Saúde e Bem-Estar

IMC do idoso permite quilinhos a mais

Adriano Justino
03/03/2016 14:12
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O Índice de Massa Corporal saudável para idosos é diferente daquele usado para adultos jovens. Isso se deve às alterações pelas quais o corpo passa durante o envelhecimento, que em países em desenvolvimento atinge precocemente o aspecto funcional dos indivíduos.
Este indicador do estado nutricional é uma medida obtida por duas medidas primárias: o peso (kg) dividido pela estatura (m) ao quadrado. Se para adultos acima dos 20 anos o índice saudável fica entre 18,5 e 24,9 kg/m2, para idosos ele fica entre 22 e 26,9 kg/m2. Ou seja, mais peso na terceira idade em relação aos mais jovens de mesma estatura não significa menos saúde, enquanto a manutenção do peso adulto no mínimo IMC saudável na velhice pode significar desnutrição.
Um adulto de 1,75 m e 56kg seria saudável, enquanto um idoso de mesma altura só seria considerado saudável a partir dos 67kg. O mesmo para a outra ponta do cálculo: se um adulto dessa altura acima dos 76kg seria considerado em sobrepeso, um idoso só poderia ser assim considerado se extrapolasse os 82kg.
O que muda no corpo
Essa diferença nos índices ocorre por serem muitas as alterações biológicas no envelhecimento. “Elas incluem a redução da massa corporal magra e de líquidos corporais, o aumento da quantidade de tecido adiposo, a mudança na distribuição corporal entre tecido magro e adiposo, a redução de rins, fígado e pulmões e, principalmente, pela grande perda de músculos esqueléticos”, diz Telma Gebara, nutricionista membro do Conselho Regional de Nutrição do Paraná.
Obesidade
O aumento do peso representa risco maior para os idosos, diz o médico nutrólogo e chefe do Departamento de Obesidade e Síndrome Metabólica da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Paulo Giorelli. “Para 10% de peso acima do normal a possibilidade de desenvolver alguma comorbidade aumenta em 30%, entre elas a diabete tipo 2, dislipidemias, hipertensão arterial e cânceres”, afirma o médico.
Perda de massa magra
O emagrecimento involuntário em curto espaço de tempo também merece atenção, pois os idosos são mais afeitos a perda de massa muscular, “É preciso ter um cuidado especial para que não haja redução da massa magra. O acompanhamento médico nesses casos é essencial”, fala Giorelli, assinalando que idosos não devem aderir a dietas radicais.
A mudança do padrão alimentar colabora com a redução da massa magra corporal em idosos. “Ausência de peças dentárias, dificuldade em deglutir, diminuição da produção de saliva e de ácido clorídrico pelo estômago, isolamento social, solidão, doenças crônicas, as incapacidades, a queda do padrão econômico após a aposentadoria, fazem com que o consumo de alimentos ricos em carboidratos aumente (pães, massas, açúcares) e o consumo de fontes de proteínas (matéria prima da musculatura esquelética) diminuam, especialmente as carnes”, diz Telma.
Para que o idoso não perca massa magra, a alimentação deve ser variada e contemplar a presença de alimentos fontes de carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais em quantidades adequadas. “As recomendações são evitar refeições volumosas: menores quantidades e mais vezes ao dia, estabelecer horários rotineiros para as refeições, comer devagar, mastigando bem os alimentos e respeitar as restrições dietéticas, decorrentes de doenças específicas, como hipertensão e diabete”, diz ela.