• Carregando...
Com uma revisão no seu dia a dia, na ergonomia das atividades, prática de exercícios físicos e alongamentos, você já vai melhorar a sua dor. Foto: Bigstock.
Com uma revisão no seu dia a dia, na ergonomia das atividades, prática de exercícios físicos e alongamentos, você já vai melhorar a sua dor. Foto: Bigstock.| Foto:

Você já sentiu uma fisgada, queimação ou pontada nas costas? Em todo o mundo, estima-se que 80% da população vá experienciar episódios de dores nas costas em algum momento da vida.

No Brasil, a dorsalgia é a condição ocupacional que mais afasta os trabalhadores brasileiros por mais de 15 dias, refletindo um dado também global: a maior parte das pessoas que sofre com dores nas costas está em idade produtiva e inserida no mercado de trabalho.

“A má ergonomia no ambiente de trabalho e doméstico é um dos principais fatores que causa dores nas costas”, aponta Jonas Lenzi, médico ortopedista do Hospital Santa Cruz especialista em coluna e intervenção em dor pelo World Institute of Pain.

Definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor como uma experiência sensorial desagradável associada a um dano real ou potencial dos tecidos, a dor nas costas serve de alerta para começar uma mudança imediata de hábitos – e marcar uma consulta ao médico.

>>Estratégia Popeye dobra chance de crianças comerem de modo mais saudável

Especialistas apontam que as lombalgias mecânicas, ou seja, causadas por questões como movimentos repetitivos e sobrecarga, são a origem mais comum de dores nas costas.

Dores nas costas podem ser fruto de diversos fatores, mas o principal é a má postura. Foto: Bigstock.
Dores nas costas podem ser fruto de diversos fatores, mas o principal é a má postura. Foto: Bigstock.

Em segundo lugar estão tensões musculares ou lesões nos ligamentos. A dor nas costas também pode ser sintoma de alguma doença que atinge órgãos como rins, pâncreas e intestino — mas esse quadro é minoritário frente à dor como sintoma de uma rotina de maus hábitos, como tabagismo, obesidade e sedentarismo, e falta de cuidados com a coluna vertebral.

No consultório de Lenzi, a maioria dos pacientes até os 35 anos não apresenta doenças crônicas ou lesões graves. Na verdade, são heavy users de smartphones e notebooks, aparelhos cujo uso raramente se dá com a ergonomia correta: o ideal é que todas as telas estejam na altura dos olhos, sem que o usuário precise inclinar a cabeça para baixo.

No consultório do ortopedista Carlos Eduardo Miers, da Paraná Clínicas, a situação se repete — majoritariamente seus pacientes apresentam causas mecânicas para as dores.

“Com uma revisão no seu dia a dia, na ergonomia das atividades, prática de exercícios físicos e alongamentos, você já vai melhorar a sua dor”, explica Miers.

Ainda que os médicos frisem que cada caso é um caso, com base na recorrência de certos quadros clínicos é possível traçar um panorama de fatores e doenças que podem estar relacionadas às dores nas costas, dependendo da região em que são localizadas. Confira:

Cervical

A região cervical começa logo abaixo do crânio e vai até o topo da coluna torácica, abrangendo a nuca e o pescoço. Dores nesta parte do corpo geralmente estão relacionadas à má postura, além de quadros de estresse e ansiedade, fatores que levam o indivíduo a contrair os músculos por bastante tempo, criando a famosa tensão, que pode se espalhar para os ombros.

“Normalmente é uma dor localizada, que chega no final do dia. Ela pode melhorar com alongamentos, antiinflamatórios e relaxantes musculares triviais”, explica Miers.

A postura correta para evitar dores na região cervical é manter as orelhas alinhadas com os ombros — ou seja, evitar posicionar a cabeça muito à frente para realizar atividades como ler, mexer no celular ou no computador. Já para evitar a contração prolongada dos músculos, cuide também da sua saúde mental: ouça uma música, dê uma volta e encare o estresse como uma síndrome real, com consequências sérias e precisa ser evitada.

Outra reclamação comum relacionada à região cervical é o torcicolo, um tipo de dor que limita a mobilidade do pescoço. Entre suas causas mais corriqueiras está a má posição da coluna durante o sono. Para dormir melhor, privilegie dormir de lado, com o travesseiro mais ou menos na altura entre a ponta do queixo e a base do ombro, mantendo a coluna alinhada.

Meio das costas

De acordo com Miers, quando originadas por fatores mecânicos, as dores no meio das costas geralmente atingem pessoas que exercem trabalhos braçais ou que fazem atividades de repetição, como passar roupas. Em pessoas com mais de 50 anos, essa dor também pode apontar para algumas doenças — entre as mais comuns, a osteoporose. “A condição enfraquece os ossos, que ficam menos aptos a suportar o peso do corpo. Isso causa microfraturas nas vértebras, que vão se achatando e passam a causar dor”, explica o médico.

O local da dor dependerá de onde aconteceu a fratura, mas geralmente ela ocorre um pouco acima da lombar. Para pensar em um quadro clínico que sugira a osteoporose como causa da dor nas costas, pode-se considerar o perfil de risco para a doença: tabagistas, mulheres após a menopausa e pessoas com hábitos sedentários.

Lombar

Bastante comum, a maioria dos episódios de lombalgia é de curta duração. Entre as causas se repete a má postura, a falta de ergonomia das atividades realizadas durante o dia, mas também fraqueza muscular, encurtamento por falta de alongamento e sobrecarga.

O ortopedista Jonas Lenzi aponta que muitos pacientes reclamam de dores na lombar ao acordar ou antes de dormir, mas durante o dia a dor some. Este quadro, aponta o médico, geralmente pode ser resolvido incluindo sessões de alongamento e exercícios físicos na rotina. “Durante o dia, o corpo está em movimento, aquecido, e a dor desaparece”, explica Lenzi.

Sessões de alongamento e exercícios físicos na rotina ajudam contra dor lombar. Foto: Bigstock
Sessões de alongamento e exercícios físicos na rotina ajudam contra dor lombar. Foto: Bigstock

Caso a dor na região lombar não seja atenuada com alongamentos, é importante fazer um diagnóstico médico para identificar se não há fratura vertebral, infecção ou distúrbios inflamatórios, três das principais causas de dores persistentes na região, de acordo com artigo publicado na revista científica The Lancet.

Estes quadros inflamatórios podem ser aliviados mantendo uma alimentação saudável e mais restritiva — carnes vermelhas, peixes, doces e laticínios no geral são alimentos com grande potencial inflamatório e, portanto, é recomendado moderar o consumo.

Hérnia de Disco

Quando se identifica um tipo de dor nas costas que irradia para braços e pernas somado a formigamento, amortecimento, alteração de sensibilidade ou perda de força muscular, é importante procurar um médico.

Este é o quadro típico de uma hérnia de disco, condição na qual os discos que evitam o atrito entre as vértebras e amortecem os impactos das atividades do dia a dia se deslocam ou se desgastam.

“Nem toda hérnia de disco tem sintomas. Não é porque eu faço um exame de ressonância e aparece uma desidratação do disco, uma degeneração, que esta é a causa do que eu sinto”, explica Miers. São fatores mecânicos os principais responsáveis pelas dores nas costas — e elas nem sempre têm relação com a hérnia de disco.

Na maioria dos casos, a lesão pode ser tratada com um cronograma de medicamentos, fisioterapia e mudança de hábitos. A cirurgia só é realmente necessária para cerca de 10% dos pacientes, sendo imprescindível um bom acompanhamento médico. “Muitas pessoas chegam sem um diagnóstico preciso de hérnia de disco”, afirma Lenzi, que realiza esta cirurgia por meio de endoscopia, mas defende a possibilidade de tratamentos não cirúrgicos para a lesão.

Ação preventiva

Os especialistas são unânimes em afirmar que é importante agir preventivamente para evitar qualquer tipo de dor nas costas.

Além da prática de exercícios físicos com foco em alongamento e fortalecimento muscular, manter outros hábitos saudáveis são importantes tanto na prevenção quanto no tratamento das lesões.

O tabagismo é um forte agravante. Comumente associado a doenças respiratórias e de coração, a exposição à fumaça do cigarro dificulta a irrigação dos vasos sanguíneos, incluindo as costas, causando má nutrição dos discos — um dos fatores agravantes para a hérnia de disco.

Além disso, o cigarro afeta a própria percepção de dor dos pacientes. “O tabagismo acelera os neuroreceptores, e aí a pessoa tem mais facilidade em sentir dor”, explica o Miers. Por isso, para quem faz o tratamento crônico da dor, é recomendado cessar o tabagismo.

LEIA TAMBÉM

 

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]