Saúde e Bem-Estar

O sono dos adolescentes

Jennifer Koppe
05/02/2007 00:09
jenniferk@gazetadopovo.com.br


A estudante Samanta Vosgerau aproveita as tardes para tirar um cochilo.
Para a maioria dos adolescentes, fim de semana e férias são sinônimo de dormir até a hora do almoço, ou até um pouco mais. Por isso, são quase sempre rotulados de preguiçosos por perderem a metade do dia na cama. Alguns pais ficam preocupados, até mesmo irritados, mas os especialistas garantem que o que acontece é natural e até necessário.
A estudante Samanta Vosgerau, 18 anos, já levou algumas broncas da mãe por não aproveitar melhor as tardes livres, mas dormir neste horário foi a melhor maneira que encontrou para repor as energias. “Trabalho de manhã e faço faculdade à noite. Por isso, sempre que posso, tiro um cochilo depois do almoço. Nas férias, aproveito para dormir também”, conta.
Por fatores orgânicos, quem tem entre 10 e 19 anos costuma sofrer de atraso do sono. Sentem vontade de dormir e acordar mais tarde. Também precisam dormir mais horas, pois estão crescendo e passando por uma série de transformações hormonais.
O problema é que durante o ano letivo, a maioria não consegue descansar o suficiente. Acordam muito cedo e dificilmente dormem antes da meia-noite. “Dormir não é apenas uma necessidade de descanso físico e mental. Durante o sono ocorrem vários processos metabólicos que, se alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o organismo a curto, médio e longo prazo. Estudos provam que quem dorme pouco tem menos vigor físico, envelhece precocemente e está mais propenso a infecções, obesidade, hipertensão e outras doenças”, explica a pediatra Eliane Cesario Maluf.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos constatou que apenas 15% dos jovens de 13 a 18 anos dormem o número mínimo de horas necessárias (cerca de oito horas) nos dias letivos. “A privação de sono nos adolescentes causa irritação, a diminuição da memória e da concentração e, conseqüentemente, baixo rendimento escolar”, enumera a psiquiatra especialista em sono, Gisele Minhoto.
Nas férias, é mais do que normal eles aproveitarem para tirar o atraso. “Não há problema em deixá-los mais soltos, desde que consigam manter pelo menos duas refeições adequadas e dormir um tempo suficiente para repor as energias para as atividades diárias”, explica a hebiatra Julia Cordellini.
Mas o excesso de sono pode ser um sinal de alerta. “Se o adolescente estiver passado por um período de intensa atividade, ou se recuperando de uma doença, é natural dormir um pouco mais para se recompor. Por outro lado, pode indicar anemia, depressão ou estar servindo como um mecanismo de defesa ao medo de alguma situação”, alerta a médica.
Serviço: Eliane Cesario Maluf (pediatra), fone (41) 3225-3511 / Gisele Minhoto (psiquiatra), fone (41) 3024-9950 / Julia Cordellini (hebiatra), fone (41) 3016-2292.