Saúde e Bem-Estar

As sequelas do tratamento do câncer de próstata

Amanda Milléo
30/07/2015 00:01
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(Foto: Bigstock)

De 20% a 70% dos homens diagnosticados com câncer de próstata terão sequelas pelos exames e procedimentos indicados para o tratamento da doença. O histórico natural de evolução do tumor fica entre 15 a 20 anos, tornando mais provável que a morte ocorra por outras causas.
Por este motivo, a Sociedade Brasileira de Urologia, em 2013, passou de 45 para 50 anos a idade mínima para investigar a próstata, e especialistas têm buscado opções conservadoras de tratamento, como a vigilância ativa.
Aumentar a idade de investigação, diz Fábio Kater, oncologista do hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, foi uma resposta ao crescente diagnóstico precoce da doença em homens novos. “Esses pacientes queriam ser tratados de maneira radical, a retirada da próstata, e poderiam ter disfunção erétil, incontinência urinária e cistite actínica, por causa da radio e quimio”, diz Kater.
Os chamados super diagnósticos ou super tratamentos não trazem benefícios reais e devem considerar o aspecto familiar, a genética, idade, tamanho e o que indicou a biópsia da próstata, diz o coordenador geral do departamento de Uro-oncologia da SBU, José Carlos de Almeida. “A biópsia é fundamental quando há alteração no exame do antígeno prostático (PSA) ou no toque. Ela mostra o comprometimento em cada fragmento, que revela a agressividade do tumor e os caminhos a seguir”, diz ele
Sequelas
Apesar de raras, sequelas da cirurgia são a estenose de uretra (ligação do canal da urina fica muito apertada), ou incontinência e disfunção erétil. Radio e quimio podem causar cistite actínica, infecções de repetição e sangramento pela urina. Podem alterar as fezes, com sangue, e causar dor ao evacuar, ou estenose do reto, que pode exigir o uso de laxantes.
TÁTICA CONSERVADORA
Vigiar sem temer:
Vigilância constante – Tratamentos conservadores têm ganhado a preferência dos especialistas. No primeiro ano, a cada três meses, médico e paciente se encontram para acompanhar a evolução do tumor. “Exames periódicos, como a biópsia, identificam mudanças que justificam tratamento definitivo”, diz o professor de urologia da PUC Campinas, Leonardo Reis. A própria biópsia tem riscos, apesar de ser um procedimento ambulatorial. Cerca de 3% dos pacientes desenvolvem infecção urinária.
Perfil psicológico – Ansiedade, medo e insegurança ainda são sintomas comuns após o diagnóstico de câncer. O perfil psicológico do paciente deve ser levado em consideração antes de começar a vigilância ativa. “Na Europa, os pacientes aceitam melhor essa conduta conservadora. O latino acha que não está fazendo nada para combater a doença, e isso gera angústia”, diz José Carlos Almeida, da SBU.