Saúde e Bem-Estar

Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo

Saiba o que é mito e o que é verdade sobre “queimaduras” causadas por água-viva

Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo
04/01/2018 12:00
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Apesar de comuns, casos de queimadura por água-viva são cercados por mitos. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo. | Albari Rosa

A temporada de verão no Litoral do Paraná, além da diversão nas praias, é uma época que pode gerar transtornos causados pela presença de águas-vivas no mar. Nos últimos anos, os casos de pessoas que saem das águas das praias com irritação na pele por causa desses animais têm sido comuns, mesmo após diversos alertas do Corpo de Bombeiros e dos órgãos de saúde do estado e dos municípios litorâneos.
Mesmo que os casos sejam corriqueiros nesta época do ano, ainda há muitas dúvidas sobre o que é verdade ou mito sobre essas situações. A começar pelo termo queimadura. A sensação de que a pele está queimando na verdade ocorre porque encostamos nos tentáculos do animal e as células dele liberam veneno em nossa pele.
“Na verdade, o animal está em seu habitat natural e ocorre uma invasão de pessoas na praia”, explica o biólogo Emanuel Marques, da Secretaria de Estado de Saúde do Paraná (Sesa-PR).
Para deixar os banhistas preparados caso algum incidente ocorra, o Viver Bem conversou com o biólogo sobre mitos e verdades relacionados ao envenenamento causado por esses animais.
Nem todas as espécies causam irritação, mas é bom ficar atento. Foto: Visualhunt.
Nem todas as espécies causam irritação, mas é bom ficar atento. Foto: Visualhunt.

Qualquer espécie de água-viva pode causar irritações?

Mito. A maior parte das espécies não causa irritação na pele ou envenenamento, conforme explica o biólogo, mas é importante ficar atento. No Paraná, a espécie comum em nosso litoral (Chysaora láctea) tem, sim, capacidade de causar danos à pele de uma pessoa.
Vinagre é um produto usado para amenizar a ardência na pele causada por água-viva. Foto: Divulgação/AEN.
Vinagre é um produto usado para amenizar a ardência na pele causada por água-viva. Foto: Divulgação/AEN.

Tanto água doce quanto água salgada aliviam a ardência na pele?

Mito. Somente a água do mar pode ser utilizada, de preferência o mais fresca possível, segundo o biólogo. “Quando os tentáculos do animal entram em contato com a pele, eles deixam algumas células na região – a água doce aumenta a liberação das toxinas que estão nessas células do animal”, explica. Deve-se evitar também passar gelo, esponja ou esfregar a pele no local afetado. Além da água do mar, o uso de vinagre ameniza a ardência.

Uso de cremes, pomadas ou remédios é recomendável?

Depende. O uso de algum produto tópico deve ser definido de acordo com orientação médica. “Casos indicados pelo Corpo de Bombeiros para tratamento médico serão acompanhados com atendimento clínico mais detalhado, mas isso depende da resposta de cada paciente [ao contato com o veneno]”, afirma.

A ardência deve ser tratada em todos os casos?

Mito. O que vai determinar se um envenenamento por água viva precisa de acompanhamento clínico é a quantidade de toxina e o tempo de contato com o tentáculo do animal. Quanto mais contato, maior o envenenamento. O que também determina o acompanhamento médico é a sensibilidade de cada paciente, segundo o biólogo.
Casos de irritação nos olhos, rosto e na cabeça como um todo precisam de mais atenção. Foto: Unplash.
Casos de irritação nos olhos, rosto e na cabeça como um todo precisam de mais atenção. Foto: Unplash.

Existem partes do corpo mais sensíveis ao envenenamento?

Verdade. Segundo o biólogo da Sesa, os banhistas devem ter uma atenção especial se o contato com a água-viva aconteceu na região da cabeça, do rosto ou nos olhos, por serem regiões com tecido mais sensível e onde os sintomas podem ser mais severos.

Casos envolvendo crianças e idosos podem ser mais críticos?

Depende. Em qualquer faixa etária, o que vale é a sensibilidade do paciente que entrou em contato com o animal. “Se a pessoa tem histórico de alergias, pode apresentar um quadro severo de reação alérgica ao veneno”. Quanto às crianças, aponta o biólogo, é sempre importante observar como elas se comportam após uma irritação causada pela água-viva.

As consequências são piores se a água-viva encostar-se a algum machucado na pele?

Verdade. A pele é uma proteção natural do corpo contra agentes externos. Se a pele está danificada, o banhista fica mais suscetível a possíveis envenenamentos e isso pode tornar a ardência mais incômoda. “Até mesmo o contato com a água do mar em um machucado resulta em mais ardência”, diz Marques.

Doentes crônicos desenvolvem mais irritação na pele?

Verdade. O biólogo lembra que todo o processo de irritabilidade depende do grau de sensibilidade de quem tem contato com o animal, mas, de uma forma geral, pacientes com debilidades físicas ou que apresentem quadros de doenças crônicas podem ter comprometimento mais severo em casos de envenenamento.
É importante se informar com guarda-vida sobre a presença de águas-vivas na praia. Foto: Divulgação/AEN.
É importante se informar com guarda-vida sobre a presença de águas-vivas na praia. Foto: Divulgação/AEN.

Importante: fale com o guarda-vidas antes de entrar na água

Os guarda-vidas que estão no litoral estão preparados para prestar os primeiros socorros na praia, inclusive quando o assunto é envenenamento causado por águas-vivas. Por isso, Marques acrescenta que antes de o banhista entrar na água, é importante se informar em um posto de guarda-vidas se a água do mar naquele trecho apresenta incidência desses animais. “Se informe onde as águas estão mais seguras para banho. Isso pode diminuir os riscos de envenenamento”, diz.
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