Saúde e Bem-Estar

Maria Fernanda Takahashi, especial para o Viver Bem

Hiperinsulinemia: resistência à insulina pode levar ao diabete

Maria Fernanda Takahashi, especial para o Viver Bem
05/08/2019 13:00
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A hiperinsulinemia é causada principalmente pela obesidade e sedentarismo, mas, diferentemente do diabete, pode ser revertida com a mudança de hábitos. Foto: Bigstock.

Predisposição genética, obesidade e sedentarismo. Juntos ou de forma isolada esses são os principais fatores que podem levar a um distúrbio silencioso de difícil diagnóstico: a hiperinsulinemia.
O quadro é caracterizado pela resistência à insulina e o consequente excesso na produção e liberação do hormônio, responsável pelo controle e equilíbrio do metabolismo dos carboidratos no organismo.
Pessoas com hiperinsulinemia estão mais propensas ao desenvolvimento de pré-diabetes, diabetes, obesidade e, em alguns casos, podem desenvolver a síndrome dos ovários policísticos. A doença pode acometer pessoas de todas as idades, inclusive crianças.

Diferentemente do pré-diabete e do diabete – que podem ser controlados para não evoluir, mas que são irreversíveis –, a hiperinsulinemia é causada principalmente pela obesidade e pelo sedentarismo e, com a mudança de hábitos e prevenção, pode ser tratada.

Como acontece

A insulina tem a função de realizar o transporte dos açúcares para todas as células do corpo, fundamental como fonte de energia e disposição. Cada célula, contudo, absorve a glicose de maneira diferente: as musculares, por exemplo, são mais sensíveis e, por meio da atividade física, permitem a penetração do açúcar.
As células adiposas, por outro lado, não têm a mesma capacidade devido à resistência natural e ao fato de produzirem substâncias inflamatórias que interferem no processo.
Nesse quadro específico, as células são incapazes de absorver a insulina produzida pelo pâncreas e entram em um ciclo perigoso: quanto mais hormônio é produzido, mais resistente a pessoa se torna.
Com a predominância das células resistentes – normalmente em pessoas acima do peso e que não praticam atividades físicas –, o organismo força um aumento na produção de insulina, resultando na hiperinsulinemia, uma fase inicial do diabetes.

Sedentarismo e obesidade

“Um estilo de vida sedentário, sem prática de atividades físicas, e a alta ingestão calórica, proveniente de alimentos ricos em açúcares e gorduras, são fatores que auxiliam para a expansão do tecido adiposo que, por sua vez, também contribui para a resistência ao funcionamento da insulina e a hiperinsulinemia”, explica Claudia Sanches, endocrinologista do Centro de Diabetes Curitiba.

Uma das maiores dificuldades do quadro é o fato de ser assintomático, silenciosamente consumindo o estoque de insulina que cada indivíduo é capaz de produzir ao longo da vida.
“Ela não produz sintomas perceptíveis na grande maioria dos pacientes, o que dificulta o reconhecimento dos riscos de desenvolver e da progressão do diabete”, salienta Claudia.
Justamente por isso, pessoas pertencentes ao grupo de risco precisam ficar atentas: além dos sedentários e de quem está acima do peso, quem tem uma alimentação mais calórica ou histórico familiar de diabete precisa ter o conhecimento desse distúrbio.
A realização de exames de sangue frequentes contribui para a identificação da hiperinsulinemia – diagnosticada pela medição da insulina sérica – e pode evitar o avanço do quadro.
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Atividade física

Para a hiperinsulinemia, vale o ditado “é melhor prevenir do que remediar”, pois a principal forma de tratamento é a mesma para impedi-la: hábitos de vida saudáveis, como prática regular de exercício físico e boa alimentação.

“A atividade física sensibiliza as células à ação da insulina. As células musculares abrem seus canais transportadores de glicose (GLUTs) para se recuperar de uma atividade física, por isso é um hábito tão importante”, diz Fernanda Justus Malucelli, endocrinologista que trabalha com pesquisa na área de diabetes.
A profissional salienta que, de acordo com pesquisas clínicas, o exercício físico é mais eficaz para a prevenção do que o uso de medicamentos.
Além de se exercitar mais, deve-se valorizar a escolha dos alimentos, evitando frituras e dando preferência a opções mais saudáveis, como frutas, verduras e legumes, associados a carboidratos complexos e proteínas.

“É preciso reduzir a ingestão de açúcares, especialmente os que são absorvidos muito rapidamente, doces e massas, que exigem que o pâncreas trabalhe rápida e excessivamente”, exemplifica a endocrinologista.

Apostar na ingestão de fibras, iniciando a refeição com uma salada verde, por exemplo, que deixa mais lenta a absorção dos carboidratos e reduz a exigência para o órgão é uma boa dica.

Diabetes tipo 2

Os mecanismos da hiperinsulinemia estão interligados ao aumento das chances de desenvolvimento de diabete tipo 2, versão mais comum da doença e que está relacionada aos hábitos de vida, como a alimentação e a prática de atividades físicas.

Com a resistência das células na absorção da insulina, o pâncreas aumenta a sua produção. O diabete prevalece quando a secreção de insulina já está comprometida com a sobrecarga do órgão.

Ou seja, o pâncreas não consegue mais produzir a quantidade de insulina necessária para normalizar os níveis de glicose, fazendo com que a taxa de açúcar no sangue fique mais alta.
“A hiperinsulinemia pode ser considerada uma fase inicial da doença, já que, com o passar do tempo, além da resistência insulínica aumentar, a secreção desta pelas células pancreáticas reduz, desenvolvendo o quadro pleno do diabete”, afirma Claudia, que é membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
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