Saúde e Bem-Estar

Idosos que cuidam de idosos merecem atenção especial

Vivian Faria, especial para a Gazeta do Povo
24/04/2016 22:00
Thumbnail

Impacto de cuidar de familiar idoso 24 horas por dia pode afetar emocional do cuidador. Foto: Bigstock

Cada dia é mais comum encontrar filhos e sobrinhos acima dos 60 anos cuidando de familiares na quarta idade. Apesar desse cuidado ser necessário e ajudar na socialização, é preciso ficar de olho para que essa relação não prejudique a saúde do idoso mais novo, o que deteriora a qualidade de vida de ambos.
Antes de iniciar esse cuidado, é preciso avaliar se o idoso mais novo tem capacidade física para auxiliar o mais velho em atividades da vida diária, como se locomover, se alimentar e tomar banho. Como envelhecer reduz, em maior ou menor grau, a autonomia e a independência, se o idoso mais novo não tiver força e autonomia, não conseguirá ajudar. Ao insistir, poderá comprometer sua própria saúde, desenvolvendo dores musculares e articulares, colocando em risco seu familiar.
Limites físicos
O cuidador de certa idade sofre para ajudar em situações simples, como para levar alguém da cama para a cadeira. “Ele tem dores físicas. Embora o cuidado seja amoroso, existe uma parte física que está comprometida e isso vai dificultar o cuidado”, diz a professora de medicina do Hospital Pequeno Príncipe e diretora da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba, Eliane Rossi.
Impacto emocional
Além disso, é preciso considerar o impacto dessa “função” no emocional do idoso cuidador, já que cuidar de uma pessoa mais debilitada causa estresse e ansiedade, principalmente se a atividade for realizada 24 horas por dia, sete dias por semana. Por isso, a recomendação dos médicos é que o cuidador não deixe de viver a sua vida para viver a vida da outra pessoa. “É fundamental ter alguém de confiança para substituí-lo nesses momentos”, diz o conselheiro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Rubens Fraga Jr. Só assim o cuidador poderá “se desligar”.
LEIA TAMBÉM
Rotina no futuro
Com a expectativa de que a população idosa brasileira alcance a marca de 32 milhões em pouco menos de dez anos, os geriatras e gerontólogos acreditam que é preciso que a sociedade comece a perceber essa transição demográfica e como ela afeta a vida de todos.
Com a redução do número de filhos e o aumento da qualidade de vida, idosos cuidando de idosos vai se tornar uma situação cada vez mais disseminada, como explica a doutora em ciência pela Universidade Federal de São Paulo Naira Dutra Lemos, que coordena o Ambulatório para Cuidadores da Unifesp. “As famílias de filho único ou com apenas dois ou três integrantes aponta para este futuro”, diz ela, que é membro da diretoria nacional da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Preparo para a velhice
A recomendação é que se adote um estilo de vida saudável, para chegar à velhice com mais saúde e mais autonomia.