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Hidroginástica, chá da tarde, tricô. É fácil associar essas atividades ao comportamento feminino na terceira idade. Mas e os homens? Alguns se reúnem com os amigos, mas muitos se afastam do círculo social, composto por colegas de trabalho até a aposentadoria. Uma forma de evitar isso, diz a professora de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul, Silvia Areosa, responsável por pesquisas na área de idosos e relações entre gênero e família, seria manter hobbies ao longo da vida, o que ajuda nessa fase mais traumática para quem trabalhou fora a vida toda.

Por que homens isolam-se mais do que mulheres nessa fase?

Uma das hipóteses é a de que esses idosos viveram uma época em que o espaço do homem era público, eram eles que sustentavam a família. Quando param de trabalhar, é como um marco: colocam o pijama, se aposentam de tudo e ficam apenas em casa. Já a mulher não. Ela sempre foi a cuidadora do lar e fez relações sociais. Na velhice, ela se libera dos afazeres e aproveita mais esses momentos em grupos, enquanto os homens sentem faltam dos colegas. Eles vivem uma dificuldade de adaptação na sociedade capitalista quando não são mais produtivos. Os grupos de convivência de idosos costumam manter, também, apenas atividades voltadas ao universo feminino.

Por estarem no mercado de trabalho, as próximas gerações de idosas vão passar por isso?

Nós mulheres vamos ter vários problemas. Hoje temos sete anos a mais de expectativa de vida, isso tende a diminuir. Começaremos a ter os mesmo problemas de saúde – infarto, AVC e isquemia, devido ao estresse provocado pelo ambiente de trabalho. O isolamento também pode ocorrer, pois teremos um círculo de amizades menor.

O idoso percebe que se isola?

Normalmente, ele fica deprimido e não se dá conta do próprio isolamento. É necessário o olhar atento do médico que o acompanha, da família ou vizinho que percebe a mudança de comportamento. O envelhecimento saudável está ligado a três fatores: atividades físicas, mente sadia e objetivos de vida. Se eu tenho depressão, estou com uma dessas questões comprometida, a saúde mental. Isso vai me fazer perder a outra, que é a perspectiva de futuro. Esse desequilíbrio afeta a questão física, faz adoecer e, se não for tratado, leva a óbito.

Como a família pode ajudar?

A família tem um papel bem importante. Muitas vezes, superprotegemos o idoso e isso tira dele a autonomia. Dizer ao idoso que ele não pode ir ao banco, dirigir ou cuidar das contas são atitudes que o infantilizam, colocando-o em um processo de decadência. A família deve ficar atenta para mudanças de comportamento, marcar um médico e incentivar para que ele busque os amigos. Os filhos podem fazer visitas frequentes e realizar atividades juntos.

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