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Infecções por HIV têm queda recorde, mas aumentam entre idosos em SP

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29/11/2019 11:00
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Idosos estão com vida sexual mais ativa devido aos medicamentos para disfunção erétil e apps de relacionamento. Foto: Bigstock.

As infecções por HIV registraram queda recorde na cidade de São Paulo no último ano, mas aumentaram entre os idosos.
Embora o grupo mais vulnerável ao vírus continue sendo o de homens jovens, a parcela da população maior de 60 anos foi a única, entre adultos, na qual foi observado crescimento dos casos de HIV, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde.
No cenário geral, o número de novas infecções na capital caiu quase 18% entre 2017 e 2018, passando de 3.826 registros para 3.145.
Mesmo índice de redução foi observado na taxa de detecção que indica o número de infectados por 100 mil habitantes.
O indicador passou de 32,7 para 26,8 no período analisado. É a maior queda desde 1996. Entre 2016 e 2017, a taxa de detecção já havia caído 1,9%.

Entre os idosos, o número de novos casos aumentou 15%, passando de 92 em 2017 para 106 no ano passado.

É a primeira vez, desde 2006, que a cidade observa diminuição da taxa de detecção por dois anos seguidos.
“A queda consecutiva pelo segundo ano indica, em epidemiologia, uma tendência mais sólida de queda, e não algo apenas pontual”, destaca Cristina Abbate, coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids da Prefeitura.
Segundo Cristina e outros especialistas no tema, o principal fator para a redução significativa no número de infecções foi a introdução, no SUS, da profilaxia pré-exposição (PrEP), terapia com medicamentos antirretrovirais oferecida a pessoas sem o HIV de forma preventiva.
Geralmente, ela é indicada a grupos mais vulneráveis à infecção, como jovens homossexuais, profissionais do sexo ou casais em que apenas um dos parceiros é soropositivo.
“Foram vários fatores que contribuíram para essa queda, como aumento de testes realizados, oferta de camisinhas e ampliação do leque de opções de prevenção, como a profilaxia pós-exposição e pré-exposição. Mas se eu tiver de indicar o fator principal, foi a PrEP”, explica Cristina.
A terapia passou a ser ofertada no SUS em janeiro de 2018 e hoje já é usada na cidade por cerca de 4 mil pessoas.

“Foi de fundamental importância porque foca nos grupos mais vulneráveis. É uma estratégia que funciona, mas que precisa ser ampliada para mais pessoas, incluindo idosos”, destaca Gisele Cristina Gosuen, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Idosos
A especialista, responsável pelo Ambulatório de HIV e o Envelhecer da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), destaca como causas para o aumento de casos entre idosos uma vida sexual mais ativa nessa geração, possibilitada por medicamentos para disfunção erétil e aplicativos de relacionamento.
Ela ressalta que as políticas públicas de HIV/Aids precisam também contemplar essa população.

“Conversar com o idoso sobre sexo ainda é um tabu. As estratégias de prevenção e de tratamento são pensadas para os jovens. O idoso tem outro comportamento e condições de saúde que nem sempre permitem que ele inicie o tratamento com os mesmos medicamentos que o jovem”, afirmou.

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