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Dados de inseminação artificial no Brasil mostram crescimento de 18% em 2018 (Foto: Bigstock)
Dados de inseminação artificial no Brasil mostram crescimento de 18% em 2018 (Foto: Bigstock)| Foto:

O avanço tecnológico, e o maior interesse e conhecimento da população, colaboraram para o aumento de 18,7% nas fertilizações por inseminação artificial realizadas no Brasil em 2018.

Divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em meados de julho, o número total de fertilizações in vitro realizadas no ano passado foi de 43.098, contra 36.307 realizadas em 2017.

Os dados foram identificados no 12º Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio) e enviados à Anvisa por 154 (85,5%) dos 180 bancos de células e tecidos germinativos cadastrados na agência.

O estado de São Paulo foi o que mais realizou ciclos de fertilização (embriões transferidos ao útero da paciente): 20.170 em todo o ano, representando 46,8% do total do Brasil. Na sequência estão Minas Gerais, com 4.221 ciclos, e o Rio de Janeiro, 3.959 ciclos.

Dos embriões congelados no mesmo período, o relatório também aponta para um aumento: 13,5% de crescimento em relação a 2017. As regiões do país em destaque foram Sudeste, com 65% do total, e na sequência o Sul (com 14%), principalmente pelos números do Rio Grande do Sul, um dos estados que mais congelou embriões no país.

Segundo dados da Rede Latino-americana de Reprodução Assistida (Redlara), o Brasil é responsável por 60% dos tratamentos de RA (reprodução assistida) na América Latina. Ao lado dele, estão México e Argentina. 

Mais técnica e interesse

Os números crescentes na fertilização por inseminação artificial no Brasil estão relacionados a dois fatores principais: um técnico e, outro, cultural.

De acordo com Francisco Furtado Filho, médico ginecologista especialista em Reprodução Humana do hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, o avanço tecnológico na área nos últimos anos foi fundamental para esse aumento.

“O número de ferramentas que dispomos [hoje] para aumentar as taxas de sucesso de gravidez e de bebês nascidos vivos é um fator importantíssimo. A evolução tecnológica dos medicamentos indutores de ovulação, dos meios de cultivo de embriões e crioprotetores, a técnica de congelamento de gametas, de embriões e de tecido ovariano e testicular, estudo genético pré-implantacional dos embriões, estudo do endométrio. Com tudo isso, [veio também] a possibilidade de fazermos os tratamentos serem mais efetivos e assertivos”, explica o especialista, que é também diretor da clínica Fertway Reprodução Humana.

Sem tabus

Ao lado desses avanços tecnológicos, há também um menor estigma sobre a infertilidade conjugal, segundo o Francisco Furtado, que consegue ser vista como uma doença qualquer.

“[A infertilidade] tem deixado de lado muitos tabus, preconceitos e até mesmo o atraso da gestação em segundo plano pelos casais. O acesso a informações via internet e grupos variados de chats abordando a reprodução assistida reforçam ainda mais a elevação do número de tratamentos”, completa o médico responsável pelo serviço de Reprodução Humana do Complexo Hospitalar do Trabalhador, do Hospital do Trabalhador.

Com relação ao custo, Furtado acredita que também tenha um impacto, visto que centros especializados têm procurado facilitar os planos de pagamento.

“Porém, é importante ressaltar que hoje temos a possibilidade de se fazer mais com menos medicamentos, que encarecem os tratamentos. Há um número maior de pacientes que se propõem a doar óvulos para casais que não produzem mais e o congelamento para uso futuro (por opção pessoal ou indicação oncológica) também são fatores relevantes no aumento dos ciclos de inseminação no Brasil”, explica Francisco Furtado Filho, especialista em reprodução humana.

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