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As inúmeras transformações físicas e emocionais da adolescência ajudam a crescer e amadurecer, mas também causam verdadeiros “rebuliços” no organismo. O desequilíbrio hormonal, natural da própria idade ou causado por alguma doença, torna as mudanças ainda mais difíceis nesta fase. Saiba mais sobre os principais problemas que acometem os adolescentes, como a puberdade precoce e os distúrbios alimentares.



Injeções diárias
Puberdade

A puberdade precoce ocorre quando os primeiros sinais do desenvolvimento sexual aparecem antes dos 8 anos nas meninas e dos 9 anos nos meninos. Diversos fatores podem causar o problema, mas não existe consenso entre os médicos. A herança genética e a influência do clima são os mais aceitos. Mas existem estudos que atribuem a causa à alimentação, ao estresse e até mesmo à ausência do pai, no caso das meninas.

Outro problema comum é a puberdade de evolução muito rápida. Ou seja, a puberdade começa na idade certa, mas as mudanças – como o aparecimento de pêlos, mamas e a primeira menarca – aparecem muito depressa.

Estes dois casos devem ser tratados para não atrasar o processo de crescimento. Geralmente o tratamento se dá pelo uso de medicação que retarda o desenvolvimento sexual da criança. “É utilizado o mesmo hormônio produzido na hipófise que estimula a puberdade em picos, mas se o organismo receber doses constantes desse hormônio, o seu efeito é inibido”, explica a endocrinologista Gisah Carvalho do Amaral.

O contrário também pode acontecer. O atraso puberal ocorre quando o adolescente não desenvolve as características sexuais no tempo certo. O problema não está relacionado a nenhuma doença, mas deve ser acompanhado por um especialista.

Crescimento

“Os problemas de baixa estatura causados especificamente pela baixa produção de hormônio do crescimento não são muito comuns. Apenas uma de cada 10 mil crianças sofre desse desequilíbrio”, explica a endocrinopediatra Margaret Boguszewski.

O problema pode estar relacionado à genética, a um trauma grave ou a um tumor na hipófise. Entretanto, muitas crianças e adolescentes estão insatisfeitas com a estatura e querem tratar o problema. Se a baixa estatura for uma característica familiar, não há necessidade de tratamento, pois não está relacionada a nenhuma doença. “Também não há muito o que fazer, doses extras de hormônio de crescimento não farão efeito e o excesso dessa substância pode fazer mal”, alerta Gisah.

Estes problemas precisam ser diagnosticados na infância, entre os 7 e 8 anos de idade, pois durante a adolescência, muito pouco pode ser feito para alterar o processo de crescimento.

Distúrbios alimentares

A anorexia e a bulimia podem provocar desequilíbrios hormonais severos que afetam todo o funcionamento do organismo. Cerca de 10% dos adolescentes já apresentam este problema e o número está crescendo. “Como é também um problema psiquiátrico, fica difícil para os pais perceberem os indícios. É importante estar atento ao padrão alimentar e ao comportamento de seus filhos”, aconselha Gisah.

Obesidade

Outro problema sério, pois o aumento de peso leva a um desequilíbrio hormonal que pode causar o aparecimento da síndrome metabólica, diabete tipo 2, hipertensão e aumento do colesterol.

A obesidade também pode ser um dos fatores responsáveis pela puberdade precoce nas meninas, pois o nível de estrogênio está relacionado à presença de gordura no organismo.

Casos de menor incidência

O aparecimento de problemas na tireóide não é freqüente na adolescência, mas pode ocorrer. A irregularidade menstrual é relativamente comum nas meninas. Elas podem menstruar até duas ou três vezes por mês ou podem ficar meses sem sangrar. A síndrome do ovário policístico geralmente aparece no adulto jovem (20 a 30 anos) e pode causar o aparecimento de acne, seborréia, pêlos na face e aumento de peso, pois a disfunção do ovário faz com que seja produzido uma quantidade maior de testosetrona. É comum o uso de pílulas anticoncepcionais para regularizar o ciclo menstrual, além de medicamentos específicos para combater a acne. A endocrinologista Gisah Amaral de Carvalho não recomenda o uso de hormônios para casos antes dos 18 anos. Ela prefere tratar a acne e outros sintomas com medicamentos específicos. Durante esta fase, os meninos podem sofrer de ginecomastia, que é o aumento – quase sempre temporário (90% dos casos) – do volume das mamas. Provoca dor e a maioria tem vergonha de admitir o problema. Assim como a acne é provocada pelo aumento da produção de testosterona nas meninas, a ginecomastia é causada pela elevação do nível de estrogênio nos meninos.

Comportamento

A neurocientista carioca Suzana Herculano-Hoezel, autora de O Cérebro em Transformação (Objetiva, R$ 34,90) explica que a “culpa” pelas mudanças de humor nos adolescentes não pode ser atribuída apenas aos hormônios. “Os hormônios sexuais alteram apenas o comportamento sexual dos adolescentes. É a transformação estrutural e funcional do cérebro a responsável pelo comportamento típico desta fase da vida.”

Na adolescência, o hipotálamo fica mais sensível à ação dos hormônios, por isso, a produção excessiva de testosterona nos meninos pode deixá-los mais agressivos. “Um tumor no hipotálamo, por exemplo, pode ser responsável por atitudes ainda mais exageradas, mas neste caso, a causa é a doença.”

No caso de hipotireoidismo, o adolescente pode ficar apático, deprimido e sem disposição. “Os meninos com puberdade precoce ou acelerada tendem a ficar mais irritados e agressivos, devido à alta produção do testosterona. Ele também se sente desorientado, pois ainda não tem maturidade para lidar com estas sensações”. lembra Margaret.

Observações

Quase sempre o diagnóstico das doenças hormonais é feito através de exames de sangue, tomografias e ecografias.

Não há como prevenir grande parte dos problemas, mas um estilo de vida saudável, que envolve uma alimentação equilibrada, a prática de exercícios e uma rotina menos estressante é fundamental para evitar a obesidade e os demais distúrbios alimentares.

O tratamento de disfunções mais graves é quase sempre medicamentoso, por via oral ou através de injeções.

Serviço: Margaret Boguszewski (pediatra especializada em endocrinologia), fone (41) 3335-7237 / Gisah Amaral de Carvalho (endocrinologista), fone (41) 3264-6810.

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