Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

“Muito obrigada, vida! ”: menina escreve carta emocionante após transplante de medula

Amanda Milléo
05/04/2019 07:00
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Em fevereiro de 2019, Iasmin recebe o transplante de medula óssea autólogo e recebe alta do hospital (Foto: arquivo pessoal)

Foram quatro anos de luta contra um linfoma de Hodgkin (câncer do sistema linfático), diagnosticado aos nove anos de idade, e que exigiu intermináveis sessões de quimioterapia, radioterapia e cirurgias. Em fevereiro de 2019, porém, Iasmin Souza da Silva pode dizer de peito aberto: “muito obrigada, vida”.

“Em meu nome, da minha família, de amigos e até desconhecidos, agradeço aos médicos, técnicos e enfermeiros, que lutaram, oraram, sofreram e por fim, por causa de vocês, hoje podem sorrir comigo, celebrando a vida. Muito obrigada a todos por fazer desses momentos difíceis, momentos alegres de descontração, sou muito grata a todos por toda dedicação que tiveram comigo”, escreveu a menina de 13 anos, em uma carta a todos que a acompanharam nessa jornada.

A ideia, conforme explica a mãe, Vânia Souza Costa, foi inteiramente da filha. “Foi uma agradecimento por tudo que as enfermeiras e os médicos fizeram por nós. Ela ficou muito feliz por ter passado, foi um momento muito bom. Eu lembro que, quando ela internou pela primeira vez, eu estava trabalhando e meu esposo conseguiu acompanhá-la. Ele recebeu a notícia que era um linfoma maligno, e me avisou. Foi terrível, como se tivessem tirado o nosso chão”, lembra a mãe.
Com nove anos, a menina passou por quimioterapias, radioterapias e então uma boa notícia: ela estava bem. “Ela ficou mais ou menos um ano bem, sem sintomas. Mas, em janeiro de 2018, a doença voltou e começamos tudo e novo. Mais quimio, mais radio, duas cirurgias e a única solução seria o transplante”, explica Vânia.
O diagnóstico do câncer veio aos 9 anos de idade, depois de médicos acreditarem se tratar de uma gripe mal curada (Foto: arquivo pessoal)
O diagnóstico do câncer veio aos 9 anos de idade, depois de médicos acreditarem se tratar de uma gripe mal curada (Foto: arquivo pessoal)

Transplante mais jovem do Ceará

Foi quando a Iasmin se tornou a paciente mais jovem a receber um transplante de medula óssea autólogo no Ceará, realizado pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do estado (Hemoce), em parceria com o Hospital Universitário Walter Cantídio/ Universidade Federal do Ceará (HUWC/UFC).

“O tratamento realizado com a Iasmin foi convencional, com quimioterapia. Porém, ela precisava de um transplante de medula óssea para buscar uma melhor resposta. Foi então feito o transplante autólogo”, explica Fernando Barroso, chefe da hematologia e de transplante de medula óssea do HUWC/UFC e coordenador do Centro  de Processamento Celular do Hemoce.

Nesse tipo de transplante, as células da medula óssea da própria paciente são coletadas e congeladas. O paciente, então, passa pela quimioterapia mais agressiva e as células são reinfundidas. Dessa forma, o organismo passa a produzir novas células sanguíneas.
“No transplante autólogo, até a ‘pega’ da medula, devemos ter cuidado com infecções e sangramento”, reforça o especialista. Sobre o futuro de Iasmin, o médico lembra: “no nosso centro temos, em média, 63% de remissão completa em dois anos. Após o transplante, entre seis meses a um ano a pessoa deve receber as vacinas.”

Novo futuro

Iasmin ainda não vai para a escola, nem sai de casa como gostaria, mas está sem dores e ansiosa pelo futuro. A mãe, porém, alerta aos sinais que passaram despercebidos pelos pais e que podem ajudar outras famílias a diagnosticar precocemente o câncer infantil:
“A única coisa que percebemos foi um aumento no volume do pescoço. Ela também perdia a voz, e quando falava ficava cansada muito rápido. Quando procuramos a rede pública, os médicos diziam que ela estava com uma gripe mal curada e passavam remédio, mas ela não ficava boa. Só descobrimos mesmo quando ela pegou uma infecção e foi internada. Lá, fizeram a biópsia”, explica a mãe.
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