Saúde e Bem-Estar

Por que ocorre o aborto espontâneo?

Bel Victorio e Amanda Milléo
06/08/2015 14:44
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Mark Zuckerberg e a esposa Priscilla Chan anunciaram pelo Facebook a chegada da primeira filha (Foto: Facebook)
O criador do Facebook, Mark Zuckerberg, vai ser papai de uma menina. No anúncio da gravidez, feito na última semana, o CEO da rede social disse que a gestação da esposa Priscilla Chan veio depois de dois anos de tentativas e três abortos espontâneos.
“Você se sente tão esperançoso quando descobre que vai ter um filho. Você começa a pensar sobre quem ele se tornará e a sonhar com um futuro esperançoso. Você passa a fazer planos e, de repente, ele se vai”, disse Zuckerberg, no seu perfil. “É uma experiência solitária. A maioria das pessoas não discute o aborto espontâneo porque você se preocupa que seus problemas vão deixá-lo distante ou vão refletir algo sobre você – como se você fosse defeituoso ou se fez algo para causar isso”, completa.
Embora pouco comentados, os abortos espontâneos ocorrem em até 36% das gestações e são considerados acidentes de percurso, que normalmente não prejudicam gestações futuras. Veja alguns mitos e verdades sobre abortos espontâneos.
Erros genéticos
Até a 12ª semana de gestação, os principais culpados pelo aborto espontâneo são problemas genéticos. Na formação do embrião, a combinação de dados do espermatozoide e do óvulo pode dar origem a síndromes que impedem a evolução da gravidez, como de Turner.
Incompatibilidade sanguínea
Se a mãe tiver sangue Rh negativo e gera um bebê Rh positivo, ela pode precisar tomar uma dose de gamaglobulina anti-Rh até 72 horas após o nascimento do filho ou aborto do primeiro feto. O corpo materno percebe uma proteína intrusa, o Rh, e produz anticorpos que atacam as hemácias do feto. Esses anticorpos não influenciam a primeira gestação, mas vão ficar preparados para a segunda gravidez.
Incompatibilidade imunológica
Vacinas produzidas com linfócitos presentes no sangue do pai podem ser indicadas para mães que tiveram falha na interação com o aloenxerto paterno, ou a porção do embrião que veio do pai. Como o sistema imunológico está sempre preparado para atacar o que não pertence ao organismo, se o corpo da mãe não souber reconhecer o feto, pode ser difícil manter a gestação.
Dificuldades anatômicas
Quando o aborto ocorre entre a 13ª e 20ª semana de gestação, pode estar relacionado a problemas anatômicos da mãe, como alterações no útero, que não se expande, ou no colo que se abre. A partir da 17ª semana, a formação do coração e os batimentos cardíacos reduzem as chances de abortamento.
Causas secundárias
Apesar de a maioria dos abortamentos decorrerem de alterações na divisão celular, algumas infecções por bactérias ou vírus também causam mudanças na formação do embrião, como é o caso do citomegalovírus, vírus da rubéola e a toxoplasmose.
Prudência
O início da gravidez é um período crítico, e especialistas recomendam que mamães e papais aguardem até o primeiro ultrassom para espalhar a novidade, ou 12ª semana, 3º mês. Nesse primeiro exame, é analisado o saco gestacional, com embrião presente, batimentos cardíacos e medidas normais.
Fontes: Denis José Nascimento, ginecologista responsável pelo setor de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Clínicas/UFPR; Francisco Furtado Filho, ginecologista especialista em reprodução humana do Hospital Nossa Senhora das Graças; Jerusa Miqueloto, médica hematologista do Laboratório Frischmann Aisengart; Lucas Rebelo, ginecologista e obstetra; Jean Alexandre Furtado Correa Francisco, oncoginecologista e mastologista do Hospital Evangélico.