
LEIA TAMBÉM