Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Novo repelente em barra dura mais e protege contra mosquito da dengue

Amanda Milléo
17/10/2019 08:00
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Repelente em barra, criado por brasileiros, promete proteção contra aedes, mas também contra outros insetos, como pernilongo comum Foto: Bigstock.

Em barra, tal qual um desodorante roll on, um novo repelente criado por pesquisadores brasileiros promete mais do que um jeito diferente de aplicação.
Em comparação aos repelentes encontrados em farmácias, tanto na versão em creme quanto em spray, o repelente em barra tem duração duas vezes maior na embalagem. Além disso, também protege contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue e chikungunya.
“Seria similar a um desodorante em bastão ou uma cola. A pessoa mexe no compartimento abaixo para que a barra se eleve e aplica na pele deslizando. Não suja as mãos e não usa uma quantidade excessiva. Não tem o mesmo inconveniente do creme ou da loção de aplicar mais do que precisa e não ter como devolver ao tubo”, explica Edmilson José Maria, professor doutor do Laboratório de Ciências Químicas da Universidade do Estado do Norte Fluminense (Uenf), onde a novidade foi desenvolvida.
Barrepel, o primeiro repelente em barra, criado por pesquisadores brasileiros Foto: Divulgação
Barrepel, o primeiro repelente em barra, criado por pesquisadores brasileiros Foto: Divulgação
Para chegar à eficácia do repelente, batizado de Barrepel, os pesquisadores avaliaram o uso do produto, em comparação aos demais repelentes no mercado, em um indivíduo-modelo. A pessoa avaliada tinha 1,72 m e 72 kg, e fazia uso do repelente duas vezes por dia, passando em braços e pernas — áreas descobertas do corpo.

“Usamos o mesmo padrão para não ter comprometimento do estudo. Vimos que o repelente em creme durou 14 dias, o aerossol, 12 dias, e a barra teve uma duração de 29 dias. Isso mostra que a relação custo/benefício para implementar uma política pública de distribuição do repelente em barra seria muito eficaz, e o custo seria reduzido, porque dura duas vezes mais que os produtos comerciais”, explica Edmilson.

Cinco horas na pele

Quando aplicado, o produto em barra tem um período de repelência de cinco horas, conforme o pesquisador. Em valores, o repelente em barra custa entre R$ 8 a R$ 10, cada um, e a capacidade de produção do laboratório é de 1,2 mil unidades por semana, de acordo com informações da FAPERJ.
“Todo repelente, apesar de ser classificado como um cosmético, deve ser dermatologicamente testado. O Barrepel mostrou que não causa nenhuma irritação e é hipoalergênico”, reforça o pesquisador.
O produto também não deixa um cheiro característico dos repelentes, visto que contém aromas e fragrâncias de repelentes naturais e sintéticos. Os naturais, conforme Edmilson, são capim-limão, citronela, cravo da Índia. O pesquisador garante ainda que o produto não deixa a pele grudenta e nem esbranquiçada.

Crianças menores de dois anos não devem usar o repelente em barra, ou qualquer outro, sem supervisão médica. A mesma orientação cabe às gestantes.

Contra Aedes, mas também contra o pernilongo

Durante os estudos do repelente, os pesquisadores perceberam que a proteção englobava uma variedade de insetos:

Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e chikungunya;

Culex, ou pernilongo normal, que ataca à noite;

Mosquito Maruim, mais conhecido como mosquito pólvora.

De acordo com dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, apenas até agosto de 2019 foram registrados 1,4 milhão casos de dengue no país. No Paraná, há quase 600 casos confirmados da doença desde julho até setembro deste ano, conforme dados da Secretaria Estadual de Saúde.

Disponível ao público?

Por enquanto, o repelente em barra não está disponível para comercialização, mas os criadores estimam que o produto possa ser adquirido a partir de 2020.
“Estamos finalizando os testes em laboratórios certificadores para entrar com pedido de licença de fabricação. O que mais almejamos é que esteja disponível ano que vem, como uma outra alternativa de proteção”, explica Edmilson.
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