Saúde e Bem-Estar

Funchicórea pode ser insegura para bebês com cólica

Amanda Milléo
29/03/2016 22:00
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Funchicórea pode causar problemas gastrointestinais em bebês com cólica (Foto: Bigstock)

Feito a partir do extrato mole de chicória, ruibarbo, folhas de funcho, sacarina e carbonato de magnésio, a funchicórea parece uma solução mágica para os pais acalmarem os bebês com cólicas. Embora não tenha qualquer efeito colateral comprovado, o medicamento fitoterápico ainda gera discussões entre os pediatras sobre sua real eficácia, apesar de ser liberado pela Anvisa desde 2013.
A principal contraindicação dos pediatras é com relação à forma com que a funchicórea é administrada pelos pais. Na bula, o laboratório farmacêutico responsável pela produção do medicamento explica que ele deve ser diluído em água, o que nem sempre é feito. “A funchicórea é vendida em forma de pó, que teria de ser diluída conforme as orientações, mas o que os médicos pediatras veem com frequência é que os pais umedecem a ponta da chupeta com o pó e entregam para a criança. Isso é perigoso porque em um bebê pode causar asfixia“, explica a médica pediatra Daniele Mori Branco, do Hospital Nossa Senhora das Graças.
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Além disso, sem nenhum estudo científico que comprove a eficácia e os riscos do medicamento, as crianças correm o risco de efeitos colaterais gastrointestinais, como vômitos ou diarreias. “O funcho tem uma ação calmante, e ajuda na diminuição das cólicas. Ele é usado também em caso de prisão de ventre, ou constipação intestinal. Mas não há nenhum estudo realizado por médicos, que mostram os efeitos em 100 crianças recém-nascidas divididas entre aquelas que tomaram a funchicórea e as outras que não tomaram para comprovar uma resposta benéfica”, afirma a pediatra.
Outro ponto negativo da funchicórea nessa fase inicial do bebê é que ela pode desestimular o aleitamento materno. A criança passa a se acostumar a outros gostos, o que não é ideal nesse começo de vida. “A cólica da criança é uma manifestação de desconforto, não chega a ser dor. O bebê, quando estava na barriga da mãe, não tinha nenhum movimento de gases no intestino. Depois que nasce, em um mês, passa a sentir e fica bastante nervoso. Isso vai até os três, quatro meses e depois para”, explica o pediatra Gilberto Pascolat, presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria.
Soluções alternativas
Opções mais seguras para controlar as cólicas dos bebês, mesmo entre os recém-nascidos, existem. Confira!
Compressa morna. Colocar um pano morno sobre o abdome da criança, ou um saquinho com sementes de linhaça, sagu e até de ameixa reduz a contração da musculatura da barriga. Quando o abdome está contraído, gerando dor, o calor relaxa a musculatura, e inibe a contração das alças intestinais, aliviando a cólica.
Massagens. A massagem Shantala, conhecida para bebês, também pode ajudar no alívio do desconforto. Além disso, a prática também ajuda na relação mãe e bebê.
Pedalinho. Movimente as pernas das crianças, como se ela estivesse pedalando. O movimento pode ajudar a liberar os gases, e aliviar as cólicas.
Aqueça. O frio, especialmente entre os recém-nascidos, pode desencadear as cólicas. Mantenha o bebê sempre aquecido e vestido adequadamente.
Beba água. Quando a mãe está amamentando o bebê, é interessante que ela se hidrate bastante, pois isso ajuda também a evitar cólicas nos bebês.
Amamente. As fórmulas infantis contêm leite de vaca na sua composição, o que pode gerar cólicas em crianças com intolerância à lactose. O leite materno não tem nenhuma proteína estranha, que possa causar uma intolerância, e também colabora na estimulação das fezes do bebê.
Alimente-se de forma saudável. Nem sempre a alimentação da mãe influencia 100% nas cólicas da criança, quando está amamentando. No entanto, é aconselhável que as mães se alimentem de forma saudável nesse período, evitando alimentos que causem uma distensão abdominal, como alho, cebola, brócolis, café, chocolate e refrigerantes, entre outros.
Evite!
Fazer uso de paracetamol ou dipirona para tratar as cólicas não é indicado ao recém-nascido porque pode causar hipotermia no bebê. Esses medicamentos aliviam a dor, mas têm um efeito mais intenso, que é a diminuição da temperatura da criança. Prefira as dicas acima para o alívio das cólicas.