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Em geral, a insulina é indicada principalmente aos diabéticos tipo 1, mas também pode entrar no tratamento de diabéticos tipo 2. (Foto: Bigstock)
Em geral, a insulina é indicada principalmente aos diabéticos tipo 1, mas também pode entrar no tratamento de diabéticos tipo 2. (Foto: Bigstock)| Foto:

Na tentativa de melhorar a vida dos pacientes diabéticos, pesquisadores holandeses desenvolveram uma nova abordagem que poderá, futuramente, livrá-los das injeções de insulina. Em geral, a insulina é indicada principalmente aos diabéticos tipo 1 — quando o pâncreas não produz o hormônio de forma suficiente –, mas também pode entrar no tratamento de diabéticos tipo 2.

Embora ainda esteja no início dos estudos, a ideia sugere estimular o crescimento de uma nova camada da mucosa do intestino delgado, para que novas células cresçam e consigam estabilizar os níveis de açúcar no sangue (principal dificuldade dos pacientes diabéticos). O procedimento é chamado, no meio médico, de Endoscopic Duodenal Mucosal Resurfacing (DMR), ou um recapeamento da mucosa do duodeno por meio de endoscopia.

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O estudo é voltado aos diabéticos do tipo 2, pacientes que desenvolveram uma resistência insulínica, mas cujo pâncreas ainda funciona e secreta o hormônio, mesmo que em menor quantidade do que a necessária.

Para que as novas células surjam, um tubo com um pequeno balão acoplado na ponta é inserido pela boca do paciente até o intestino delgado. Em seguida, o balão é inflado com água quente, que queima a mucosa pelo calor e favorece a formação de uma nova mucosa.

Dentro de duas semanas, a nova membrana surge e, conforme o estudo realizado com 50 pessoas em Amsterdã, os níveis de açúcar no sangue tendem a se estabilizar no dia seguinte ao procedimento. Alguns participantes tiveram ainda perda de peso, e os resultados positivos se mantiveram em 90% dos pacientes durante um ano.

O estudo provou, portanto, que há uma relação importante entre a microbiota do intestino e a insulina. Ao promover a mudança nas células que compõem a microbiota, geraria uma absorção diferente dos alimentos e promoveria a secreção dos hormônios que controlam a produção da insulina. 

Agora, os pesquisadores, liderados pelo holandes Jacques Bergman, buscam entender se esse é um tratamento permanente, ou que precisa ser repetido com o tempo. Da mesma forma, se é algo que pode ser repetido, sem danos à saúde. Para especialistas brasileiros, a ideia é boa, mas exige alguns questionamentos importantes.

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Não é a solução para diabetes

A cura do diabetes já foi proclamada várias vezes nos últimos anos. No entanto, tratavam-se apenas de novidades e avanços, que contribuíam para a qualidade de vida do diabético, sem necessariamente trazer a cura da doença. Portanto, a precaução é sempre válida, conforme explica Mauro Scharf, médico endocrinologista, fundador proprietário do Centro de Diabetes Curitiba.

“É um estudo muito prematuro, fico temerário com o sensacionalismo envolvendo diabetes. Já vi curarem o diabetes nas capas das revistas várias vezes. Como está bem no início, não se sabe ainda bem o que está certo e o que está errado. É preciso que o estudo seja repetido com um número maior de pacientes, acompanhados a longo prazo e ver se os resultados se replicam”, explica Scharf, que também é diretor médico da Unimed Laboratórios. 

Isso não significa, porém, que os resultados não possam ser celebrados, especialmente entre os endocrinologistas.

“O fato é que é um procedimento que causa muito pouco desconforto ao paciente, sem custo e sem necessidade de o paciente tomar medicações diárias. Nesse ponto é muito fascinante”, explica Rosângela Réa, médica endocrinologista do serviço de endocrinologista do Hospital das Clínicas, da Universidade Federal do Paraná (SEMPR/UFPR) e do hospital Pequeno Príncipe.

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