Saúde e Bem-Estar

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo

Apenas um terço das mulheres dorme bem, aponta pesquisa brasileira

Cecília Aimée Brandão, especial para a Gazeta do Povo
14/08/2019 08:00
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Mulheres nesta fase ficam com uma labilidade emocional maior (oscilações que levam a pessoa da tristeza à alegria em instantes), mais propensas a distúrbios de humor como depressão e ansiedade, e isso pode perturbar o sono. Foto: Bigstock.

Apenas um terço das mulheres (em torno de 33%) podem ser qualificadas como boas dormidoras de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Entre os homens, o índice chega a 42%. A principal causa, segundo os pesquisadores, é o ritmo acelerado da vida nos grandes centros urbanos e, no caso das mulheres, as preocupações em várias frentes – como trabalho, família e cuidados com a casa, que muitas vezes sobrecarregam a população feminina.
“Existe uma associação entre problemas de sono e a piora na qualidade de vida”, explica o pesquisador, naturólogo e especialista em medicina comportamental Leandro Lucena, da Unifesp.

Um dos pontos mais impactantes da pesquisa foi a percepção de que menos da metade da população tem um sono de qualidade e reparador.

O estudo separou mais de mil voluntários, de 20 a 80 anos, em três grupos: bons dormidores, pessoas com sintomas de insônia (que relatam ter dificuldade para dormir, mas não sentem repercussões no dia seguinte) e pessoas com distúrbio de insônia (que relatavam consequências no dia posterior, como dificuldade na memória, nervosismo e ansiedade). A pesquisa foi feita na cidade de São Paulo.
Os participantes responderam questionários e compartilharam suas experiencias com os pesquisadores, que puderam então chegar às conclusões.

“Nossa expectativa é que a população fique atenta e que se preocupe mais com a qualidade do sono. Existem diversos complicadores que acompanham um padrão de sono pobre, como aumento da pressão arterial, diminuição da memória, alterações na libido, diminuição da capacidade funcional, ganho de peso e muitas outras”, alerta Leandro.

“Dentro da questão da qualidade de vida, foram avaliadas a maneira como as pessoas lidam com suas dinâmicas sociais, físicas, psicológicas e ambientais, estabelecendo uma associação entre a piora nesses fatores com uma má qualidade de sono”, completa o pesquisador.
O grupo das mulheres maduras tem um fator agravante que pode desencadear ainda mais problemas no sono: a menopausa.

“Mulheres nesta fase ficam com uma labilidade emocional maior (oscilações que levam a pessoa da tristeza à alegria em instantes), mais propensas a distúrbios de humor como depressão e ansiedade, e isso pode perturbar o sono. Além disso, os fogachos (sensação de calor) acontecem em boa parte dos casos e são determinantes para um sono mais perturbado, chegando a despertar as mulheres no meio da noite que, depois, não conseguem voltar a dormir com facilidade”, explica o médico ginecologista do Hospital Santa Cruz, Wallace George Viana.

Como alternativas para aumentar a qualidade de sono e de vida, a pesquisa sugere a prática de atividades como ioga, meditação e aromaterapia, que podem melhorar na concentração e nos níveis de estresse e ansiedade, além de melhorarem a aptidão física e o sono.
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