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“Use filtro solar”. A recomendação escrita por Mary Schimich em 1997 correu o mundo, quem não lembra? No Brasil, o jornalista Pedro Bial foi responsável pela versão em português do texto que, entre outros conselhos, adverte para os benefícios “provados e comprovados” do cosmético. Anos depois, muitos começaram a questionar sobre este uso, alegando que o protetor seria um dos principais responsáveis pela epidemia de deficiência de vitamina D que atinge a população mundial. Mas, afinal, o filtro é vilão ou mocinho?

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No ano passado, a Sociedade Brasileira de Dermatologia publicou um estudo que absolve (pelo menos por enquanto) o protetor solar. A pesquisa – que foi conduzida pelos dermatologistas Flávio Luz, Clívia Carneiro, Hélio Miot e Sandra Durães e contou com o apoio da equipe do laboratório de análises clínicas da Universidade Federal Fluminense (UFF) – envolveu 95 voluntários, divididos em três grupos. Um deles foi totalmente privado da luz solar, e os outros dois expostos a doses baixas sol (de 10 a 15 minutos), um com e outro sem filtro com fator de proteção solar (FPS) 30.

“A variação dos níveis de vitamina D entre o grupo exposto com filtro solar e o grupo exposto sem o filtro não foi  significativa, indicando que não houve diferença substancial entre a exposição solar leve com e sem filtro solar”, explica Miot.

Proteção do bem

A confirmação joga luz sobre uma das questões mais controversas da dermatologia, segundo a médica Elisa Siqueira, dermatologista do Hospital Marcelino Champagnat. Sua principal contribuição, destaca, é reforçar uma prática considerada fundamental para manter a saúde da pele: fugir da exposição demasiada e sem proteção ao raios ultravioleta, extremamente nocivos à saúde. “Os raios UV podem causar danos terríveis, como foto dermatose, alterações na espessura da pele e câncer”, alerta.

Ela aponta, ainda, mais um aspecto levantado pela pesquisa: a exposição, para garantir os níveis de vitamina D, pode ser feita em horários com menor incidência de raios UV, o que é considerado mais seguro pelos médicos. “O ideal é que se tome sol antes das 10 horas e depois das 15 horas. É aquele sol do bebê”, adverte.

O verdadeiro culpado

O grande vilão responsável pela epidemia de hipovitaminose D – estima-se que metade da população brasileira tenha carência desta vitamina e no Sul do país estudos mostram um número ainda mais assustador, cerca de 70% da população – é o ritmo da vida moderna, aponta a médica.

Uso de filtro solar não compromete a absorção de vitamina D, diz estudo

“Somos uma sociedade de escritório. Hoje vivemos trancados, não nos expomos de forma suficiente”, alerta Elisa. Para ela, uma forma de driblar a carência seria incluir banhos de sol diários. “Bastam 10 minutos por dia e o melhor é ir alternando as áreas expostas, em um dia expondo as pernas, no outro, os braços, por exemplo, já que os efeitos dos raios UV são cumulativos”, sugere.

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Além da falta de exposição, outros fatores podem contribuir para a carência, como a idade (a tendência é que idosos, por terem a pele mais “grossa”, precisem de maior exposição para garantir os níveis da substância), má-absorção no intestino (em pacientes que fizeram cirurgia bariátrica, por exemplo) e até mesmo o uso de determinados medicamentos.

Vitamina coringa

Responsável por manter o sistema imunológico em dia e deixar ossos e músculos mais fortes, a vitamina D é uma das substâncias mais importantes para o organismo e já tem mais de 80 funções listadas pelos cientistas. Estudos indicam que ela também atua no sistema cardiovascular e que seria uma importante aliada na prevenção e tratamento de doenças autoimunes, como esclerose múltipla e artrite.

Ela até pode ser encontrada em alimentos como peixes, mas sua principal fonte, cerca de 90%, é a síntese a partir da exposição da pele ao sol.

Suplementação com indicação

Nos casos em que existe carência ou deficiência de vitamina D é possível fazer a suplementação, mas Elisa alerta que ela sempre deverá ser orientada por um médico, após a realização de um exame de sangue para medir os níveis e determinar a quantidade a ser prescrita.

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“Hoje vemos muitas pessoas tomando vitamina sem indicação, mas isso pode trazer danos à saúde. Pode haver uma sobrecarga renal, levando à cálculos e até mesmo comprometendo a absorção de cálcio pelo organismo”, explica.

 

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