Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo*

Pesquisa revela que ainda existe preconceito com as causas do câncer de mama

Amanda Milléo*
04/10/2018 07:00
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Mulheres com câncer de mama escutam que doença é "castigo" ou resultado de "mágoas". Foto: Ruben Hutabarat/Unsplash.

Todo o mês de Outubro, os monumentos e pontos turísticos no país — e no mundo — se vestem de cor de rosa para reforçar a conscientização e prevenção ao câncer de mama. Embora sejam ações importantes, não são suficientes para a desmistificação da doença, conforme estudo realizado pelo laboratório Pfizer Oncologia e divulgado no fim de setembro em um encontro para jornalistas, em São Paulo*.
Nas entrevistas com 170 pacientes, 54% das mulheres disseram que ainda existe um preconceito muito grande com relação ao câncer de mama. A sociedade, de forma geral, tende a acreditar que a doença se desenvolve devido a uma mágoa ou como resultado de um castigo à mulher. Ou, ainda, que a culpa da doença está relacionada com terceiros, como o trabalho intenso ou as discussões com o cônjuge.

Essa visão não está restrita a familiares ou amigos, mas recai sobre como as próprias mulheres pensam o câncer de mama. 

“É impressionante a quantidade de coisas que são folclóricas ou populares que se associam ao tratamento do câncer de mama. Por exemplo, pacientes que não querem viajar com a família porque acham que o tratamento as impede, porque tomaram um determinado remédio. Isso não faz sentido, na maioria das vezes”, explica Eurico Correia, diretor médico da Pfizer.
Quando há restrições, claro, elas são discutidas em consultório, mas o que é visto pelos especialistas é uma pré-censura por parte delas.
“Eu já cheguei ao ponto de receber paciente no consultório e, sabendo que tinha outra na sala de espera, colocava as duas juntas e deixava elas conversarem sobre a doença. Sou muito favorável do patient advocacy, onde o paciente advoga sobre a doença. Isso muda completamente a visão. Até mais do que se eu ficasse uma hora conversando com a mulher e a família”, relata Marcelo Cruz, médico oncologista clínico do hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

Vida social

Foto: Annie Spratt/Unsplash.
Foto: Annie Spratt/Unsplash.
Viajar com a família e amigos foi apontada por 50% das pacientes como uma atividade de lazer que teve de ser deixada de lado depois do diagnóstico do câncer de mama — situação nem sempre exigida pelos médicos, conforme lembra Eurico Correia, divulgador do estudo da Pfizer.
Em 45% das respostas, as mulheres disseram ter abandonado a saída aos finais de semana para passeios; 35% deixaram de beber socialmente com os amigos; 15% deixaram de trabalhar e 13% abandonaram a prática esportiva. Ainda assim, 10% das pacientes não mudou em nada a rotina.

Familiares sofrem mais que pacientes

Outro dado divulgado foi a intensidade da angústia causada pelo diagnóstico: 88% dos 240 familiares entrevistados relataram muito sofrimento. O número contrapõe aos relatos das pacientes, onde apenas 72% delas indicavam a mesma intensidade de sofrimento.
E o que mais ajuda no enfrentamento da doença não são as comunidades virtuais em redes sociais digitais, mas no encontro presencial com a família e outras pessoas que passam pela mesma situação.
Os dados das pacientes do Sul do país (Curitiba e Porto Alegre) mostram que 60% delas encontram suporte emocional em reuniões familiares; 28% em encontros com pacientes; 12% em trabalhos voluntários em ONGs, 16% em viagens e passeios com pacientes e apenas 8% em comunidades no Facebook.

Coletivo Pink: informações sobre câncer de mama a todos 

A casa na Consolação, em São Paulo, vai abrigar atividades relacionadas ao câncer de mama durante todo o mês de Outubro. Foto: Facebook/Coletivo Pink.
A casa na Consolação, em São Paulo, vai abrigar atividades relacionadas ao câncer de mama durante todo o mês de Outubro. Foto: Facebook/Coletivo Pink.
Diversas associações de combate ao câncer no país se uniram para criar o Coletivo Pink, um projeto de disseminação de informações, serviços e atividades educativas ao público sobre o câncer de mama. A ideia é ter um espaço físico onde as mulheres pacientes, familiares ou quem tiver interesse em saber mais sobre a doença, possa se reunir.
Localizado em São Paulo, em um casarão centenário pintado de pink nas imediações da Avenida Paulista, o Coletivo Pink oferecerá aulas, workshops e oficinas para fomentar a discussão sobre o câncer de mama durante todo o mês de outubro, nas quintas e sextas-feiras e aos fins de semana.
A cada semana, uma temática diferente, e a programação completa poderá ser acessada aqui.
4 a 7 de outubro: Sob o tema “Alimentação, exercícios e álcool: meus hábitos podem interferir no câncer de mama?”, os interessados poderão se inscrever em aulas coletivas de ioga no jardim da casa, discutir os hábitos de vida com educador físico, nutricionista e oncologista. Já as pacientes poderão participar de uma oficina sobre marmita saudável com o chef Guilherme Cardadeiro, do programa Masterchef, além de oficinas de hortas orgânicas em casa e aulão de ioga customizada com instrutora-paciente.
11 a 14 de outubro: Na segunda semana, a temática dos encontros no Coletivo Pink estará centrada em: “Mulher moderna, família, filhos e hereditariedade: como esses fatores se relacionam com o câncer de mama?”. Para a sociedade, serão ofertados debates com ginecologista, mastologista, pacientes e influenciadoras sobre maternidade tardia, genética e amamentação como fator protetor ao câncer de mama. Já as pacientes poderão criar terrários, fazer artesanato em família, oficina de automaquiagem e técnicas de fotografia para celular.
18 a 21 de outubro: A temática da terceira semana será “Enfrentamento da doença, sonhos, futuro e câncer de mama”. Os interessados poderão interagir com um espelho mágico, onde terá um quiz educativo sobre a doença. Além de outras atividades, haverá um debate com psicóloga especialista em oncologia, médica de cuidados paliativos, oncologista e pacientes. Às mulheres, haverá oficina lúdica de filtro dos sonhos – uma reflexão sobre o futuro; e workshop de crochê moderno.
25 a 27 de outubro: A última semana trará rodas de conversa sobre coaching feminino, empoderamento e finanças das pacientes; bate-papo sobre relacionamento, afeto e sexo, entre outras atividades.
O Coletivo Pink está localizado na rua Bela Cintra, 954. Consolação. São Paulo.
*O Viver Bem viajou a São Paulo a convite da Pfizer. 
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