Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Melatonina vai poder ser comprada no Brasil

Amanda Milléo
27/10/2016 14:10
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Prestar atenção à saúde do sono parece ser importante até mesmo para uma vida profissional bem-sucedida. Foto: Bigstock.

O hormônio melatonina recebeu a liberação para a comercialização no Brasil. Porém, antes de sair comprar as suas cápsulas da substância ‘milagrosa’ para o sono, veja o que essa ‘liberação’significa.
A juíza Maria Cecília de Marco Rocha, da 3ª Vara Federal do Distrito Federal, determinou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorize a importação e a comercialização do hormônio melatonina como insumo farmacêutico, destinado à manipulação de medicamentos, pela empresa importadora e distribuidora de insumos farmacêuticos Active Pharmaceutica, conforme a publicação no site da empresa de consultoria Pharmaceutical Consultoria, da qual a Active faz parte.
Comprar a melatonina, iguais àquelas que podem ser trazidas do exterior nas bagagens de mão ou mesmo as importadas via internet (desde que com receituário médico), ainda não será possível no Brasil. Essa versão é a chamada melatonina industrializada e, de acordo com informações da Anvisa, não tem a comercialização liberada porque precisa do registro da própria agência – não porque a substância seja proibida no país.
Ainda segundo dados da Anvisa, há um pedido de registro de um produto com o princípio ativo melatonina, que foi protocolado no dia 5 de outubro de 2015, e está sob a análise da Agência. “A análise visa estabelecer a segurança e a eficácia deste princípio ativo. Após sua conclusão, quando o registro for concedido, o produto poderá ser comercializado no país“, diz o comunicado da Anvisa.
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A importação e comercialização da melatonina foi liberada apenas para o uso em farmácias de manipulação, que podem manipular a substância em medicamentos. Até o momento, a única empresa legalmente apta a vender  a melatonina é a Active Pharmaceutica – distribuidora de insumos farmacêuticos.
Na última quarta-feira (26), o diretor técnico da Pharmaceutical Consultoria e farmacêutico Marlon Barg explicou, durante uma apresentação ao vivo via Facebook, que a melatonina que será comercializada terá os mesmos benefícios da conhecida melatonina industrializada. Como a melatonina é considerada um hormônio no Brasil, a compra da substância será liberada apenas com o receituário médico, conforme alertou Barg.
“Na Europa, a melatonina é prescrita apenas por médicos, mas nos Estados Unidos o produto é vendido como suplemento. Na minha opinião, como a melatonina é vista como hormônio no Brasil e vamos tratá-la como hormônio, ela precisa da prescrição do médico”, diz Barg, durante a live nas redes sociais.

O que é a melatonina?

A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal, que auxilia os ritmos biológicos, em especial o ciclo do sono e vigília. Em ambientes escuros e calmos, os níveis de melatonina aumentam, melhorando o sono, e é para isso que, normalmente, as pessoas buscam a versão medicamentosa.
A reposição dessa melatonina, porém, não é necessária na maior parte dos casos. “A melatonina não é um suplemento. É um hormônio natural cuja ausência, redução ou hiperprodução pode provocar alterações no sono, e essas sim precisam ser corrigidas”, diz José Cipolla Neto, pesquisador em neurofisiologia e neuroendocrinologia da Universidade de São Paulo (USP).

Idosos com Alzheimer, pessoas com espectro de autismo, pacientes com distúrbios metabólicos ou crônicos de sono podem precisar da reposição de melatonina, mas apenas eles.

O atraso na produção da melatonina ocorre sempre que se deixa alguma luz acesa, ou mesmo pela luz noturna ambiente. Também ocorre quando se usa aparelhos eletrônicos de LED antes de dormir ou se a pessoa precisa tomar um medicamento beta bloqueador.
A redução na produção da melatonina pelo organismo pode provocar distúrbios de crescimento e até mesmo deficiência insulínica.
“A melatonina não dá sono, mas prepara o corpo para a noite, o que deve ser respeitado”, diz Myrna Campagnoli, endocrinologista do laboratório Frischmann Aisengart.

Efeitos indesejados

Se ingerida sem orientação e de forma ininterrupta por mais de três meses, a melatonina pode causar infertilidade nos homens, ausência da menstruação nas mulheres e, nas crianças, retardar a puberdade.
A suspensão do uso, independentemente do tempo, faz as funções voltarem ao normal, sem danos.