Saúde e Bem-Estar

Da Redação, com Sandrah Guimarães, especial

Neto de Lula morreu de infecção por bactéria presente no rosto, diz jornal

Da Redação, com Sandrah Guimarães, especial
02/04/2019 20:03
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Menino Arthur não teria morrido em decorrência de meningite, mas de bactéria que causou infecção generalizada. Foto: Divulgação

Após a Prefeitura de Santo André confirmar na segunda-feira (1º) que a morte do neto do ex-presidente Lula, Arthur, não foi causada por meningite, conforme divulgado pelo Hospital Bartira, da rede D’Or, à época de sua morte, no começo de março,  o jornal Folha de São Paulo, na tarde desta terça-feira, afirma que o garoto morreu, sim, por sepse (infecção generalizada) originada pela bactéria Staphylococcus aureus.
Segundo o jornal, apesar de a família de Arthur não confirmar a causa da morte, informações de quatro infectologistas que tiveram conhecimento do caso e de uma pessoa próxima da família e não identificada dão conta de que realmente essa bactéria foi a responsável pela morte do garoto.
A bactéria
Segundo a infectologista Monica Gomes da Silva, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, a bactéria Staphylococcus Aureus é típica de pele. “A bactéria só causa problemas quando ocorre uma ruptura e consegue atingir as camadas inferiores da pele e a corrente sanguínea”, diz ela.

“A característica da bactéria Staphylococcus Aureus é causar metástase infecciosa em locais distantes de onde ela conseguiu entrar. A bactéria se espalha pelo corpo e pode infectar múltiplos lugares, como a coluna, o coração, os dedos dos pés e das mãos.”

A bactéria é comum em nosso corpo e costuma estar presente na pele do rosto pode causar grandes problemas ao penetrar a corrente sanguínea. Casos recentes de pessoas que perderam os movimentos das pernas após uma pequena infecção no nariz levantaram o alerta para os riscos para saúde.
Layane ficou paraplégica após colocar um piercing no nariz. Foto: Bárbara Leitte.
Layane ficou paraplégica após colocar um piercing no nariz. Foto: Bárbara Leitte.
Layane ficou paraplégica após colocar um piercing no nariz. Foto: Bárbara Leitte.
Layane Dias já tinha usado um piercing antes de fazer a perfuração que causou a perda de movimentos. Na segunda colocação, no entanto, houve graves complicações. A jovem teve uma infecção causada pela bactéria Staphylococcus Aureus, que se espalhou pelo sangue e se alojou na coluna.
Ela conta que percebeu o problema no início de julho do ano passado, quando surgiu uma “bola” vermelha na ponta do nariz, seguida de febre e dores pelo corpo. A estudante recorreu a pomadas e medicamentos simples para aliviar o incômodo, mas o quadro de saúde dela foi piorando até que, um mês depois perdeu o movimento dos membros inferiores.
No caso da estudante, houve o agravante pelo fato de o piercing ter sido colocado no nariz, uma área em que a bactéria costuma estar presente. Essas infecções não são raras, mas se houver tratamento no início pode ser controlada sem deixar sequelas, conforme explica a médica.

“Logo que recebemos pacientes com infecção pelo corpo levamos em conta a possibilidade de a bactéria ter entrado por lesões de pele. Nem sempre quem coloca um piercing, por exemplo, leva em conta que é uma agressão. A gravidade que aconteceu com Layane, não é comum, mas não é impossível”, enfatiza a médica Monica Gomes da Silva.

Inflamação e sequelas
A comerciante Lilian Duarte, de Abaeté, Minas Gerais, passou por uma situação parecida há dois anos. Começou com uma inflamação no nariz, o início de um abcesso. Ela achou que era uma espinha e tentou espremer, mas as a inflamação aumentou e entrou na corrente sanguínea se instalando na coluna:

“Foi desesperador, uma dor imensa, procurei um hospital porque eu não sentia mais minhas pernas. A infecção se espalhou por cinco vértebras. Achei que ia morrer, tamanha a dor, nem morfina aliviava. Fui operada por uma equipe de médicos e o neurocirurgião salvou minha vida.”

A comerciante conta que depois da operação precisou usar um colete por seis meses. Depois de muita fisioterapia, conseguiu para recuperar os movimentos das pernas. “Aprendi a duras penas que não se pode espremer nenhuma espinha, deve-se lavar as mãos e desinfetar sempre com álcool em gel porque a bactéria está no corpo da gente e qualquer descuido pode entrar, principalmente pelo nariz”, relata.
Lilian Duarte voltou a andar, mas ficou com sequelas: “Sinto dormência e formigamento nos pés. Antes era do joelho para baixo, e agora diminuiu. Mas tem dias que nem sinto meus pés. Espero me recuperar totalmente.”
Sem pânico
Mesmo com a ocorrência de casos mais graves, não é necessário pânico dizem os médicos. Não há vacina que previna contra essa bactéria, mas medidas simples podem reduzir a possibilidade de entrada dela no organismo: lavar sempre as mãos, principalmente se houver machucados na pele, e a própria ferida com água e sabonete.
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