Saúde e Bem-Estar

Restrições, mudanças e alegrias: os paradoxos de se ter filhos

Camille Bropp
01/01/2016 09:00
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Restrições x alegrias
A autora mostra que a aventura traz consigo esse paradoxo: momentos felizes e outros nem tanto. Veja trechos do livro.
1) É o fim da liberdade de obrigações
“Se é assim que você concebe liberdade — como estar livre das obrigações –, então a transição para a maternidade ou paternidade é um choque estonteante”, escreve Jennifer. “A maioria dos americanos tem liberdade para escolher ou trocar de cônjuges e a classe média tem pelo menos um pouco dessa liberdade para escolher ou trocar de carreira. Mas não podemos escolher ou trocar nossos filhos, nunca. Eles são a última obrigação vinculante numa cultura que não pede quase nenhum outro compromisso permanente”. O lado bom, diz Jennifer, é reconhecer que “nenhuma vida que valha a pena ser vivida” é totalmente sem limites.
2) O casamento muda
“Antes de formarem uma família, os parceiros que formam um casal muitas vezes pensam que os filhos aprimoram a união, imaginam que introduzi-los no relacionamento vai dar mais força e motivos para persistir. E casais com filhos são, aliás, muito menos propensos a se divorciar, pelo menos enquanto os filhos são pequenos. Mas também são muito mais propensos ao conflito”, escreve Jennifer. Filhos são mais motivos de discussão do que dinheiro e parentes, dizem estudos. Um motivo é o aumento da carga de trabalho doméstico e da “tensão financeira”.
3) A visão do mundo fica bem mais leve com crianças
Com a vida adulta, todos passamos a concordar que “com seriedade” é a melhor forma de se resolver tudo. “[Mas] nem todos os e-mails precisam de respostas, às vezes as datas-limite existem mais na nossa cabeça do que na realidade”, avalia a autora. “É espantoso ver que muitos pais e mães (…) falam sobre a alegria que sentem ao poder se livrar de suas inibições de adultos, mesmo que apenas por alguns minutos por dia. Para as mulheres, isso tendia a ser cantar e dançar (…). E houve também o pai que descreveu de forma mais sucinta: ‘eu gosto [de ter meus filhos por perto] porque posso bancar o idiota em público’”.
4) Pais enfrentam ingratidão, principalmente de adolescentes
Os pais modernos cada vez mais colocam os filhos nos centros das suas vidas. Por isso, a chegada da época em que a criança busca autonomia, quer se desvencilhar da família, pode ser dolorida. “Ingratidão é uma das maiores tristezas da criação de filhos (…). E durante a adolescência, essa ingratidão recebe o tempero extra do desprezo. É muita coisa para enfrentar”, descreve Jennifer. O envolvimento dos pais com os filhos não exatamente “os vacina” contra a rejeição, alerta a autora. Especialmente porque os anos anteriores podem ter sido de muita união, e adolescentes estão bem mais preparados a argumentar (e a ferir) do que crianças. “Os pais precisam aprender, por estágios, a ceder o controle físico e a segurança que foi deles um dia”.