Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Homem tem pernas e mãos amputadas depois de ser lambido por cachorro

Amanda Milléo
03/08/2018 13:42
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(Foto: VisualHunt)

Greg Manteufel, pintor norte-americano de 48 anos, teve as mãos e as pernas amputadas depois de contrair uma bactéria presente na saliva do seu cachorro de estimação. Embora esse micro-organismo esteja presente na boca da maioria dos cães e gatos, visto que compõe a microbiota desses animais, as infecções a partir da bactéria Capnocytophaga canimorsus não são comuns – e as sequelas de uma lambida do bicho nem sempre acabam no hospital.
Para Greg, porém, a história foi diferente. Conforme o relato da família em uma página de arrecadação de dinheiro para o custeio do tratamento, o pintor apresentou sintomas que se assemelhavam a uma gripe no fim de julho e, no dia 27 (sexta-feira), o corpo de Greg entrou em choque séptico. O motivo foi uma infecção a partir da bactéria canina, contraída depois de uma lambida de cachorro.
Em pouco tempo, todas as áreas do corpo e tecidos de Greg foram afetadas pela infecção, que gerou a sepse e formou coágulos que impediram a circulação de sangue para as extremidades. Decorrente dessa situação, os dois pés tiveram de ser amputados e, depois de uma segunda cirurgia para remoção dos danos nas pernas, os médicos decidiram por cortar as pernas na altura dos joelhos. Parte das mãos também precisaram ser retiradas e o nariz do pintor foi afetado – o que exigirá mais cirurgias de recuperação.
A família agora busca pela recuperação de Greg e, futuramente, a compra de próteses que favoreçam a qualidade de vida.
(Foto: reprodução Facebook da esposa de Greg, Dawn)
(Foto: reprodução Facebook da esposa de Greg, Dawn)
Em 2016, outro caso, ocorrido na Inglaterra, mostra os riscos das lambidas dos animais. Uma senhora de 70 anos teve de ser internada durante um mês depois que seu cachorro a lambeu na região da boca. O caso foi relatado no periódico científico British Medical Journal (BMJ).
Da mesma forma, na senhora inglesa foi detectada a bactéria Capnocytophaga canimorsus, que também gerou um quadro de sepse. Depois de duas semanas de cuidado intensivo, com uso de medicamentos antibióticos de amplo espectro, a idosa teve recuperação completa, sem sequelas.

Risco das lambidas

Gerar infecções a partir da bactéria Capnocytophaga canimorsus é um cenário bastante raro, conforme explica Sérgio Penteado, médico infectologista do hospital Marcelino Champagnat. “Praticamente todos os cachorros têm essa bactéria na boca e a infecção está muito mais relacionada a questões de imunidade e saúde da pessoa infectada do que a bactéria ou os animais”, explica.
Receber uma lambida, portanto, não se traduz em um risco importante à saúde. Pessoas com histórico de alcoolismo e quem tiver passado por uma esplenectomia (cirurgia de retirada do baço), porém, precisam ter atenção. O risco de infecções nesse grupo, como pela bactéria que atacou o norte-americano Greg, é maior.
“Eles têm um risco maior de desenvolver uma infecção da corrente sanguínea, que normalmente tem relação com mordidas de animais, como os cães, ou o contato da saliva com a pele machucada ou ferimentos nas mãos”, explica Penteado.
Para prevenção da população em geral, o melhor cuidado é na limpeza das mãos após contato com os animais com lavagem ou uso do álcool em gel, e evitar as lambidas de cães e gatos quando houver algum ferimento na pele. “Essa bactéria costuma ser sensível aos antibióticos, não tem uma resistência muito grande. O problema é que as pessoas deixam passar muito tempo para procurar ajuda, o que pode evoluir para um quadro maior”, reforça o especialista.
A sepse, infecção que atinge diversas áreas do corpo, pode ser gerada por diferentes bactérias, mas apresenta sinais importantes que ajudam na detecção precoce. Fique atento, no caso da bactéria presente na saliva dos animais, em sinais na pele. Da mesma forma, em caso de febre, mal estar geral e sinais inflamatórios em um ferimento na pele, procure por auxílio médico.
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