Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Novo medicamento em frasco único é esperança para tratamento do glaucoma

Amanda Milléo
27/02/2019 12:00
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Colírio está disponível em farmácias, mas ainda não foi incorporado ao SUS (Foto: Bigstock)

Um novo medicamento chega às farmácias brasileiras para ajudar no combate ao glaucoma, doença silenciosa que, sem tratamento, leva o paciente à uma cegueira irreversível. Trata-se de um colírio que mistura três substâncias medicamentosas — o primeiro e único do tipo — favorecendo o controle da pressão intraocular (principal sinal indicativo da doença).
Até então, o tratamento do glaucoma envolvia a aplicação de vários colírios, em diferentes momentos do dia, com um intervalo de tempo certo entre eles. A logística prejudicava a adesão ao tratamento de muitos pacientes, desde aquele que precisava organizar a agenda para o uso do remédio nos tempos certos até os pacientes mais velhos, especialmente os que precisavam de ajuda para a aplicação.
“Quando [o tratamento] passa a ter formulações combinadas, duas ou três drogas, facilita para o paciente. Esse lançamento é justamente nesse sentido. Quanto menos gostas a pessoa precisar usar, muito mais fácil de aderir”, explica Wilma Lelis, médica oftalmologista e presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma.

Embora ainda não tenha sido incorporado ao SUS, o colírio, cujo nome comercial é Triplenex, está disponível ao paciente ao custo máximo de R$ 180, por frasco. A duração de cada frasco é de um mês, em média. O produto foi lançado pelo laboratório Allergan e teve o registro aprovado pela Anvisa em outubro de 2018. 

O efeito do novo colírio, composto pelas substâncias bimatoprosta, tartarato de brimonidina e maleato de timolol, é o mesmo que os colírios em separado, garante a médica oftalmologista. “Essas medicações, quando lançadas, passam por estudos sobre eficácia e segurança. Além disso, já há outros colírios no mercado que combinam drogas, embora esse seja o primeiro com três substâncias”, reforça Lelis.

Indicação específica

Nem todos os pacientes diagnosticados com glaucoma poderão se beneficiar com o novo medicamento, explica João Guilherme Moraes, médico oftalmologista especialista em retina e parte da equipe da Oftalmo Curitiba Hospital da Visão, em Curitiba. 
“Os pacientes a que esse colírio é indicado são aqueles com glaucoma de ângulo aberto, que é o tipo mais comum de glaucoma. Cerca de 70 a 80% dos pacientes com a doença se encaixa nesse tipo. Um dos fatores de risco para o glaucoma de ângulo aberto é a afrodescendência”, alerta o médico.
Dos demais fatores de risco para o glaucoma, seja aberto ou fechado, estão:
Aumento na pressão intraocular. Sempre reforce com o médico oftalmologista a medição da pressão intraocular durante as consultas. Essa avaliação é feita através de dois aparelhos: ou aquele que gera um sopro no olho; ou um, mais novo, que mostra uma luz azul em direção ao olho.
Histórico familiar. Quem tem um parente de primeiro grau diagnosticado com glaucoma, terá um risco 6% a 10% maior de também desenvolver a doença.
Idade. Envelhecimento natural favorece o surgimento do glaucoma. Visite o médico oftalmologista uma vez ao ano, a partir dos 40 anos.
Diabetes. Além de favorecer o desenvolvimento do glaucoma, o diabetes também pode levar ao surgimento da retinopatia diabética. Pacientes que não têm o diabetes controlado estão em maior risco de complicações, que também podem levar à cegueira.
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