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Superkit que identifica múltiplas causas de infecções deve ser lançado até 2021

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19/08/2019 19:00
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Kit não é indicado para uso rotineiro, mas para casos especiais, como descobrir o que provoca uma infecção em pacientes com septicemia, contaminação alimentar e infecções em próteses ortopédicas de difícil tratamento. Foto: Bigstock.

Em dois anos, pelas mãos de pesquisadores brasileiros laboratórios privados e hospitais públicos podem ganhar ‘kits’ únicos para identificação rápida das causas de infecção, revelando patógenos como vírus, bactérias e fungos. A previsão é que o projeto torne-se realidade em 2021.
Hoje, os ‘kits’ disponíveis no mercado são específicos para somente um microrganismo alvo, explica a pesquisadora Rosane Silva, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que desenvolve o projeto. As informações são da Agência Brasil.
O ‘kit’ vem sendo testado em equipamentos de última geração e a ideia é que ele possa ser usado também em plataformas de baixo custo. O projeto tem financiamento da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

“A ideia é tornar acessível para que qualquer laboratório possa utilizar o ‘kit’, entre os quais laboratórios de hospitais públicos. A gente quer que seja o mais abrangente possível e aplicado em equipamentos de custo mais baixo”, diz a pesquisadora.

Rosane pretende também fazer parcerias para oferecer serviços e treinamento de pessoal de hospitais públicos para melhor uso dos ‘kits’. O custo do teste pode variar de R$ 300 a R$ 4 mil, dependendo do equipamento usado. “Isso irá depender do custo da adequação do equipamento a diferentes plataformas”, explicou.

Casos especiais

Esse ‘kit’ não é indicado para uso rotineiro, mas para casos especiais, como descobrir o que provoca uma infecção em pacientes com septicemia, contaminação alimentar e infecções em próteses ortopédicas de difícil tratamento.

Pode fazer ainda o monitoramento ambiental em solos e águas que estejam contaminados por bactérias resistentes a antibióticos, além de detectar infecções no tecido cardíaco, como endocardites, e em pacientes pediátricos, incluindo neonatos e prematuros. O ‘kit’ identifica a conduta terapêutica que deve ser adotada.
O resultado do ‘kit’ sai entre 48 horas e 72 horas, mas a pesquisadora pretende que ele seja dado o mais rápido possível. “Em menos de cinco dias”.

A pesquisadora espera validar todos os testes em até 24 meses. Ela está adaptando o sistema para que possa ser usado por laboratórios mais distantes ou remotos e que não tenham muitos recursos.

A fase atual de testes é a mais difícil, avalia Rosane Silva, porque envolve amostras clínicas que necessitam da autorização prévia dos pacientes. De acordo com a pesquisadora, o ‘kit’ pode ser direcionado também para uma assinatura genômica dos ácidos nucleicos.
A detecção simultânea de microrganismos associados à saúde humana reduz as internações e, em consequência, diminui os custos hospitalares e a mortalidade.

“Se você tem o mais breve possível a identificação do patógeno, isso permite ter o medicamento adequado para aquele tipo de patógeno. O paciente vai se recuperar mais rápido, com menos custos de internação”.

Ao mesmo tempo, reduz a mortalidade porque o paciente usufrui dessa informação para ter o medicamento correto, em vez de ser submetido a testes de diferentes drogas que acabam minando a resistência da pessoa.
O financiamento da Faperj para realização do projeto alcançou R$ 690 mil e o da Capes, R$ 100 mil. A Universidade do Texas é parceira intelectual do projeto. Os resultados alcançados até agora geraram três artigos sobre o tema na revista científica PLOS One, e nos jornais ‘Microbiologyopen’ e Gene.
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