Escapar de intoxicação com monóxido de carbono exige decisão rápida
Mariana Ceccon, especial para a Gazeta do Povo
23/05/2019 19:58
Falta de manutenção dos queimadores dos aquecedores e também em função da falta de ventilação adequada nos ambientes onde está sendo emitido são causas da liberação do gás. Foto: Bigstock.
Sem gosto, cheiro e silencioso. O monóxido de carbono é um gás que pode matar em minutos e as vítimas não conseguem perceber o que as está asfixiando. O envenenamento ocorre rapidamente e a única coisa que se pode fazer, caso consiga perceber a contaminação, é tentar ir ao local mais próximo onde exista ar fresco, além de abrir portas e janelas para ventilar o ambiente.
O monóxido de carbono é produzido com a queima de combustíveis como gás de cozinha, gasolina, querosene, carvão ou madeira. Caldeiras, aquecedores e o escapamento de veículos estão entre os principais emissores da substância.
O perigo encontra-se justamente no fato de o gás ser inodoro. As vítimas desmaiam e muitas vezes acabam falecendo, sem sequer perceber que estão inalando o gás. A intoxicação pode ocorrer por falta de manutenção dos queimadores dos aquecedores e também em função da falta de ventilação adequada nos ambientes onde está sendo emitido.
A intoxicação por este gás é a principal linha de investigação que pretende esclarecer a morte de seis turistas brasileiros no Chile, ocorrida nesta quarta-feira. Dois casais e os filhos adolescentes faleceram após inalarem monóxido, que vazou de um aquecedor no apartamento onde estavam hospedados.
A arquiteta Iraisi Gehring, 40 anos, passou por uma situação de risco parecido, há dez anos. Em uma noite de inverno, ela e o marido fecharam todas as janelas do apartamento em Curitiba, enquanto recepcionavam amigos.
“Morávamos num apartamento que tinha um conceito moderno, mas não havia circulação de ar fixa na lavanderia, onde estava o aquecedor. Como estava muito frio, lacramos a janela para todos tomarem banho”, conta.
Ela diz que logo os quatro adultos que estavam no local começaram a passar mal, sentindo náusea, fraqueza e vomitando. “Foi caótico. Mal conseguimos sair do apartamento. Caí na cama, quase desmaiando. A sorte foi que um dos nossos amigos era biólogo e percebeu que poderia ser o monóxido”, relata. “Abrimos todas as janelas para tentarmos nos recuperar. Sequer conseguíamos levantar”, relembra.
Além dos enjoos e mal estar, o envenenamento por levar a vítima a ter dores de cabeça, confusão mental, desmaio e fraqueza.
Em artigo sobre o tema, o médico pneumologista Gustavo Prado explicou que o monóxido de carbono é um gás bastante tóxico. “Ele se liga à hemoglobina (substância que dá a cor vermelha ao sangue e é responsável pelo transporte de oxigênio) de forma bastante ávida e estável (muito mais que a ligação entre a hemoglobina e o oxigênio), reduzindo drasticamente a capacidade de transporte de oxigênio no sangue”, escreveu.
Manutenção deve acontecer quando as chamas estiverem amarelas
Em publicação oficial, o Corpo de Bombeiros do Paraná informa que em média o estado registra oito casos de óbito por ano, causados pela intoxicação pelo monóxido de carbono. A orientação da corporação é para que os aquecedores sejam instalados em locais bem ventilados.
“O aquecedor deve obrigatoriamente possuir chaminé de exaustão e deve passar por uma manutenção, no mínimo anual, para a regulagem dos queimadores”, traz como conselho o comunicado.
Outro ponto que deve chamar atenção é a cor das chamas dos aquecedores. Azul é sinal de que tudo vai bem. Se o fogo estiver amarelado, no entanto, há risco. “Se a chama apresentar coloração amarela é sinal que os queimadores estão sem regulagem e a combustão não está sendo completa e o gás monóxido está sendo produzido. O Aquecedor deve ser submetido imediatamente à manutenção”, finaliza a publicação.