Saúde e Bem-Estar

Melina Pockrandt, especial para o Viver Bem

Comuns em idosos, manchas vermelhas podem evoluir para câncer de pele

Melina Pockrandt, especial para o Viver Bem
04/06/2019 12:00
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Verificar de tempos em tempos com um espelhinho do couro cabeludo aos dedos do pé deve ser hábito entre idosos. Foto: Bigstock.

Manchas e a aspereza local são as queixas de pele mais comuns de quem já passou dos 65 anos. Mas não são as únicas.
O cuidado principal nessa faixa etária é em relação ao câncer de pele. Por isso, a Sociedade Brasileira de Dermatologia, em parceria com a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, lançou, neste ano, uma nova cartilha sobre os cuidados necessários com a pele na terceira idade.
A proposta é reunir os principais desafios dermatológicos e apresentar estratégias de como lidar com as queixas mais comuns dos idosos, além de focar na prevenção.

“A pele, de um modo geral, perde a elasticidade e firmeza com a idade, torna-se cada vez mais fina e há diminuição da sua produção natural de lipídios, resultando em ressecamento, rugas, menor capacidade curativa de feridas, maior risco infecção, além de se tornar mais sensível aos raios UV”, explica a dermatologista Camila Makino Rezende Montemezzo.

Um incômodo comum do paciente idoso são as manchas e a aspereza local, que podem ser sinais de doenças mais graves. Leone Mary Tebecherani, de 78 anos, procurou a dermatologista por causa de manchas no rosto, pescoço e mãos, além de uma alergia nas pernas causada pelo ressecamento da pele.
“Comecei o tratamento e a alergia sumiu em cinco dias e percebi uma melhora significativa nas manchas. A dermatologista me orientou a usar diariamente um creme hidratante e base com protetor solar fator 30”, conta.

Câncer de pele

O risco de desenvolvimento de câncer de pele aumenta com a idade. Idosos, de maneira geral, estão mais suscetíveis à doença, principalmente os de pele clara que vivem ou viveram em ambientes com alto índice de radiação ultravioleta, como é o caso do Brasil.
Outros pacientes com maior risco para o câncer de pele são aqueles com olhos e cabelos claros ou ruivos; histórico de queimaduras solares na infância ou adolescência; história de câncer pessoal ou na família e presença de mais de 50 nevos melanocíticos – conhecidos como “pintas”.
Assim como todos os outros tumores, o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura, portanto o acompanhamento periódico com um dermatologista é fundamental.
A queratose solar senil são as manchas avermelhadas com textura áspera e que devem ser observadas de perto. Foto: Bigstock.
A queratose solar senil são as manchas avermelhadas com textura áspera e que devem ser observadas de perto. Foto: Bigstock.
A doença de pele mais comum em pessoas a partir dos 65 anos, no Brasil, segundo a SBD, é a queratose solar actínica ou senil, aquelas manchas avermelhadas com textura áspera, ressecada e, às vezes, com escamas espessas.

“Normalmente, surgem em áreas expostas ao sol, como face, orelhas, couro cabeludo em calvos, colo, dorso das mãos e antebraços”, aponta a dermatologista.

Esse é um dos casos que exige um acompanhamento profissional contínuo já que se tratam de lesões pré-malignas. Além do desconforto estético e eventual dor, elas podem evoluir para um câncer de pele.

Queixas mais comuns

– Tumores cutâneos (benignos, pré-malignos e malignos)
– Micoses superficiais
– Ressecamento/ espessamento da pele
– Manchas, alergias e psoríases
* Levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Prevenção ao câncer de pele

Apesar de o risco para incidência de câncer de pele aumentar com a idade, há alguns hábitos que podem ajudar a prevenir a doença e também facilitar o diagnóstico precoce:
– Usar filtro solar nas áreas expostas todos os dias.
– Usar roupas com fotoproteção, óculos, bonés, chapéus, sombrinhas.
– Evitar exposição ao sol sem proteção adequada, especialmente das 10h às 15h.
– Visitar o dermatologista pelo menos uma vez ao ano para um exame completo da pele.
– Realizar frequentemente o autoexame da pele: com a ajuda de espelhos e um familiar fazer uma inspeção cuidadosa de todo o corpo, do couro cabeludo à sola do pé. Observar, em especial, cor, tamanho, relevo e formato das pintas e lesões da pele. Se perceber uma nova lesão ou mudança nas já existentes, procure um médico.

Cuidados com os pés

As micoses estão entre as queixas mais comuns entre os idosos. O cuidado adequado com os pés pode prevenir esse e outros problemas.
– Lave diariamente e seque muito bem os pés, inclusive os vãos entre os dedos. Se já houver micose, utilize uma toalha só para essa região ou use o secador de cabelos no modo frio.
– Prefira calçados abertos, que favoreçam a ventilação. Se já houver micose, exponha a área ao sol por 5 a 10 minutos por dia.
– Não use sapatos apertados ou calçados que comprimam os dedos.
– Corte as unhas dos pés após o banho, quando estão mais amolecidas e evite remover a cutícula; elas são uma proteção natural.
– Não compartilhe instrumentos e materiais de manicures e podólogas.
– Observe regularmente os seus pés à procura de áreas vermelhas, alterações de temperatura na pele (frio ou calor local), cortes, calos, verrugas, feridas ou mudanças na circulação (pele azulada ou pálida). O cuidado deve ser redobrado em pacientes com diabetes.

Pele mais macia, bonita e saudável

A pele mais seca e áspera é característica da terceira idade e pode levar à quadro de irritações, alergias e feridas. Para prevenir, o cuidado deve ser diário.
– Beba muita água.
– Tome banho de no máximo 5 minutos e não use água muito quente.
– Não use nem buchas, nem esponjas.
– Prefira sabonetes neutros (glicerinados) e suaves.
– Tenha cuidado ao secar o corpo após o banho. Evite muito atrito.
– Passe hidratante todos os dias, preferencialmente após o banho.
– Mantenha hábitos de vida saudáveis, com alimentação balanceada e prática de atividades físicas.
– Não fume.
– Consulte regularmente o seu dermatologista.
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