Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Mulheres ficam mais irritadas e depressivas que homens quando não dormem bem

Amanda Milléo
06/02/2019 17:38
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Mau humor, irritabilidade e síndromes depressivas são características mais comuns entre as mulheres. Foto: Bigstock

Quando privadas de um sono reparador, as mulheres tendem a se comportar de forma diferente do que os homens no dia seguinte. Mau humor, irritabilidade e síndromes depressivas são características mais comuns entre elas. Eles, no entanto, sofrem de sonolência excessiva ao longo do dia e problemas cognitivos, como a dificuldade em manter a atenção e o prejuízo na memória.
A diferença é conhecida dos médicos especialistas em sono e a culpa está na questão genética e hormonal. De acordo com Danielle Salvati de Campos Malaquias, médica otorrinolaringologista especialista em distúrbios do sono, a ciclicidade hormonal, do estrogênio e progesterona, faz com que as mulheres tenham uma resposta à falta de sono diferente.

“São vários estudos que trazem essa constatação. As mulheres, quando privadas do sono, se tornam mais susceptíveis a determinados comportamentos. Não significa que elas precisem de mais horas de sono e nem é possível indicar uma fórmula geral, como: homens precisam de 8h e mulheres 8h20. Isso é muito generalista”, reforça a médica que atua no hospital São Vicente, no Instituto do Sono de Curitiba e é professora de Medicina do Sono da Residência de Otorrinolaringologia do hospital Angelina Caron.

Uma parte da solução — seja para homens, mas principalmente para as mulheres — seria encontrar durante o dia os motivos que estão levando a uma noite de sono mal dormida e tentar resolver os desafios.
O destaque às mulheres é devido às multi-funções que elas acabam realizando: desde os cuidados com a casa às responsabilidades com a profissão e carreira. Entre chegar em casa, dar de comer ao filho, fazê-lo dormir, tomar banho e curtir um momento de relaxamento, foram-se algumas horas que poderiam reduzir a privação do sono.
Outro ponto seria favorecer a higiene do sono.

Higienize o seu sono

Promover uma higiene do sono trata-se de adotar uma série de comportamentos saudáveis que ajudam o organismo a entender os horários certos de dormir e acordar. “O cérebro sempre vai priorizar o estado de vigília, de estar acordado. E a mulher precisa se apegar mais à higiene do sono, como ter um horário preferencial de dormir, que esteja de acordo com o ciclo biológico dela”, explica a médica especialista em distúrbios de sono, Danielle Malaquias.
Das orientações recomendadas pela higiene do sono:
  1. Ter um horário para dormir que seja coerente com o ciclo biológico. Se você for uma pessoa cujo organismo responda melhor nas manhãs (matutino), evite dormir muito tarde. Da mesma forma, se for mais vespertino (prioriza as tardes), acordar muito cedo pode não ser a solução.

  2. Manter o quarto de dormir escuro na hora de deitar.

  3. Retirar aparelhos eletrônicos ou qualquer equipamento que possa emitir som durante à noite. Manter o ambiente em silêncio.

  4. Evitar bebidas alcoólicas à noite.

  5. Evitar exercícios físicos  muito próximo da hora de dormir.

  6. Evitar bebidas que contêm cafeína, como chá verde, chá preto, café, refrigerantes do tipo cola, chimarrão, etc.

Como saber se está dormindo o suficiente

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Entre descobrir qual é o ciclo biológico e achar uma rotina que melhor se adeque a ele, os pacientes podem buscar ajuda junto aos médicos especialistas em sono. Além do exame de polissonografia (que pode ser feito tanto em clínicas, quanto na residência do paciente), o melhor método é investigar, através de uma entrevista ou anamnese com o médico, o comportamento daquela pessoa com o sono ao longo da vida.
“Às vezes a pessoa chega no consultório e conta que sempre teve dificuldades para dormir cedo e pela manhã sempre sente muito sono. Isso faz o especialista pensar: será que é insônia ou a pessoa tem um ciclo vespertino, de quem dorme mais tarde e acorda mais tarde? Às vezes a pessoa não consegue respeitar esse ciclo biológico, porque precisa acordar às 6h para ir trabalhar, mas ninguém avisa o corpo”, explica Danielle Malaquias, médica otorrinolaringologista especialista em distúrbios do sono.
O ciclo biológico, de acordo com a especialista, é bastante determinante, e pouco dele pode ser mudado. “Em alguns casos é recomendada a medicação, mas ainda assim o objetivo é que, depois de um tempo, esse medicamento seja retirado. Na maioria dos casos, uma boa higiene do sono é suficiente”, diz.

8 horas de sono é a quantidade recomendada pelos médicos para 90% das pessoas. Há quem precise de mais, e quem precise de menos — e isso nem sempre representa uma patologia ou algo negativo. 

Sono perfeito durante a gestação e depois

Durante a gestação e depois, com o nascimento, o sono da mulher sofre alterações importantes (Foto: VisualHunt)
Durante a gestação e depois, com o nascimento, o sono da mulher sofre alterações importantes (Foto: VisualHunt)
O sono da mulher, quando ela está gestando um bebê, se transforma em uma bagunça — e essa é uma maneira do organismo se adaptar às mudanças que virão depois do nascimento. A mulher passa a ter um estado de hiperalerta, embora seja temporário, e administrar esse período é importante para que o sono seja reparador.
A higiene do sono também ajuda nesse momento, conforme lembra a médica especialista em distúrbios do sono, assim como entender as fases do sono na gestação:

Primeiro trimestre: mais sonolência;

Segundo trimestre: melhora a sonolência, mas algumas mulheres reclamam de congestão nasal, azia, refluxo — condições que prejudicam o sono;

Terceiro trimestre: no sentido de posição para dormir, esse é o pior trimestre da gestação para o sono. Além disso, as ansiedades referentes ao nascimento, parto, cuidado com o bebê também podem prejudicar o sono da mãe.

“Na gestação, a mulher que entende esses passos fica mais tranquila e tem uma melhora no sono. Claro que, se o bebê colaborar e dormir mais, melhor ainda”, diz a médica Danielle Malaquias.
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