Saúde e Bem-Estar

Mães e especialistas dividem seus segredos sobre amamentação

Bruna Covacci
20/05/2016 22:00
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Cássia Gomes, 32 anos, amamentando Otávio, de 7 meses: “paciência, persistência e acima de tudo o desejo de querer amamentar”. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Amamentar é um processo que exige muito esforço da mãe e do bebê. O pequeno Luca Delago Braga, 7 meses, passou por poucas e boas até poder mamar tranquilamente na própria casa. E o mérito é da persistência da mãe, Danieli Delago, 32 anos. O menino nasceu pré-maturo e foi direto para a UTI. Como consequência, o leite da mãe demorou a descer e ele precisou de complemento. Aí vem aquele mito de que bebê que toma complemento não volta a querer leite materno… Assim que o leite desceu Danieli começou uma nova saga: “parece que amamentar é uma coisa tão natural que nenhuma mulher vai ter dificuldade. Não tem nada disso”, recorda. Por um tempo, a solução foi a ordenha natural. “Eu o visitava todos os horários, inclusive de madrugada. Aconteceu de nem quererem me deixar entrar”, conta.
Quando pôde oferecer o peito surgiu uma nova questão: Luca precisava aprender a sugar. O peito doía. Depois de um mês em casa ele voltou para a UTI. “Eu ia amamentar ele no peito e tinha um monte de fio, tipo aquelas sondas de soro. Era difícil deixá-lo confortável”, salienta. Superadas todas estas questões, o bebê teve suspeita de alergia à proteína do leite. “Aí eu tive duas opções: dar complemento para ele ou fazer uma dieta bem restritiva e rigorosa”. A decisão? A dieta. “Tudo o que eu faço compensa, amamentar é uma satisfação única e eu amo fazer isso”, afirma.
Danieli Delago, 32 anos, com o pequeno Luca de 7 meses: “amamentar é uma satisfação única”. Foto:  Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Danieli Delago, 32 anos, com o pequeno Luca de 7 meses: “amamentar é uma satisfação única”. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
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Desafios
Que o leite materno é o melhor alimento que a mãe pode oferecer ao seu bebê não há dúvidas. Mas o sucesso do aleitamento depende de vários cuidados da nova mamãe, confirmam especialistas.“Muitas mães acham que o mais difícil já passou assim que o bebê nasce, mas a amamentação é um desafio”, explica Denise Dapper, enfermeira e Conselheira em Aleitamento Materno. Para ela, associar sempre o choro com fome e a incerteza de se o bebê está mamando a quantidade certa são as maiores dificuldades. Há também a dor, e só o preparo é capaz de aliviá-la. “A questão é fazer o bebê abocanhar o mamilo e auréola juntos para fazer a extração do leite”, fala.
Para isso, é preciso puxar o queixo do bebê quando ele abre a boca para que ele faça uma abertura maior. Também existem técnicas para projetar os mamilos. “Quando o peito fica rachado o ideal é passar o próprio leite materno e secar com o secador de cabelo ou o sol”, diz Denise. O leite materno tem a função de cicatrização, hidratação e protege contra bactérias. Quem tem mamilo plano ou invertido ainda pode usar conchas de amamentação.
A também enfermeira de amamentação Grasiela Kentzenski diz que é importante se posicionar para colocar o bebê para mamar. “É preciso apoiar a lombar e o braço, depois encostar a barriguinha do bebê na barriga da mãe”, conta. Além disso, ela lembra que o emocional da mãe interfere muito na mamada e até nas questões do leite – tempo que demora a descer, secar ou empedrar. “Os bebês devem mamar em livre demanda, ou seja, mamou às 10h e 12h e está reclamando? Pode oferecer o peito novamente”, diz. O tempo da mamada varia de bebê para bebê. “Alguns mamam 15 minutos, outros 40. O que importa é que a mãe esteja relaxada, do contrário a mamada demora mais”, explica. Para saber se ele está ingerindo leite ela indica o seguinte: trocar a fralda antes da mamada. Se tiver xixi significa que ele está mamando bem. Grasiela ensina a oferecer uma mama em cada mamada para tirar o primeiro leite e o do final (que tem mais gorduras e proteínas). O intervalo deve ser, no máximo, de três em três horas e o bebê deve ser acordado caso continue dormindo (a regra vale apenas para o dia). A contagem começa sempre no início da mamada.
Dor e peso
Para Cássia Gomes, 32 anos, a experiência da amamentação foi um dos primeiros desafios da maternidade. “Exige paciência, persistência e acima de tudo o desejo de querer amamentar”, conta. No terceiro dia de vida de Otávio, agora com 7 meses, a produção de leite da mãe era muito grande e isso dificultava a amamentação. “Ele estava aprendendo a sugar, e algumas vezes não acertava a “pegada”, conta. Isso, associado às mamadas frequentes, por livre demanda, quase que de hora em hora, contribuíram para as fissuras nos mamilos.
Em um curso para gestantes, que fez antes do pequeno nascer, Cássia foi informada de que a rachadura é uma das dificuldades mais comuns que as mães encontram, apenas 1 em cada 5 mulheres (primeira gestação) conseguem amamentar no primeiro mês sem rachadura e sem dor. “Insisti muito, apesar da dor, porque desejei muito ter esse momento com o meu bebê. Fiz o possível para que ele acertasse a pegada, e após as mamadas higienizava os mamilos com água, e em seguida umedecia ao redor dos mamilos e da aréola com o próprio leite materno e secava com o secador”, contou.
Julia, de 4 meses, é a primeira filha de Sonia Regina Mendes, 32 anos. Na primeira consulta com o pediatra, a tradicional de 10 dias, a mãe soube que a menina não estava ganhando peso. Foi aí que resolveu chamar uma enfermeira para auxiliá-la. “A gente não tem orientação o suficiente, na maternidade aprendemos o básico. Ninguém sabe se você vai conseguir se virar com isso”, explicou. Julia é um bebê muito tranquilo, então acabava dormindo bastante e não mamava. Logo na primeira semana com ajuda da enfermeira a bebê recuperou o peso. “As dicas às vezes são básicas, como trocar a fralda antes de amamentar ou dar um banho de ofurô, mas a gente precisa de ajuda”. No começo as mamadas duravam três horas de tanta dificuldade que Sonia tinha. Agora tudo se resolve em 20 minutos.
Sonia Regina Mendes, 32 anos, com Julia, de 4 meses: para a mãe, falta uma boa orientação. Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo
Sonia Regina Mendes, 32 anos, com Julia, de 4 meses: para a mãe, falta uma boa orientação. Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo
PUJADURA
O organismo feminino faz a pujadura (grande descida do leite) 72 horas depois do nascimento e a mama aumenta bastante.
DIETA
Grasiela explica que hoje em dia não existe nenhuma dieta específica. O importante é que ela seja saudável. Ingerir bastante líquido é bastante importante.
VOLTA AO TRABALHO
Na hora da mãe voltar ao trabalho é possível esgotar o leite. O indicado é começar 15 dias antes, para que ambos se acostumem. O leite pode ficar no congelador por 15 dias. Para descongelar ela deve ser colocado na geladeira até ficar bem homogêneo – tempo máximo de seis horas. Depois de aquecido ele não pode ser reaproveitado. Existem esgotadeiras para alugar.
HORA DE PARAR
A amamentação deve ser exclusiva até seis meses e continuada até 2 anos ou mais. Mas enquanto for bom para mãe e bebê eles podem continuar.
DICAS
Algumas sugestões rápidas para amamentar:
  1. Procure um profissional antes de o bebê nascer para ficar mais forte. Sentir-se confiante.
  2. Não escute os conselhos de todo mundo que vai lhe visitar.
  3. Faça da amamentação um momento reservado. Seu, do bebê e do seu marido.
  4. Descanse.
  5. Dê muito “mamá”.