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Instagram oculta número de curtidas e medida beneficia saúde mental dos usuários

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17/07/2019 16:21
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Redes sociais colaboram com sintomas de ansiedade, depressão e estresse (Foto: Visual Hunt).

O Instagram anunciou nesta quarta-feira (17) uma mudança na forma como os usuários brasileiros utilizam a plataforma. O número das curtidas, ou “likes”, passará a ser ocultado do público durante um período de teste e apenas o dono da conta saberá quantas pessoas deram as curtidas em cada publicação.

A ideia, conforme anunciou a rede social, é diminuir a importância das curtidas e valorizar o relacionamento entre os usuários e as histórias que eles compartilham.

O Brasil não é o único país a receber essa novidade. A medida já vem sendo testada no Canadá desde maio deste ano e deverá se espalhar por outros locais.

Benefícios à saúde mental

Os “likes” ou curtidas das redes sociais digitais ativam a mesma área do cérebro responsável às atividades prazerosas, como comer um doce ou ganhar dinheiro. Essa foi a conclusão a que chegaram neurocientistas da Universidade da Califórnia, em um estudo em que avaliaram a reação de adolescentes entre 13 a 18 anos diante de postagens no Facebook.
Instagram ocultou as curtidas das postagens para alguns usuários, de forma que é possível ver apenas os nomes de alguns conhecidos que curtiram e "outras pessoas", sem receber o número (Foto: reprodução Instagram).
Instagram ocultou as curtidas das postagens para alguns usuários, de forma que é possível ver apenas os nomes de alguns conhecidos que curtiram e "outras pessoas", sem receber o número (Foto: reprodução Instagram).
A rede social é outra, mas a influência sobre o cérebro é a mesma. Os pesquisadores perceberam que quando as participantes se deparavam com um número elevado de curtidas em fotos delas mesmas, como selfies ou fotos com familiares, uma região específica do cérebro se destacava no exame de ressonância magnética.

O ponto, conhecido como núcleo accumbens, ao centro da massa cinzenta, era ativado — e essa é a mesma região ativada quando as pessoas fazem atividades que dão prazer.

Quando a mesma ideia de imagem (selfies ou fotos com familiares) era apresentada a outro grupo de pessoas, mas desta vez com um número menor de curtidas, as fotos não recebiam a mesma atenção que quando as imagens tinham um número maior. Além da atenção, os voluntários tinham mais predisposição para curtir fotos que já tinham recebido uma quantidade superior de curtidas.
Depressão, ansiedade, imagem corporal negativa, bullying e outros problemas de saúde também estão relacionados cada vez mais ao uso exagerado das redes sociais, conforme relatório publicado em 2017 pela Royal Society For Public Health (instituição de saúde da Inglaterra). Além disso, o tempo que passamos em frente às redes também aumenta o risco de isolamento social.

Um estudo publicado pela Universidade de Pittsburgh demonstrou que uma pessoa que passa duas horas por dia no Instagram, Facebook e Twitter dobra o risco de isolamento em comparação a quem gasta apenas 30 minutos ou uma hora por dia nas redes. 

Ovo muito curtido

Outra situação que provou o impacto das redes sociais na saúde mental foi o experimento do egg_world_record. O criador do perfil publicou uma foto de um ovo e solicitou aos usuários da plataforma que a imagem tivesse uma quantidade de curtidas maior do que a foto da filha da socialite norte-americana Kylie Jenner, post com maior número de likes no Instagram até então.

A imagem do ovo recebeu 53,6 milhões de likes, contra os 18 milhões da celebridade do clã Kardashian. 

Com o passar dos dias, porém, o ovo foi “rachando” e cerca de um mês depois os usuários descobriram a real intenção do ovo: tratar da pressão das redes sociais digitais na saúde mental dos usuários. Em um site criado a partir da postagem no Instagram, as pessoas com dificuldades para lidar com a expectativa das curtidas e das interações encontravam instituições capazes de oferecer ajuda. No Brasil, o site linkava os serviços do Centro de Valorização da Vida (CVV).
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